Mais intenso, Miller encaixa no ataque do Grêmio em 1º teste sem Douglas

Miller Bolaños desembarca na Arena e logo encara as perguntas dos repórteres, sem se furtar de nenhuma resposta. Chega até a exibir a taça da Copa do Brasil tatuada no braço direito, em alusão à conquista de dezembro passado. A atitude e a homenagem servem de símbolo para um gringo que superou a timidez para se enturmar de vez no Grêmio. E que pôs à prova sua adaptação com uma boa atuação no domingo como substituto de Douglas, na vitória por 1 a 0 sobre o Passo Fundo, pela terceira rodada do Gauchão.

O equatoriano foi o escolhido por Renato Gaúcho para suprir a ausência do camisa 10 – desfalque por até seis meses após romper os ligamentos do joelho esquerdo – e aprovou no "primeiro teste" da temporada com a equipe titular. Escalado como meia centralizado, sua posição favorita, no 4-2-3-1, o equatoriano rendeu dentro do esperado e cumpriu uma ordem especial, pedido recorrente do comandante: ser mais intenso.

Tal valência fica explícita na movimentação constante entre ele, Everton, Ramiro e Luan. No jogo de domingo, o Tricolor deparou com um Passo Fundo fechado no 5-3-2. E dependeu muito do entrosamento do quarteto, que alternou bastante de posição ao longo da partida para abrir espaço na defesa dos rivais (veja um exemplo nas imagens abaixo), e do apoio de seus laterais. O gol de Ramiro, por exemplo, surge destes dois fatores: Everton recebeu na esquerda de Marcelo Oliveira, e o volante figurou como elemento surpresa dentro da área.
– Ele (Bolãnos) esteve muito bem. Se movimentou, criou. Tecnicamente, é muito bom. Finaliza bem. É inteligente. Peço a ele que procure brigar mais pela posse de bola. Ele fez isso. Está entendendo. É preciso ajudar na marcação. Ele está se esforçando. Gostei dele. Outro Douglas nós não encontraremos. Todo treinador gosta de um jogador assim – avalia Renato Gaúcho.




Setor ofensivo do Grêmio manteve mobilidade com Bolaños (Foto: Eduardo Deconto/GloboEsporte.com)

De fato, Miller cumpriu, taticamente, as mesmas funções de Douglas. A exemplo do camisa 10, o equatoriano permaneceu mais adiantado quando a equipe não detinha a bola e procurou transitar por todo o setor ofensivo para tentar dar vazão às jogadas de ataque. Aí, inclusive, recai uma diferença entre o gringo e o titular costumeiro.
Com a bola nos pés, Douglas costuma procurar a "pifada", o passe vertical para quebrar a marcação adversária e – preferencialmente – deixar os companheiros na cara do gol. Bolaños, por sua vez, usou bastante do drible para confundir a linha defensiva rival e encontrar companheiros livres, como aos 24 minutos do segundo tempo, quando serviu Fernandinho já dentro da área, mas o companheiro perdeu o gol.

– Gosto de jogar de meio, tenho a liberdade de me mover em todo o campo. Fico contente de poder ganhar – disse Bolaños, rapidamente, após a partida.

Participativo dentro de campo, o gringo ganhou o elogio dos parceiros, inclusive pelo comportamento no vestiário, "mais solto" nas brincadeiras. O goleiro Marcelo Grohe enalteceu a nova característica do time "mais móvel" com a velocidade de Everton, Luan e do equatoriano.
– A característica muda. Apesar de que o Douglas se movimenta bastante, ele é mais do passe refinado, de achar os jogadores. O Miller tem isso (a velocidade). Muda a característica. É mais móvel. Ele está muito solto com a gente. É bacana. Ano passado, estava muito tímido, na dele. Agora já está gastando o português. Está partindo dele. Ele entendeu que precisa ter esse convívio. A gente brincou com ele bastante (pela tatuagem). É outro dentro do vestiário. A gente ganha e ele também – ressaltou o arqueiro.
Após a vitória sobre o Passo Fundo, o Grêmio dormiu na liderança do Gauchão, com seis pontos somados. O elenco gremista está de folga nesta segunda-feira e se reapresenta na terça para iniciar os preparativos para o duelo contra o São José, na Arena, pela 4ª rodada do Gauchão.

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