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Goleador e cidadão mundo afora, Barrios leva bagagem por tri da América

Em entrevista exclusiva, gringo lembra momentos de dificuldade no início da carreira, redução de salário para jogar no Grêmio e revela papo com Arce por futuro no Tricolor


Fonte: Globo Esporte

Goleador e cidadão mundo afora, Barrios leva bagagem por tri da América
A montoados em frente ao portão no Aeroporto Salgado Filho, uma multidão de gremistas aguardava seu tão esperado fazedor de gols, tarde da noite de sexta-feira, véspera do feriado de Carnaval. E logo Lucas Barrios despontou para imergir em atmosfera de carinho instantâneo, numa recepção ainda vívida em sua retina, quase dois meses depois. Tão viva quanto sua responsabilidade de empurrar a bola para as redes, principal atribuição de um centroavante já consagrado aos 32 anos e que aceitou abrir mão de 65% de seu salário para lutar pelo sonho do tri da América pelo Grêmio. A incumbência de ser decisivo, aliás, é uma constante na vida do argentino naturalizado paraguaio, que ganhou o planeta e se tornou "cidadão do mundo" conciliando a expectativa das torcidas com gols.

E como. Na Alemanha, Barrios chegou ao Borussia Dortmund com o cartaz de "goleador do mundo", em 2009. Foi bicampeão alemão com uma marca de 49 gols em pouco mais de 100 jogos. Muito, certo? Certo. Mas parece pouco perto dos 38 tentos que empilhou em uma só temporada pelo Colo Colo, no Chile, em 2008. O gringo aflorou seu faro "matador" em solo andino, mas a vivência entre os chilenos ainda formou o caráter do Lucas cidadão, que passou apertos dos bons, enquanto desviava de goteiras na casa humilde pelo pequeno Deportes Temuco, muito antes de deslanchar.

Das dificuldades às glórias, Barrios rodou ainda por México, Rússia, China e França, além da Argentina natal, antes de desembarcar no Palmeiras, em 2015. Sem mágoas ou ressentimentos dos tempos de Verdão, carrega uma bagagem de ao menos 10 anos em alto nível mundo a fora para servir de modelo aos mais novos no elenco gremista. E para corresponder em campo, com uma missão especial nesta quinta-feira, às 19h30, contra o Guaraní, no Defensores del Chaco, no Paraguai que escolheu defender, para honrar a mãe.

Entre preparativos para rumar a Assunção, Barrios recebeu a reportagem do GloboEsporte.com para uma "charla" no CT Luiz Carvalho após o treino desta terça-feira. Tomado de vontade de deslanchar pelo Grêmio, o paraguaio projeta mais minutos em campo para contribuir com mais do que os dois gols em cinco jogos até aqui – a maioria, egresso do banco. O atacante aceita, inclusive, atuar mais recuado, com mobilidade, para alimentar o sonho do Tri da América. Um desejo que persegue ao ouvir conselhos de Chiqui Arce, técnico da seleção do Paraguai e ídolo tanto de gremistas quanto de palmeirenses.

Barrios: Sim. Eu sempre fico contente de voltar ao Paraguai. Eu defendo sempre o país. Muito contente de voltar, de jogar a Libertadores por lá. Sei que muita gente vai me esperar. Tenho muitos amigos que me seguem no futebol. É o primeiro jogo no país que não seja pela seleção. Sempre jogo pelas Eliminatórias, agora vou jogar pela Libertadores contra o Guaraní. É especial, mas sei da responsabilidade de jogar no Grêmio. Vou desfrutar muito do jogo, mas muito focado na importância que tem esse jogo para já praticamente classificar. Faltam muitos jogos. Mas se ganhar lá, é muito provável a classificação, uns 50%.

Fazer um gol na Libertadores teria um gosto especial?

Eu gostaria de fazer sempre gols. Muitas vezes não acontece, pelas situações do jogo. Em Libertadores é sempre especial fazer gols. Eu já joguei várias Libertadores. Tive oportunidade de fazer vários gols. É lógico que é mais importante, é um campeonato internacional. Está todo mundo de olho. Mas gol é importante em todos os lados, no Gauchão, no Brasileiro, porque ajuda o time e ajuda você a seguir crescendo cada dia mais.

Lucas Barrios vibra com um de seus gols pelo Grêmio (Foto: Lucas Uebel / Grêmio, DVG)

O que você conhece do Guaraní? Tem algum colega de Seleção que você conhece?

Tenho dois, três colegas. O Camacho, que está comigo na Seleção. Eu tenho muitos conhecidos que jogam. Muitos jogaram no Guaraní e foram ao exterior. O Paraguai cresceu muito nos clubes. Tem conseguido chegar nas últimas fases da Libertadores. A gente tem que se preparar para saber que vai ser muito difícil. Eles são fortes lá, mas também sabem que vão jogar contra o Grêmio, que sabe o que é jogar a Libertadores.

Sua média de gols, se contarmos os minutos jogados, é de dois gols em pouco mais de três jogos. É um número bom?

Sim. A verdade é que quando se é atacante, você é cobrado. Em todos os lugares que joguei me cobraram por gol. É uma média boa. Eu estou tratando de ajudar o time e a cada dia, melhorar. Tomara que comece a ter uma sequência de jogos e consiga ajudar mais o time. Com mais minutos em campo, seguramente vai ser diferente. Vou ter mais situações de gol, mais tempo. O pouco tempo em que estou aqui, me sinto bem. A responsabilidade é grande. Minha expectativa é fazer gol e ajudar o time de algum jeito. Estamos trabalhando para isso.

Já está adaptado a Porto Alegre?

Graças a Deus, estou me adaptando bem, cada dia mais ao time, à cidade. Mas a gente está concentrando todos os dias, é muito difícil conhecer a cidade desse jeito. A gente tem um calendário muito difícil. À medida que passar o tempo, vou conhecer mais a cidade e vai ser bom para mim e para a família.

Você costuma entrar sempre no decorrer das partidas. Como você lida com essa situação? Acha que pode encaixar com Luan, Bolaños, Pedro Rocha e companhia?

Acho que sim. Eu não sou um cara que muitas vezes gosta de ficar fixo, eu sempre falo para os caras que podem jogar comigo, porque eu gosto. Eu me adapto a qualquer esquema. Eu não tenho problema. Jogava desse jeito no Palmeiras. Quando o treinador me toma desse jeito, seguramente a gente vai se entender, encaixar e vai dar certo. Tem grandes jogadores. E quando tem grandes jogadores, tem que ter oportunidade. E no momento em que tem oportunidade, aproveitar e depois se dá tudo certo, não larga mais a vaga.

A gente sabe que o Renato brinca que gosta de mostrar seus DVDs aos atletas. Ele faz esse tipo de brincadeira contigo?

Ele sempre está brincando. É um treinador que gosta de brincar nos momentos certos. A gente sabe disso. A gente leva na boa. O treinador sempre quer o melhor. Se você está bem, o time vai estar bem. Então, a gente faz um conjunto bom. Tomara que dê certo.

Já viu algum vídeo dele?

Ainda não. Sabe que não vi. Mas vi ele jogando. Vi alguns lances. Não vi muitos. Mas vi que gostava de driblar e chutar sempre.

Já vi vários gols dele. É. Tem que ver, né (risos)?
Você teve uma recepção muito boa, que sempre menciona. Teve esse carinho, mas também tem a responsabilidade, de ser o "fazedor de gols"...

Eu estou jogando futebol há muito tempo. Eu convivo com essa situação há 10 anos. Do momento em que fui do Colo Colo, como goleador do mundo, para a Europa, eu já tinha responsabilidade. Os primeiros meses em Dortmund foram muitos difíceis, pela adaptação. Dois, três meses. Depois vieram os gols, que aconteceram naturalmente. Então, aqui é a mesma coisa. Eu sei a responsabilidade que eu tenho no Grêmio. Eu tenho possibilidade de ajudar, de mostrar o futebol que mostrei em todos os países em que joguei. Tomara que dê certo, como deu em todos os países. Eu fiquei feliz como a torcida me recebeu no aeroporto. Também tenho a responsabilidade de devolver todo o carinho para eles.

Você abriu mão de boa parte de seu salário para jogar no Grêmio. É esse tipo de vontade que o torcedor pode esperar sempre de você em campo?

Tudo mundo sabe que a vontade minha de vir jogar aqui era grande. Por isso, estou aqui. Se fosse outro cara, poderia ter ficado no Palmeiras, cobrando meu salário, tranquilo. Não é essse jeito que eu gosto. Na China, quando fui para o Guangzhou, o melhor time da China, me falaram que tinha que ficar. Mas quando eu cheguei à China, o futebol não era profissional. Tinha que levar roupa para lavar em casa, eu fui embora. Porque eu gosto de futebol. É o que me faz feliz. Estar aqui no campo. Eu queria um time que briguasse por coisas importantes. Quando eu falei com o presidente, ele contou do esforço grande que o clube tinha que fazer, eu falei: "presidente, também vou fazer meu esforço". Todo mundo fez esforço. E todo mundo sabe que fiz para chegar aqui. Estou muito feliz da decisão. Quando estava no Palmeiras, sabia que o Grêmio era um time grande. Quando você está aqui, você sabe o quão maior que é.

Você acha que consegue repetir o desempenho do Barrios de outros anos?

Acho que vocês já conseguiram ver o que fiz aqui em pouco tempo. Todo mundo me conhece, a classe que eu sou. Nos times em que joguei, mostrei trabalho, a qualidade que trato de colocar a cada jogo. Às vezes, as coisas acontecem. Às vezes, não. No Palmeiras, os primeiros seis, sete meses foram muito bons para mim. Depois, tive a má sorte de me machucar, e o Gabriel Jesus ocupou minha vaga, foi bem. Aconteceram várias coisas, mas consegui coisas importantes no Brasil. A Copa do Brasil e o Brasileiro. Eu gosto de ir, onde passo, é bom sempre ganhar alguma coisa e deixar uma lembrança não só na parte desportiva, mas humana, de falar o idioma, de respeitar as pessoas do país. Espero e busco o nível dos outros times.

Qual foi o melhor Barrios, o do Colo Colo ou o do Borussia?

No Borussia foi muito bom o momento. Mas o Colo Colo foi o momento de explosão, para ir para a Europa. Eu fui goleador do mundo em 2008 quase fazendo um gol por jogo. É muito difícil repetir essas coisas. No Borussia, também tive uma média muito importante. Quase 100 jogos e 50 gols. Era difícil melhorar cada ano essas metas. Mas a cada ano, trato de melhorar. Às vezes acontece, às vezes, não. Depois fui para a China. Sempre lembrando as coisas boas e deixando uma lembrança em cada país.

E conseguiu fazer gol no Geromel na Alemanha?

No Colônia? Não fiz gol. Não fiz gol no Colônia. Mas joguei contra ele lá, e era jogo difícil. O Colônia era time bom, difícil de enfrentar. Eu acho que o Geromel sabia que o Borussia estava em um grande momento. Eu vivi os melhores momentos no Borussia nesses três anos. Foi muito boa a experiência na Alemanha.

O Arce, atual técnico do Paraguai, é ídolo do Grêmio e do Palmeiras. Ele lhe passou algum conselho?

Eu fui almoçar com o Arce quando eu estava no Palmeiras. Quando ele assumiu, ele foi a São Paulo. Ele me falou que eu ia voltar à seleção. Eu voltei. Ele está sempre em contato comigo.
Quando eu cheguei ao Grêmio, me mandou mensagens, me mandou parabéns. Disse que eu estava seguindo os passos dele, que jogou no Palmeiras e no Grêmio. Tomara que a gente consiga as coisas que ele conseguiu aqui.

Imagina para o Barrios jogar com os cruzamentos do Arce, que marcaram época aqui no Grêmio...

Eu tinha 11 anos quando ele jogava, mas sim. Conheço ele como jogador por tudo o que a gente vê dele no Grêmio, no Palmeiras e na Seleção. Falavam que ele cruzava muito bem. Nessa época anterior de Chiqui Arce na Seleção, ele cruzava par aa gente quando a gente treinava. Cruzava bem, mesmo (risos).

Tivemos um Brasil 3 a 0 Paraguai recentemente. Tem muita brincadeira contigo?

Quando tem um confronto, sempre há rivalidade. Mas quando está aqui, não consegue estar na Seleção. A gente brinca. No meu caso pessoal, eu sou parte da seleção. Sempre estou lá. Se eu não trocasse o Palmeiras pelo Grêmio, seria convocado, mas como tive um mês para fazer a correria da mudança, não fui para a seleção. Para mim, especialmente, fico como um torcedor. A brincadeira sempre é na boa. Contra o Gabriel Jesus, falei para ele que a gente vai se odiar na Seleção, vai ter briga. A gente brincava, mas nenhum dos dois conseguiu ir, porque os dois se machucaram.

Voltando a falar de sua experiência pelo mundo... Você consegue passar essa vivência aos atletas mais novos?

Sim. Eu sempre falo para os caras que o importante é você focar. Eu jogo em time grande já há 10 anos, quase. Mas os primeiros anos para mim foram muito difíceis. Eu tive que ir embora da Argentina, ir jogar em Temuco, no Sul do Chile. Era frio. Era difícil. Não tinha dinheiro. Não tínhamos dinheiro para treinar, treinávamos de camisa e não tinha blusa para vestir. Fome, não. Eu tinha família que na Argentina para manter e não pagavam em dia. É dificil quando você começa, tem que ir a outro país, sem a família, sozinho. Eu morava em um lugar, lembro sempre. No Chile chovia muito. E no teto, chovia e caía água. Na madrugada, tinha que mexer a cama, para que a água não chegasse em mim. Essas coisas, a gente não esquece. A gente sabe aonde chegou. Eu estou aqui, lógico que falo para os meninos que o Grêmio é um grande time, que aproveitem a oportunidade. Porque se você jogar bem aqui, vai ter oportunidade de se consagrar e ir para fora.

Você começou na Argentina, foi ao Chile, ao México... Onde você aprendeu a fazer tanto gol?

(Risos) Eu teria que fazer. Não tinha outro jeito. Fui para o Chile, a Temuco, voltei para a Argentina e queria jogar na Argentina, mostrar que podia jogar na Argentina. Era o país que nasci. Queria jogar lá. Voltei ao Chile, ao Norte, onde vamos jogar em Iquique, no Cobreloa. Fui ao México. Eu dei a volta pelo mundo. Viajei o mundo. Eu sou agradecido pelo futebol, que me fez conhecer muitas culturas. É importante os meninos olharem o que fez um jogador maior para conseguir os objetivos.

Lucas Barrios é ovacionado na chegada ao Grêmio (Foto: Lucas Uebel/Grêmio)

No Chile, chegaram a fazer um abaixo-assinado para você se naturalizar. Lembra como foi?

No Chile, os caras pediram para me nacionalizar, mas falei que no momento, estava esperando na Argentina. Falei, mas as coisas não deram certo. Ficou por aí, na imprensa. Nada concreto. Mas sempre agradeci ao povo chileno.

Você acompanhou a atitude do Rodrigo Caio. Você já tinha visto isso antes? O que acha?

Já havia acontecido na Alemanha em alguns casos, mas acho que está certo que seja legal assim o futebol. O futebol é muita malandragem, como se fala aqui. Mas essa situação, que o cara pegou o cartão, ele fez certo. Dá para ver o lance que Caio é quem chuta o goleiro. Então, atitude para ele é um exemplo. A gente não sabe o que pode fazer lá dentro. Está com muita adrenalina. Ele fez o certo. O futebol precisa dessas coisas, que são legais.

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Comentários



Eai pessoal viu eu tava olhando Saint ali fala que o grémio fechou a contratação do Éverton ribeiro, voces sabem alguma coisa a respeito de negócio .???????

Caramba esse cara só aparece aqui para criticar !!!!!

Craque, merece carinho e respeito. É humilde o que o coloca muito acima do Renato. Pena q o Renato não é treinador nem líder. Aí não dá, não vai ganhar a Libertadores. Nem que dessem todos os jogadores do mundo na mão dele ele não saberia comandar, escalar.

Muito blá blá blá nesta reportagem. I que é bom e devia já ter acontecido era o Barrios ser titular desde sua chegada. Mad i Renatinho é orgulhoso, autoritário, arrogante. Quer ser treinador e não é. Não quer aprender com a Europa, não quer evoluir. Deve eu acho valorizar mais a cachaçaria que o estudo e evolução. Demorou seu Renato. Agora é tarde. É além disso é uma questão cultural e de profissionalismo q Renato não tem. Um cara q considera Marcelo Oliveira e Pedro Rocha titulares, é insanidade, doença e ignorância do atual futebol mundial. O Real Madrid é Penta mundial. Será q o Grêmio tem condição de chegar lá ? Poderia encarar o Real ? Jamais. Renato se vc chegar às quartas de final há terá ido longe demais. Só não está pior pq o cachaceiro Douglas tá fora lesionado ! É milagre não acontece em futebol pq Deus é justo não se envolve com marginais e gente pecadora ! Portanto gremistas como já fui. Ligo a alegria de vocês , como sempre vai acabar cedo. Fui.

cara do bem...que tenha enorme sucesso em nosso Gremio

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