1Win

Michel rasga rótulo de aposta, se firma no Grêmio e encarna espírito em mata-matas

Volante encara sequência com Atlético-PR, pela Copa do Brasil, e Godoy Cruz, na Libertadores, e fala sobre relação no passado com Ronaldo, Romário e Ronaldinho Gaúcho


Fonte: Globo Esporte

Michel rasga rótulo de aposta, se firma no Grêmio e encarna espírito em mata-matas
Michel rasga rótulo de aposta e se firma no Grêmio (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)
Em menos de seis meses, Michel passou de uma aposta do Grêmio, especialmente do departamento de futebol, a realidade. Apesar do pouco cartaz, o volante se adonou do meio-campo do time, sem se importar com rótulos ou status, e hoje é titular sem contestações da equipe prestes a encarar duas decisões de mata-mata, contra o Atlético-PR, nesta quarta, na Arena, pela Copa do Brasil, e na próxima terça, contra o Godoy Cruz, pela Libertadores.



Michel chegou ao clube como campeão da Série B pelo Atlético-GO. Mas sem a badalação de reforços de peso como Lucas Barrios ou com a repercussão do veterano Léo Moura. Ganhou chances aos poucos, se firmou e hoje briga novamente por títulos nacionais, desta vez na Série A e na Copa do Brasil, e até mesmo internacionais, como a Libertadores.

Encontrou exemplos de superação desde cedo em sua trajetória. Começou nos mesmo campos de Romário, na Penha, comunidade no Rio de Janeiro. Depois, iniciou no São Cristóvão, berço de Ronaldo. E passou pelo Porto Alegre quando Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Assis, eram os donos do clube.

– Confesso que esperava um pouco mais de tempo (para deslanchar), pela adaptação e até mesmo confiança do Renato e diretoria. Querendo ou não, vim como aposta. A oportunidade apareceu e consegui mostrar em campo, ganhar a confiança do Renato, estar ajudando o Grêmio não só na marcação, ali, que é minha função, mas fazendo meus golzinhos de vez em quando. Mais importante é estar ajudando o Grêmio. É só alegria – disse Michel em papo com o GloboEsporte.com.

Como em uma mesa de pôquer, Michel foi o "all-in". E limpou as fichas com seu rendimento neste início no Tricolor. No ano, contabiliza quatro gols marcados, três deles no Brasileirão, e é o segundo da equipe em passes e desarmes certos, atrás de Arthur, conforme dados do Footstas.

Confira abaixo trechos da entrevista:

GloboEsporte.com – Há pouco tempo se falava que o Michel estava bem, mas que o Maicon iria voltar. Hoje dá para dizer que o Michel é titular sem ressalvas. Como está se sentindo com esse momento?

Michel – Era exatamente o que eu buscava. Confesso que esperava um pouco mais de tempo, pela adaptação e até mesmo confiança do Renato e diretoria. Querendo ou não, vim como aposta. A oportunidade apareceu e consegui mostrar em campo, ganhar a confiança do Renato, estar ajudando o Grêmio não só na marcação, ali, que é minha função, mas estar fazendo meus golzinhos que de vez em quando, que eu gosto de fazer. Mais importante é estar ajudando o Grêmio, é só alegria. Tenho muito que agradecer até mesmo ao Grêmio pela oportunidade e ter acreditado.

Algo o ajudou a ganhar a confiança do treinador antes até do esperado?

Em especial, acho que não teve nada, não. Acho que correspondi ao que ele estava esperando para cumprir a função do Maicon, na ausência dele. E consegui mostrar para ele, fazendo bons jogos, marcando forte sempre, e aparecendo na frente para ajudar na criação. Isso ele gosta, de jogador intenso, que está sempre participando. Acho que isso conquistou a confiança dele.

Antes da escalação com Maicon e Arthur, houve uma conversa com todos vocês?

O Renato é bem aberto com a gente. Essa situação quando o Maicon voltou e jogou, ele chamou nós três juntos e perguntou como a gente se sentiria bem, cada um em suas posições. Cada um optou por adiantar o Arthur, até ele falou que gostava de jogar adiantado, não tinha problema. E posicionou o Maicon ao meu lado. Assim a gente concordou. Não houve problema nesta parte tática, o Renato é bem ciente, sempre está pedindo a opinião de nós jogadores, que é muito importante também.

Essa abertura que o Renato dá, já tinha encontrado com outro técnico? É normal ou é um ponto que ele tem de diferente?

Acho que é diferente, não encontra muito isso não nos treinadores brasileiros. Gostam muito de fazer do seu jeito, é o comandante. E muitos não estão nem aí para a opinião do jogador, não sabe se o jogador está se sentindo bem jogando em tal posição. E o Renato tem esse ponto positivo. Na verdade, ele viveu esse lado jogador, sabe que o jogador tem que se sentir bem para render dentro de campo. Ele sabe e usa isso.

O Michel mudou muito desde a chegada ao Grêmio?
Acho que sou o mesmo, para mudar minha índole e caráter, fora de campo, é difícil, não vou mudar. Mas dentro de campo, só evoluindo ainda mais com a camisa do Grêmio. A visibilidade é muito maior, é diferente, pressão é muito maior. Estou conseguindo lidar e me sair bem.
Há algo que o ajuda a lidar com a pressão?

Já é do jogador. Mas a família ajuda muito. A minha esposa, estou sempre conversando com ela. Muitas das vezes fazia um jogo ruim, chegava em casa e tinha que conversar com ela. Sempre falando para ter calma, que acontece. O bom é que temos pouco tempo, dá para recuperar muito rápido. Dois dias já tem outro jogo para passar por cima do que passou.

Falando então do que passou. Como você vê essa disputa com o Corinthians, polarizada, com o terceiro e quarto ainda distantes? O jogo frustrou vocês?

Frustrou, com certeza, não. A gente até conversou hoje (terça) com o Renato, dá total apoio, tanto ele quanto a diretoria. Acho que é normal, isso iria acontecer, não existe time que vai ganhar tudo. Acho que aconteceu na hora certa. A gente está vivo, cara. São quatro pontos, estamos na briga ainda, tem muitos jogos para a gente e para eles ainda. Eles vão perder também. Temos que levantar a cabeça, o que passou, passou. Deixar o jogo para trás, pegar as coisas boas e consertar as ruins.

Você foi campeão da Série B ano passado e agora está envolvido na briga pela Série A.

Isso é bom, particularmente para mim é excelente. Jogador quer sempre disputar título, brigar por alguma coisa. Eu escolhi o Grêmio por causa disso, sabia que tinha camisa, elenco para brigar por qualquer um dos títulos que estamos brigando.

E vive uma sequência de decisões em Copa do Brasil e
Libertadores. Como é ter jogos desse peso pela frente?

Estamos sem tempo, até para recuperar. O Renato está sem tempo para trabalhar taticamente, mas não está encontrando problema quanto a isso. Encaramos todos os jogos como decisão. Os mata-matas principalmente, temos que focar, continuar nesta pegada, não deixar a peteca cair, pé no chão, humildade e união do grupo que a gente vai conseguir bons resultados.

Libertadores é diferente para os jogadores?

É, é diferente. O espírito de Libertadores, o vestiário, aquela concentração. Maior competição do continente, é onde dá vaga para o Mundial, onde o clube almeja chegar. Mas o espírito é diferente, uma concentração, a gente entra em campo pensando diferente na Libertadores. Mas não podemos pensar diferente na Copa do Brasil e levar para dentro de campo para cada jogo desse mata-mata.

Michel tem quatro gols no ano (Foto: Daniel Coelho/Agência PressDigital)

Como está encaixando a dupla com Arthur?

A gente está se entendendo muito bem, o entrosamento está vindo a cada jogo. O Renato dá essa liberdade, quando um vai outro tem que ficar para cobrir. E estamos fazendo em campo. Sempre que um vai o outro está cobrindo as costas do mesmo. Isso vai melhorar a cada jogo que jogarmos juntos, entrosamento, confiança, a gente vai se entendendo em campo e melhorando.

Qual o segredo para o Grêmio estar bem em três competições?

Segredo não tem. A união do grupo é um dos pontos fortes, e a qualidade do elenco é muito grande. Um jogador sai e outro entra e dá conta do recado. Um sai machucado, outro entra e o nível continua o mesmo. Está sendo o ponto do nosso time.

Quando houve o sorteio da Copa do Brasil, o Atlético-PR não estava em um bom momento. Hoje, vem de quatro vitórias seguidas, mudou um pouco. Como encara essa diferença?

Comparando as épocas, o time é o mesmo. Houve a troca de treinador, eles vêm de quatro vitórias seguidas. Naquela época que jogamos lá e ganhamos, poderia ser um espírito diferente. Hoje eles vêm embalado, a dificuldade pode ser maior. Mas a gente tem que estar preparado para isso, sabemos a qualidade de cada jogador que eles têm, para a gente sair com a vitória.

Contra a Chapecoense, você fez um golaço do meio-campo (reveja acima). Conta como foi os bastidores daquele gol no vestiário.

Na verdade muita gente me zoou. Até o Alexandre Mendes (auxiliar do Renato). É o que mais me zoa, até hoje. Me chama de juvenil, por ter falado a verdade. Mas acho que fiz o certo. Fui lançar, cruzar para o Ramiro, e acabou um golaço. Acho que ficou essa história de verdade ou mentira por eu ter tentado no Gauchão do meio-campo e a bola bateu na trave. Por isso ficou a imagem. É a zoação, faz parte.

E essa coincidência da vida de ter relação com o passado do Romário, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho?

Na verdade, o Romário, comecei no mesmo campo que ele começou, na Penha, no campo do Cintra, mas nunca tive contato com ele. Com o Ronaldo também não. No São Cristóvão me profissionalizei e comecei minha carreira profissional. O Ronaldinho Gaúcho foi no Porto Alegre, ele e o irmão dele eram representantes do clube. Tive uma passagem em 2011, tive oportunidade de jogar contra Grêmio e Inter, foi bem produtiva na minha carreira.

Quem você mais admira dos três?

O que mais admirei foi o Ronaldinho Gaúcho, que foi o único que tive contato, aquela vinda para o Brasil, ele passou no Porto Alegre, pudemos conversar com ele um tempinho. Foi o único que tive. Estava no auge da carreira, a habilidade dele é incontestável, era diferente. Era o tanto que admirava ele, Seleção, ele era ídolo.

O que dá para tirar de bom de cada um?

Muita coisa, principalmente o Ronaldo, pela persistência dele, depois da lesão. De se levantar, se reerguer, seguir em frente. Depois tentar de novo, aquela passagem no Corinthians, que me recordo mais recente, foi o que marcou. Aquele gol de cobertura que ele fez. Marcou bastante.

O que mais leva do campo da Penha, do campo de terrão?

A dificuldade já falei várias vezes, estar jogando em um clube que muitas vezes nem água para beber tinha, comida e alimentação nem se fala. A gente traz muita coisa dessa época difícil para a nossa carreira. Superação nos leva muito mais longe. O campinho de terra na Penha, onde o Romário começou, no São Cristóvão, onde Ronaldo iniciou. São coisas que levamos para essa vida, que nunca vamos esquecer, mas com certeza nos fortalece hoje.

Muita gente fala que o futebol brasileiro é grande por causa do futebol de rua. Acha que estamos perdendo aos poucos isso?

Faltando, até não. Trazemos muita malandragem da história de rua, de pelada, de várzea. O futebol hoje está se modernizando muito, querendo ou não essa parte de malandragem de antigamente está ficando de lado. Está andando, como se fala.
As tecnologias estão ajudando. Essa malandragem que a gente aprendia na rua antigamente, vai ficar de lado. Mas nunca vai sumir do futebol. Não perdemos a malandragem.

Dá para resgatar essa malandragem, que às vezes o Renato cita que é preciso ter nos jogos?

Dá para resgatar mais, essa malandragem tem que ter, é do futebol. Muitas vezes um jogador cava uma falta, é uma malandragem. O Neymar, por exemplo, faz muito isso. O jogador brasileiro já tem dentro de si, só falta resgatar mais.

VEJA TAMBÉM
- Grêmio usa helicóptero para levar mantimentos a 35 meninos da base, isolados no CT de Eldorado pelos alagamentos
- Renato mudar time do Grêmio contra o Criciúma
- Dodi valoriza empate do Grêmio e prevê jogo de volta com apoio da torcida





Comentários



Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Enviar Comentário

Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado e logado no nosso site. Para se cadastrar, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui.

Leia também

6/5/2024










5/5/2024