Pedro Geromel pode ser o capitão a levantar o Tri da América (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)
Se há um integrante do atual grupo do Grêmio a contar com moral irrestrita das arquibancadas, esse alguém é Pedro Geromel. O camisa 3 conquistou de tal modo os gremistas com seus botes precisos e suas antecipações providenciais, cabelo esvoaçante, a ponto de ostentar a faixa de capitão. Na Libertadores, tem a chance de consagrar a dinastia de zagueiros a levantar a taça. Líder pelo exemplo, mantém a “mente aberta” para aprender diariamente. E, após superar a semifinal, começa a mentalizar o Tri da América.
Adilson Batista foi o responsável por alçar a “Copa” aos ares em 95, último título da Libertadores para o Tricolor. Em 83, foi Hugo De León a colocá-la para cima - inclusive, apoiando-a na cabeça. Geromel pode ser o terceiro zagueiro a ser capitão em uma conquista da América. O “cargo” caiu quase no seu colo, após Maicon passar boa parte da temporada lesionado e Marcelo Oliveira perder espaço já em 2016 como sub-capitão. Observador dos detalhes, o defensor "pesca" coisas bons e ruins para manter o vestiário em ordem.
"Já vi muitos bons capitães, tento tirar o melhor de cada pessoa para ser o melhor possível. Tento manter minha mente aberta, estou ciente de que tenho muito a melhorar" (Geromel)
Um dia após a classificação, Geromel falou com exclusividade a RBS TV sobre a campanha que levou o Grêmio até a final, o fato de levar a faixa de capitão em um cenário que serve como metáfora ideal para o fim de ano perfeito: um dia feliz, tranquilo e com céu azul em Porto Alegre.
GloboEsportre.com – O Grêmio tem réplica da taça da Libertadores no seu museu. Você já teve contato com ela?
Pedro Geromel – Recentemente no aniversário do Grêmio, mês passado, a gente teve contato com elas, estava se familiarizando. Elas estavam lá expostas. É legal, espero poder levantar ela. Não tive a oportunidade de pegá-la, mas estou preparado.
De León e Adilson foram os capitães, também zagueiros...
Uma coincidência positiva, né. Não sou muito supersticioso, mas já que está aí, né, é uma coincidência boa. (risos)
Geromel diz que é "mente aberta" para liderar pelo exemplo (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)
Já teve algum contato com os zagueiros campeões, conversou com eles?
Não tive a oportunidade de conversar com o De León, sei quem é, já ouvi falar muito, tenho maior respeito por ele. O Adílson já. Mais do que falar, a atitude deles, que eles tiveram, fala por si. Tento me apegar a isso e os uso como exemplo.
Desde o ano passado, o elenco tem vários líderes, correto?
Ano passado a gente foi campeão desse jeito, dividindo as responsabilidades do vestiário. Mostra nossa força, nossa união, força do grupo. Cada um dá sua parcela de contribuição no trabalho diário. É um trabalho que já vem, uma sequência. Quando a gente se tornou campeão ano passado, perdemos um jogador, que foi o Walace, mas chegaram uma série de atletas para somar, o grupo se fortaleceu. Praticamente não teve baixa, os jogadores que vieram, chegaram com o intuito de ajudar. Isso culminou na boa fase que a gente vem tendo este ano, o bom futebol que temos demonstrado. Praticamente ficamos em segundo no Brasileiro inteiro, chegamos até a semifinal da Copa do Brasil, infelizmente, e estamos na final da Libertadores.
Qual o papel do Maicon, que hoje está fora?
Maicon é nosso capitão, temos um carinho enorme por ele. Está sempre presente, temos um carinho enorme por ele. Ajuda a gente, todo o dia ele dá sua contribuição. Os jogadores mais velhos, pela experiência que já viveram. O Marcelo Oliveira é muito experiente, já vivenciou muita coisa, tenho certeza que vai escrever um livro depois da carreira. Tem uma série de atletas, mesmo os que chegaram agora, como o Cícero e o Cristian, que nos ajudam também.
O Geromel tem que estilo de capitão?
As coisas boas são para serem copiadas e as ruins são exemplos negativos, de como não fazer. Já vi muitos bons capitães, tento tirar o melhor de cada pessoa para ser o melhor possível. Estou aprendendo diariamente. Aprendi muita coisa no jogo de ontem (quarta), semana passada, mês passado… Tento manter minha mente aberta, estou ciente de que tenho muito a melhorar, que não sei de tudo. E tive muitos exemplos de como não ser, vejo uma pessoa negativa, que acho que não deve ser deste jeito. Acho importante pegar exemplos positivos e negativos.
Geromel disse que na festa de aniversário do clube, pode ver a taça da Libertadores (Foto: Grêmio / DVG)
Você foi capitão no Colônia, na Alemanha. Como era?
Na Alemanha é um pouco diferente, tem mais peso, mais importância. Aqui não é uma coisa cultural tão forte. Lá você se torna capitão e toma decisões importantes para o clube, participa da administração do clube praticamente, os jogadores te respeitam, é uma hierarquia que aqui no Brasil não é tão normal. Eu não senti tanto quando cheguei. Não é tão distinto. Mas com certeza fez eu crescer muito como profissional.
Por que o Geromel é o capitão do Grêmio?
Tem que perguntar para o pessoal aí. Desde que cheguei, pelo meu profissionalismo, tento chegar cedo nos treinos, trabalhar e ajudar do melhor jeito possível. Não só com o meu futebol, mas com o meu jeito de ser e servindo de exemplo para os mais jovens. Desde quando estava no Grêmio, que o Felipão era o treinador, o Rhodolfo não jogava e eu era capitão. Foi acontecendo, de modo natural.
Na campanha da Libertadores, que momento marcou mais na conversa de vocês?
Acho que a gente fechou bastante quando fomos jogar com o Botafogo. Sabíamos da dificuldade do jogo. Foi muito difícil, a gente conversou dentro do campo, todo mundo falou o que sentiu e achava. A grande diferença do nosso grupo é a falta de vaidade. Posso falar com você, com ele, e todo mundo só está querendo ajudar, querendo melhorar, ser campeão. Só queremos que o Grêmio seja campeão, que o time vença.
Geromel ganhou espaço como capitão ainda em 2016 (Foto: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio)
E o papel do Renato nessa gerência?
Ele ajuda sempre os mais jovens, dá chance para todo mundo, todo mundo teve chance de jogar no nosso grupo, mais de uma vez. É um cara justo, que está sempre disposto a ajudar, e nós levamos muito em consideração.
A lesão recente foi o seu pior momento no Grêmio?
Lesão são coisas que acontecem, fiquei cinco jogos sem jogar, foi um mês. Estava feliz pelo sucesso do nosso time, o Bressan que entrou, jogou muito. O pior momento de longe foi quando cheguei, não tinha nem oportunidade e era criticado por vocês (jornalistas). Isso serviu de motivação e inspiração para provar que eu tinha condições de vestir a camisa do Grêmio.
Esse período de críticas, lá em 2014, como foi para você?
É normal, um jogador desconhecido no Brasil, chega em time grande, é normal ter desconfiança, tanto da imprensa quanto da torcida. Tem que esperar o momento e trabalhar. É legal servir de exemplo para os mais jovens, que trabalhei, não adianta ficar falando que isso e aquilo, que não ganha chance, e joga a culpa nos outros, em terceiros. Assim como tive exemplo do Zé Roberto, que não estava no time quando cheguei no Grêmio. Esperou o seu momento, chegou outro treinador e ele continuou jogando, foi para lateral, até com certa idade.
O que o Zé Roberto lhe ensinou?
Ele até tem dom da palavra, mas vejo o exemplo dele. Olho e tento pegar de experiência. Chego cedo, tento sempre uma hora antes, mas ele chegava sempre mais cedo, se preparando na academia. Não à toa está em altíssimo nível até hoje.
Geromel divide liderança com experientes, como Marcelo Oliveira e Edílson (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)
Quais exemplos você como capitão tenta passar?
Se sou capitão é pelo meu profissionalismo, de chegar mais cedo e ir embora mais tarde. Sei que preciso fazer algumas coisas extras para estar sempre bem. Se tenho alguma dor, fico tratando ao invés de ir embora. Isso alguns jogadores mais jovens têm dificuldade de assimilar. De ter alguma dor e ficar tratando. Quanto mais se treina, mais está preparado. Os jogadores ainda têm dificuldade de entender isso, os mais jovens claro.
Você ainda espera uma chance do Tite?
Tite é supercompetente e tem chamado jogadores de nível internacional. Eu sigo essa lógica, fico preparado e fazendo o melhor no Grêmio, foi assim que eu cheguei na Seleção. Não adianta ficar falando “ah, ele não me convoca por isso, por aquilo”. Fico preparado para se tiver uma oportunidade, corresponder à altura.
O Grêmio está na final da Libertadores. Já pensou em algo especial para levantar a taça?
Como eu disse, estava muito focado na semifinal, não adianta pensar na final se não havíamos passado ainda. Ainda não passou pela minha cabeça, mas agora estou começando a mentalizar e pensar em alguma coisa.
Você e o Kannemann se completam?
Kannemann é um jogador extraordinário, a entrega dele é fenomenal, contagia o time todo com a dedicação, com a raça, com a vontade que ele tem. Um ajuda o outro, como os outros jogadores, todos.
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Um dia após a classificação, Geromel falou com exclusividade a RBS TV sobre a campanha que levou o Grêmio até a final, o fato de levar a faixa de capitão em um cenário que serve como metáfora ideal para o fim de ano perfeito: um dia feliz, tranquilo e com céu azul em Porto Alegre.
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De León e Adilson foram os capitães, também zagueiros...
Uma coincidência positiva, né. Não sou muito supersticioso, mas já que está aí, né, é uma coincidência boa. (risos)
Geromel diz que é "mente aberta" para liderar pelo exemplo (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)
Já teve algum contato com os zagueiros campeões, conversou com eles?
Não tive a oportunidade de conversar com o De León, sei quem é, já ouvi falar muito, tenho maior respeito por ele. O Adílson já. Mais do que falar, a atitude deles, que eles tiveram, fala por si. Tento me apegar a isso e os uso como exemplo.
Desde o ano passado, o elenco tem vários líderes, correto?
Ano passado a gente foi campeão desse jeito, dividindo as responsabilidades do vestiário. Mostra nossa força, nossa união, força do grupo. Cada um dá sua parcela de contribuição no trabalho diário. É um trabalho que já vem, uma sequência. Quando a gente se tornou campeão ano passado, perdemos um jogador, que foi o Walace, mas chegaram uma série de atletas para somar, o grupo se fortaleceu. Praticamente não teve baixa, os jogadores que vieram, chegaram com o intuito de ajudar. Isso culminou na boa fase que a gente vem tendo este ano, o bom futebol que temos demonstrado. Praticamente ficamos em segundo no Brasileiro inteiro, chegamos até a semifinal da Copa do Brasil, infelizmente, e estamos na final da Libertadores.
Qual o papel do Maicon, que hoje está fora?
Maicon é nosso capitão, temos um carinho enorme por ele. Está sempre presente, temos um carinho enorme por ele. Ajuda a gente, todo o dia ele dá sua contribuição. Os jogadores mais velhos, pela experiência que já viveram. O Marcelo Oliveira é muito experiente, já vivenciou muita coisa, tenho certeza que vai escrever um livro depois da carreira. Tem uma série de atletas, mesmo os que chegaram agora, como o Cícero e o Cristian, que nos ajudam também.
O Geromel tem que estilo de capitão?
As coisas boas são para serem copiadas e as ruins são exemplos negativos, de como não fazer. Já vi muitos bons capitães, tento tirar o melhor de cada pessoa para ser o melhor possível. Estou aprendendo diariamente. Aprendi muita coisa no jogo de ontem (quarta), semana passada, mês passado… Tento manter minha mente aberta, estou ciente de que tenho muito a melhorar, que não sei de tudo. E tive muitos exemplos de como não ser, vejo uma pessoa negativa, que acho que não deve ser deste jeito. Acho importante pegar exemplos positivos e negativos.
Geromel disse que na festa de aniversário do clube, pode ver a taça da Libertadores (Foto: Grêmio / DVG)
Você foi capitão no Colônia, na Alemanha. Como era?
Na Alemanha é um pouco diferente, tem mais peso, mais importância. Aqui não é uma coisa cultural tão forte. Lá você se torna capitão e toma decisões importantes para o clube, participa da administração do clube praticamente, os jogadores te respeitam, é uma hierarquia que aqui no Brasil não é tão normal. Eu não senti tanto quando cheguei. Não é tão distinto. Mas com certeza fez eu crescer muito como profissional.
Por que o Geromel é o capitão do Grêmio?
Tem que perguntar para o pessoal aí. Desde que cheguei, pelo meu profissionalismo, tento chegar cedo nos treinos, trabalhar e ajudar do melhor jeito possível. Não só com o meu futebol, mas com o meu jeito de ser e servindo de exemplo para os mais jovens. Desde quando estava no Grêmio, que o Felipão era o treinador, o Rhodolfo não jogava e eu era capitão. Foi acontecendo, de modo natural.
Na campanha da Libertadores, que momento marcou mais na conversa de vocês?
Acho que a gente fechou bastante quando fomos jogar com o Botafogo. Sabíamos da dificuldade do jogo. Foi muito difícil, a gente conversou dentro do campo, todo mundo falou o que sentiu e achava. A grande diferença do nosso grupo é a falta de vaidade. Posso falar com você, com ele, e todo mundo só está querendo ajudar, querendo melhorar, ser campeão. Só queremos que o Grêmio seja campeão, que o time vença.
Geromel ganhou espaço como capitão ainda em 2016 (Foto: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio)
E o papel do Renato nessa gerência?
Ele ajuda sempre os mais jovens, dá chance para todo mundo, todo mundo teve chance de jogar no nosso grupo, mais de uma vez. É um cara justo, que está sempre disposto a ajudar, e nós levamos muito em consideração.
A lesão recente foi o seu pior momento no Grêmio?
Lesão são coisas que acontecem, fiquei cinco jogos sem jogar, foi um mês. Estava feliz pelo sucesso do nosso time, o Bressan que entrou, jogou muito. O pior momento de longe foi quando cheguei, não tinha nem oportunidade e era criticado por vocês (jornalistas). Isso serviu de motivação e inspiração para provar que eu tinha condições de vestir a camisa do Grêmio.
Esse período de críticas, lá em 2014, como foi para você?
É normal, um jogador desconhecido no Brasil, chega em time grande, é normal ter desconfiança, tanto da imprensa quanto da torcida. Tem que esperar o momento e trabalhar. É legal servir de exemplo para os mais jovens, que trabalhei, não adianta ficar falando que isso e aquilo, que não ganha chance, e joga a culpa nos outros, em terceiros. Assim como tive exemplo do Zé Roberto, que não estava no time quando cheguei no Grêmio. Esperou o seu momento, chegou outro treinador e ele continuou jogando, foi para lateral, até com certa idade.
O que o Zé Roberto lhe ensinou?
Ele até tem dom da palavra, mas vejo o exemplo dele. Olho e tento pegar de experiência. Chego cedo, tento sempre uma hora antes, mas ele chegava sempre mais cedo, se preparando na academia. Não à toa está em altíssimo nível até hoje.
Geromel divide liderança com experientes, como Marcelo Oliveira e Edílson (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)
Quais exemplos você como capitão tenta passar?
Se sou capitão é pelo meu profissionalismo, de chegar mais cedo e ir embora mais tarde. Sei que preciso fazer algumas coisas extras para estar sempre bem. Se tenho alguma dor, fico tratando ao invés de ir embora. Isso alguns jogadores mais jovens têm dificuldade de assimilar. De ter alguma dor e ficar tratando. Quanto mais se treina, mais está preparado. Os jogadores ainda têm dificuldade de entender isso, os mais jovens claro.
Você ainda espera uma chance do Tite?
Tite é supercompetente e tem chamado jogadores de nível internacional. Eu sigo essa lógica, fico preparado e fazendo o melhor no Grêmio, foi assim que eu cheguei na Seleção. Não adianta ficar falando “ah, ele não me convoca por isso, por aquilo”. Fico preparado para se tiver uma oportunidade, corresponder à altura.
O Grêmio está na final da Libertadores. Já pensou em algo especial para levantar a taça?
Como eu disse, estava muito focado na semifinal, não adianta pensar na final se não havíamos passado ainda. Ainda não passou pela minha cabeça, mas agora estou começando a mentalizar e pensar em alguma coisa.
Você e o Kannemann se completam?
Kannemann é um jogador extraordinário, a entrega dele é fenomenal, contagia o time todo com a dedicação, com a raça, com a vontade que ele tem. Um ajuda o outro, como os outros jogadores, todos.
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Comentários
Comentários (3)
Geromel, além de ser o melhor zagueiro jogando no Brasil, é muito humilde, talvez por isso é o capitão. Eu prefiro ele do que o Maicon.
Parabéns Geromito.
bela entrevista.geromel e canemann os melhores da america
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