Bater e ficar: jovens do Grêmio são lapidados para suprir saídas no ataque

A janela de transferências tirou Gastón Fernández, Miller Bolaños, Lincoln e Pedro Rocha do Grêmio. Todos jogadores com características do meio-campo para frente. Apesar do técnico Renato Gaúcho afirmar que o grupo está "aberto" para o restante da temporada, a direção sinalizou que não deve fazer contratações até o fim do encerramento das inscrições para o Brasileirão, na sexta-feira. Assim, jovens da base começam a ganhar espaço e ser lapidados para o profissional.



– Esses jogadores (de reposição) eu já tenho aqui no profissional. É o caso do Everton, do Arroyo, do Fernandinho. Agora, os garotos da base estão sendo lapidados. São jogadores que a gente dá oportunidade, depende deles. Mas a gente sempre procura lançar na hora certa. Estou apostando firme e forte neles. Pode ter certeza que ali na frente vão dar muita alegria à nossa torcida – afirmou Renato após a vitória sobre o Sport.

Internamente, o clube trata o termo "bater e ficar" para qualificar os garotos oriundos das camadas inferiores do clube que chegam ao time principal, se destacam e permanecem. Os exemplos mais recentes são Luan, Arthur, Jailson, Kaio, Machado, Rafael Thyere, Lincoln e Pedro Rocha – os dois últimos acabaram negociados.

Desde a passagem de Roger Machado pelo Grêmio, a ascensão de guris ganhou o estágio da "transição", equipe que trabalha junto com o profissional justamente para ambientar os jovens aos mais experientes e lapidá-los pouco a pouco.

"No elenco profissional têm excelentes jogadores que com certeza vão suprir a ausência do Pedro (Rocha). Pedimos para eles que tentem se vender para comprar um espaço ali. Então, a gente espera que pelo menos um possa ficar (no profissional)". (Felipe Endres, técnico da equipe de transição)

O exemplo de Lincoln é chave para o clube acreditar no método, mas por linhas tortas. Em 2015, então com 16 anos, subiu com Felipão diretamente da base ao elenco principal e, sem dar o retorno esperado, acabou emprestado à Turquia para ganhar a experiência que lhe faltou.

– A gente fica feliz pela evolução que estão tendo, mas também por essa integração no Grêmio: a base com a transição, a transição com o profissional. A integração, mais esse tipo de experiência, espero que possa fazer os meninos ficarem no profissional. Vão bater e ficar lá em cima – ressaltou o técnico do time de transição Felipe Endres após a derrota para o Cruzeiro na Primeira Liga, quando comandou o Grêmio com reservas.

No último sábado, Dionathã ganhou evidência. Aos 19 anos, o atacante marcou o primeiro gol dele no profissional na goleada por 5 a 0 sobre o Sport. Até o momento, entrou em três jogos, dois pelo Brasileirão e um pela Primeira Liga, e sequer soma 90 minutos em campo – ao todo, são 81. Comparado a Luan pelas características e porte físico, Patrick, 18 anos, já apareceu em cinco partidas, num total de 110 minutos. Segundo Endres, pode render mais como armador.

– O Patrick, tecnicamente, é muito habilidoso. Tem o "um contra um" muito bom. Acredito que rende melhor como meia do que como atacante. É um jogador de tomada de decisão muito rápida quando está sozinho – enumera o treinador.

Beto da Silva (E), Patrick (C) e Dionathã (abraçado por Edílson) entraram contra o Sport (Foto: Lucas Uebel / Grêmio / Divulgação)

Ao mesmo estilo de Pedro Rocha, há Dudu, 20 anos. Atuou apenas 31 minutos pela Primeira Liga, quando substituiu o volante Esperon para dar mais velocidade na transição ofensiva. Deve receber mais chances. Assim como Jean Pyerre, 19 anos, camisa 10 clássico que pode evoluir para ser uma espécie de substituto imediato de Douglas, quando estiver recuperado. Tem um jogo pelo Brasileirão e dois pela Primeira Liga, com 122 minutos.

– O Francesco (Barletta), coordenador da base, tem uma definição que acho muito legal sobre o Jean, que ele é um meio-campo. Se tem um meia que joga na frente dele, pode jogar como volante. Se tem um volante atrás dele, consegue jogar como meia. É um menino com uma visão de jogo incrível. Às vezes, você está olhando de fora e vê duas ou três opções. Ele acha quatro ou cinco – derrete-se Endres.



Há ainda outros que parecem ter perdido lugar na fila de Renato, mas não estão descartados. O centroavante Batista, de 22 anos, foi emprestado ao futebol português no início do ano, porém acabou devolvido. Teve a chance contra o Botafogo, pelo Brasileirão, e foi mal. Da mesma posição, Jadson, 19 anos, ainda não entrou em campo, apesar de ter ficado no banco em três oportunidades. Por fim, o peruano Beto da Silva, 20 anos, contratado para a equipe principal no começo de 2017, sofreu com as lesões e agora tenta mostrar seu futebol no time de transição.

– O Beto jogou conosco em cinco oportunidades (agora seis). Nunca jogou os 90 minutos, sempre com o objetivo de pegar ritmo. Aquilo que nos mostrou é de um jogador que dá sequência no lance. É vertical. Gosta também um pouco mais de ir para o “um contra um” – explicou o técnico da transição.

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