O assunto é o bom momento, plenamente adaptado à meia, pelo Grêmio, e Léo Moura desanda a sorrir. A conversa desenrola para a vida do carioca da Vila Kennedy em Porto Alegre, e o sorriso se mantém inalterado. Aliás, até aumenta ao falar da rotina de diversão com o pequeno Lucca, de menos de um ano. Não tem jeito. O riso rola solto para o veterano, que soterrou o "pé atrás" inicial da torcida pela sua contratação com gols, como o da vitória na estreia pela Libertadores. E que se identificou com o clube logo de cara. De forma tão instantânea e intensa, que já lhe desperta um novo sonho, aos 38 anos: encerrar a carreira pelo Tricolor.
Mas calma. O plano é de vida longa com a camisa do Grêmio, como a própria trajetória nos gramados e o orgulho com que Léo fala do presente indicam. O lateral atuou em 13 dos 18 jogos da equipe no ano – é o segundo mais frequente, atrás de Marcelo Oliveira e Ramiro, com 14 – com três tentos anotados. O número, por si só, espanta. Mas não se trata de quantidade. Moura estreou com derrota pelo time reserva, logo para o Flamengo, que defendeu durante uma década. No duelo seguinte, figurou na formação titular, pelo Gauchão. Está invicto desde então, inclusive, como peça-chave na mecânica de jogo de Renato Gaúcho.
Léo Moura recebeu a reportagem do GloboEsporte.com para uma entrevista após o treinamento desta sexta-feira, no CT Luiz Carvalho. Foram cerca de 20 minutos de bate papo conduzido com descontração plena, em que o veterano mostrou uma série de facetas. O Léo Moura latera/meia do Grêmio, o Léo Moura pai e até o Léo Moura empreendedor. Mas principalmente, o Léo Moura obstinado em ser campeão para semear um futuro – longevo – de glórias, já aos 38 anos, pelo Tricolor
Confira a entrevista com Léo Moura:
GloboEsporte.com: O Grêmio teve 18 jogos no ano, e você esteve em campo em 13. É o segundo que mais jogou no elenco. Como você se sente com essa sequência?
Léo Moura: Eu sempre fui um cara que quis jogar muito. Lógico que os jogos estão muito apertados, um em cima do outro, mas eu me preparo. Quando não estiver em condição de jogar em alto nível, vou ser o primeiro a falar. Mas eu sou fominha. A sequência é importante porque muita gente achou que eu não ia conseguir jogar em alto nível. Desde que entrei no time, no Gauchão, ainda não perdi. Estou invicto. É uma sequência especial sem perder. Tomara que continue.
Esse início de ano pelo Grêmio, como lateral e meia, lhe surpreende?
Vou ser sincero. Não é surpresa. Eu sei do meu potencial. Pode me surpreender pelos gols. Tinha tempo que não marcava gols assim. No Santa Cruz, eu fiz três distantes, não em jogo perto, em jogos decisivos. Mas esse momento que estou vivendo de jogar bem, de servir companheiros e marcar gols é diferente.
Essa boa fase já lhe faz pensar em um futuro mais longo no Grêmio?
Eu, por esse momento, já penso em encerrar a carreira no Grêmio. É um objetivo meu. Tenho na cabeça. É lógico que não depende só de mim. Uma parte, sim, depende, de fazer meu trabalho. Eu quero dar continuidade, porque o momento é especial.
Mas pensa em encerrar já em 2017?
Esse ano, não. Quero jogar mais uns três anos, aí. Eu quero jogar em alto nível. A partir do momento em que não conseguir jogar em alto nível, vou ser o primeiro a levantar a mão e dizer que não dá mais.
A sequência do ano apresenta uma série de jogos decisivos, já contra o Novo Hamburgo, pela semifinal do Gauchão. Como você está fisicamente para essa “maratona” de jogos?
Vai ser um momento desgastante. Tem que superar na vontade. São jogos importantíssimos num período curto. Se a gente conseguir abrir uma boa vantagem (no domingo), a gente vai ter tranquilidade para o segundo jogo. Vai ter jogo no meio da semana, os dois líderes do grupo (contra o Guaraní, fora, pela Libertadores). Vamos jogo a jogo. Esse jogo tem que dar tudo de mim domingo para viajar bem.
É importante chegar bem, até por seu sonho de ser campeão na Libertadores...
Eu penso muito nisso, em chegar à final da Libertadores, ser campeão, poder disputar o Mundial. É um sonho. Só vai depender do nosso grupo, do nosso comprometimento. Pelo jeito que o Grêmio está indo, estamos no caminho certo.
Na terça-feira, o Renato falou do “nana neném” na vitória sobre o Iquique. Deu para dormir depois do jogo?
Quando o jogo é muito tarde é difícil. Você fica pensando no jogo, no que poderia ter feito de diferente, o que não poderia ter errado. Esse jogo, a gente deu uma vacildada. Era para ter matado o quanto antes. Mas serviu de lição. Não pode acontecer mais. Tivemos esse soninho no Gre-Nal e na Libertadores novamente. O Renato deu puxão de orelha. Mas a gente falou no vestiário. Mesmo tendo dado essa bobeira, era a vitória que a gente precisava.
A gente sabe que o Renato deu o “puxão de orelha”, mas sua mulher também é bastante participativa. Teve puxão de orelha em casa?
No carro, ela já falou depois do jogo. Disse: “Vocês deram mole, dormiram no jogo”. Acontece. Mas não vai acontecer. Ela cobra. Quando chega em casa, fala que poderia ter feito isso, aquilo. Tem sempre cobrança. Ela já entende mais, está sempre no estádio comigo. O treinador cobra, o torcedor cobra, mas em casa tem mais cobrança.
Você já se sente em casa em Porto Alegre, até por ter a família por perto?
Estou em casa. A família está adaptada. Isso me dá tranquilidade para trabalhar. Tem dado certo. Estou vivendo um bom momento no Grêmio. Estou muito feliz.
Você é pai de duas meninas (Isabella e Maria Eduarda) e do Luca, que é o mais novo, ainda bebê. O que ele representa para você?
A história do Luca é engraçda. Ele foi feito na Índia, nasceu em Pernambuco e está no Rio Grande do Sul. Representa muito para mim, minha esposa e minhas filhas. É alegria. Gosta de assistir ao jogo, fica ligado quando o papai faz golzinho para ele. Eu já estou colocando para gostar de bola. Eu chego em casa e não desgrudo. A gente brinca direto. Procuro sempre estar com eles, para no futuro eu não dizer que poderia ter brincado mais. Procuro gastar meu tempo com ele, com a Isabella e com a Duda, que está no Rio.
E como está a vida em Porto Alegre?
Está muito tranquilo. Quero agradecer aos torcedores. Alguns deixam mensagem falando que “quando você veio, fiquei com pé atrás”. “Você está queimando minha língua”. Eu sempre falei que queria dar resposta em campo. Esse retorno é muito importante. A cidade é tranquila. A família está adaptada.
O que gosta de fazer na cidade?
Eu gosto de ir ao shopping, de sair para jantar. Sou um carioca que não gosta de ir para a praia. Procuro ficar com a família. A gente foi ao Parque Germânia, brincou. Sempre procuramos fazer algo diferente.
Você tem um lado empreendedor que nem todo mundo conhece.
É um lado que pude ano passado começar a entrar nesse ramo de tapioca, no Rio. As coisas estão caminhando bem. O futuro vai dar muito certo. Hoje, todo mundo é geração fit. A tapioca tem substituído alimentos e tem crescido bastante no mercado. Estou atento ao mercado e gosto de empreender tambem.
Até porque você, como atleta, também tem bastante desse lado fit...
Eu tenho uma esposa que é totalmente fit. Eu enjoo de tapioca só em olhar. É toda hora, todo dia. Eu tinha que entrar nesse ramo para de alguma forma parar de comprar. Estava dando muito desfalque (risos). Entrei no ramo para ter em casa tranquilo.
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Léo Moura recebeu a reportagem do GloboEsporte.com para uma entrevista após o treinamento desta sexta-feira, no CT Luiz Carvalho. Foram cerca de 20 minutos de bate papo conduzido com descontração plena, em que o veterano mostrou uma série de facetas. O Léo Moura latera/meia do Grêmio, o Léo Moura pai e até o Léo Moura empreendedor. Mas principalmente, o Léo Moura obstinado em ser campeão para semear um futuro – longevo – de glórias, já aos 38 anos, pelo Tricolor
Confira a entrevista com Léo Moura:
GloboEsporte.com: O Grêmio teve 18 jogos no ano, e você esteve em campo em 13. É o segundo que mais jogou no elenco. Como você se sente com essa sequência?
Léo Moura: Eu sempre fui um cara que quis jogar muito. Lógico que os jogos estão muito apertados, um em cima do outro, mas eu me preparo. Quando não estiver em condição de jogar em alto nível, vou ser o primeiro a falar. Mas eu sou fominha. A sequência é importante porque muita gente achou que eu não ia conseguir jogar em alto nível. Desde que entrei no time, no Gauchão, ainda não perdi. Estou invicto. É uma sequência especial sem perder. Tomara que continue.
Esse início de ano pelo Grêmio, como lateral e meia, lhe surpreende?
Vou ser sincero. Não é surpresa. Eu sei do meu potencial. Pode me surpreender pelos gols. Tinha tempo que não marcava gols assim. No Santa Cruz, eu fiz três distantes, não em jogo perto, em jogos decisivos. Mas esse momento que estou vivendo de jogar bem, de servir companheiros e marcar gols é diferente.
Essa boa fase já lhe faz pensar em um futuro mais longo no Grêmio?
Eu, por esse momento, já penso em encerrar a carreira no Grêmio. É um objetivo meu. Tenho na cabeça. É lógico que não depende só de mim. Uma parte, sim, depende, de fazer meu trabalho. Eu quero dar continuidade, porque o momento é especial.
Mas pensa em encerrar já em 2017?
Esse ano, não. Quero jogar mais uns três anos, aí. Eu quero jogar em alto nível. A partir do momento em que não conseguir jogar em alto nível, vou ser o primeiro a levantar a mão e dizer que não dá mais.
A sequência do ano apresenta uma série de jogos decisivos, já contra o Novo Hamburgo, pela semifinal do Gauchão. Como você está fisicamente para essa “maratona” de jogos?
Vai ser um momento desgastante. Tem que superar na vontade. São jogos importantíssimos num período curto. Se a gente conseguir abrir uma boa vantagem (no domingo), a gente vai ter tranquilidade para o segundo jogo. Vai ter jogo no meio da semana, os dois líderes do grupo (contra o Guaraní, fora, pela Libertadores). Vamos jogo a jogo. Esse jogo tem que dar tudo de mim domingo para viajar bem.
É importante chegar bem, até por seu sonho de ser campeão na Libertadores...
Eu penso muito nisso, em chegar à final da Libertadores, ser campeão, poder disputar o Mundial. É um sonho. Só vai depender do nosso grupo, do nosso comprometimento. Pelo jeito que o Grêmio está indo, estamos no caminho certo.
Na terça-feira, o Renato falou do “nana neném” na vitória sobre o Iquique. Deu para dormir depois do jogo?
Quando o jogo é muito tarde é difícil. Você fica pensando no jogo, no que poderia ter feito de diferente, o que não poderia ter errado. Esse jogo, a gente deu uma vacildada. Era para ter matado o quanto antes. Mas serviu de lição. Não pode acontecer mais. Tivemos esse soninho no Gre-Nal e na Libertadores novamente. O Renato deu puxão de orelha. Mas a gente falou no vestiário. Mesmo tendo dado essa bobeira, era a vitória que a gente precisava.
A gente sabe que o Renato deu o “puxão de orelha”, mas sua mulher também é bastante participativa. Teve puxão de orelha em casa?
No carro, ela já falou depois do jogo. Disse: “Vocês deram mole, dormiram no jogo”. Acontece. Mas não vai acontecer. Ela cobra. Quando chega em casa, fala que poderia ter feito isso, aquilo. Tem sempre cobrança. Ela já entende mais, está sempre no estádio comigo. O treinador cobra, o torcedor cobra, mas em casa tem mais cobrança.
Você já se sente em casa em Porto Alegre, até por ter a família por perto?
Estou em casa. A família está adaptada. Isso me dá tranquilidade para trabalhar. Tem dado certo. Estou vivendo um bom momento no Grêmio. Estou muito feliz.
Você é pai de duas meninas (Isabella e Maria Eduarda) e do Luca, que é o mais novo, ainda bebê. O que ele representa para você?
A história do Luca é engraçda. Ele foi feito na Índia, nasceu em Pernambuco e está no Rio Grande do Sul. Representa muito para mim, minha esposa e minhas filhas. É alegria. Gosta de assistir ao jogo, fica ligado quando o papai faz golzinho para ele. Eu já estou colocando para gostar de bola. Eu chego em casa e não desgrudo. A gente brinca direto. Procuro sempre estar com eles, para no futuro eu não dizer que poderia ter brincado mais. Procuro gastar meu tempo com ele, com a Isabella e com a Duda, que está no Rio.
E como está a vida em Porto Alegre?
Está muito tranquilo. Quero agradecer aos torcedores. Alguns deixam mensagem falando que “quando você veio, fiquei com pé atrás”. “Você está queimando minha língua”. Eu sempre falei que queria dar resposta em campo. Esse retorno é muito importante. A cidade é tranquila. A família está adaptada.
O que gosta de fazer na cidade?
Eu gosto de ir ao shopping, de sair para jantar. Sou um carioca que não gosta de ir para a praia. Procuro ficar com a família. A gente foi ao Parque Germânia, brincou. Sempre procuramos fazer algo diferente.
Você tem um lado empreendedor que nem todo mundo conhece.
É um lado que pude ano passado começar a entrar nesse ramo de tapioca, no Rio. As coisas estão caminhando bem. O futuro vai dar muito certo. Hoje, todo mundo é geração fit. A tapioca tem substituído alimentos e tem crescido bastante no mercado. Estou atento ao mercado e gosto de empreender tambem.
Até porque você, como atleta, também tem bastante desse lado fit...
Eu tenho uma esposa que é totalmente fit. Eu enjoo de tapioca só em olhar. É toda hora, todo dia. Eu tinha que entrar nesse ramo para de alguma forma parar de comprar. Estava dando muito desfalque (risos). Entrei no ramo para ter em casa tranquilo.
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