Foto: Ronaldo Bernardi/Agencia RBS
Miller Bolaños retornou. Apenas 32 dias depois de ter a mandíbula fraturada em dois lugares pelo cotovelo de William, o atacante voltou a calçar seu par de chuteiras verde limão. Com todos os cuidados necessários para evitar novos traumas no local operado, o equatoriano pisou no gramado do CT Luiz Carvalho para treinar com o grupo de transição, enquanto Roger e Cia. se preparam no Equador para a partida contra a LDU.
Na última quinta-feira, trabalhou no campo pela primeira vez. Correu e deu alguns toque na bola. Na sexta-feira, aumentou um pouco mais sua carga de atividades. De colete branco, para evidenciar seu status de "intocável", o atacante participou normalmente de um trabalho técnico. Pediu a bola, driblou e chutou com a mesma desenvoltura dos seus primeiros dias de clube. Em sua primeira queda, após pisar na bola, todos os olhares da comissão técnica e do departamento médico se voltaram para suas reações. Bolaños sorriu, levantou e seguiu adiante.
Sem ritmo, sentiu o cansaço durante a atividade. Puxava o colete até o rosto para secar o suor e tentar recuperar o fôlego. Observado pelo médico Márcio Dornelles e o restante da comissão técnica, Bolaños causava apreensão a cada disputa de bola.
Por enquanto, mesmo com o retorno aos treinos com bola, nada de mastigar alimentos sólidos. Os pratos servidos para Bolaños são todos saídos do liquidificador. Não são poucos, é verdade. O equatoriano faz sete refeições diárias, cinco delas no CT Luiz Carvalho. Chega uma hora antes do treino, para o café da manhã, e sai de lá no cair da tarde, depois do lanche. Algumas vezes, leva na bolsa uma quentinha, feita na cozinha do clube. Se o Grêmio cuida com esmero do cardápio do equatoriano, cabe à mulher Mayumi e aos filhos Miller D'Alessandro, dois anos, e Michela, cinco, darem o carinho necessário para ele recuperar-se da fratura no maxilar sofrida no Gre-Nal, em cotovelada de William.
Como parte da recuperação, a dieta de Miller Bolaños foi adaptada. Primeiro, após receber alta do hospital, três dias somente ingerindo líquidos. E só de canudinho para evitar qualquer movimentação da mandíbula.
Após superar a primeira etapa, o cardápio passou a contar com alimentos pastosos em função das dificuldades de mastigar. E com mais dois cuidados: nenhum alimento quente pode ser consumido, sob risco de causar inchaço, e também opções sem lactose para evitar os enjoos. Tantas restrições tiveram um peso, literalmente, para Bolaños: quatro quilos a menos. Antes da lesão, pesava cerca de 68 quilos. Agora, já recuperou o índice.
Enquanto os jogadores em ritmo de competição têm sua dieta oscilando entre 3 mil e 3,5 mil calorias diárias, Miller Bolaños está ingerindo cerca de 2 mil. Com suplementação específica para auxiliar na manutenção do peso, o ponto mais delicado da dieta é equilibrar o gasto calórico dos treinos leves com a necessidade de recuperar a massa muscular perdida com o período afastado dos gramados.
Uma porção de arroz, feijão, frango e ovo, tudo devidamente batido no liquidificador, é o prato mais comum servido para Bolaños no almoço e janta. Cafés da manhã e os lanches da tarde costuma ser com vitaminas de frutas, sucos, iogurtes e suplementos vitamínicos. Segundo Katiuce Borges, nutricionista do Grêmio, o paciente está com um comportamento exemplar para atender a todas as orientações, mesmo com as dificuldades já esperadas.
— Ele sente vontade de comer, muita fome — disse.
É do arroz e feijão que Bolaños tira suas forças para aguentar a longa rotina de recuperação. O equatoriano sempre pede à cozinheira do clube para incluir no almoço o tradicional prato brasileiro. Com a alimentação mais reforçada, o jogador foi liberado para começar atividades físicas.
A volta à convivência no vestiário é mais um elemento positivo na recuperação. Os companheiros garantem que o novato se mantém brincalhão, mesmo com a dificuldade maior de fala em razão da lesão.
— Estamos iniciando um processo de treinamento. Conversamos muito com o departamento médico, seguindo orientações e avançando em cima da evolução da lesão — explica o preparador físico Rogério Dias.
Mesmo com os sinais positivos, Rogério conduz os primeiros treinos mais voltados ao futebol com o máximo de cautela:
— Temos de ter muito cuidado. A parte de resistência muscular estamos adiantando, mas para dar potência e velocidade máxima é preciso esperar a liberação médica. Daí, avançaremos na carga.
A melhora dá esperanças de que o atacante esteja em campo ainda na fase de grupos da Libertadores. Se mantiver a evolução dos últimos dias, sua participação contra o Toluca, dia 19, é apontada como possível. A recuperação agrada tanto que o clube já descartou a hipótese de adotar alguma máscara de proteção do local em seus primeiros jogos.
Depois de recuperado da fratura, Bolaños seguirá tratando uma outra herança da lesão. Alguns dos dentes foram afetados pela pancada. O dentista de Bolaños não descarta a necessidade de uso de um aparelho ortodôntico para corrigir o problema.
Com a parte física da recuperação bem encaminhada, a questão psicológica também é avaliada. Durante o período de repouso, deitado na cama do hospital, Miller Bolaños viu e reviu as imagens da sua lesão. Aos amigos que o visitaram, repetia, desolado, sua avaliação sobre cotovelada:
— Com três minutos de jogo, não dá para aceitar — reclamou.
A fisionomia tranquila de Bolaños só se alterava nos dias de repouso ao ouvir o nome do lateral colorado. Bolaños franzia a testa e se calava por alguns minutos. Segundo a mãe, Leila, ele perdoou William no dia seguinte à cirurgia. Os amigos negam, garantem que o lance ainda ferve incomoda o equatoriano. Dona Leila viu pela tevê a lesão do filho. Assim como todos que assistiam ao jogo, não percebeu a gravidade. Quando soube que ao invés de voltar para o segundo tempo o filho estava se dirigindo ao hospital, bateu o desespero. Hipertensa, teve um crise de pressão alta e precisou ser acudida pelos familiares.
A fisionomia tranquila de Bolaños só se alterava nos dias de repouso ao ouvir o nome do lateral colorado. Bolaños franzia a testa e se calava por alguns minutos. Segundo a mãe, Leila, ele perdoou William no dia seguinte à cirurgia. Os amigos negam, garantem que o lance ainda incomoda o equatoriano. Dona Leila viu pela tevê a lesão do filho. Assim como todos que assistiam ao jogo, não percebeu a gravidade. Quando soube que ao invés de voltar para o segundo tempo o filho estava se dirigindo ao hospital, bateu o desespero. Hipertensa, teve um crise de pressão alta.
Mesmo com todos os sinais positivos de evolução no quadro de Miller Bolaños, o departamento médico manterá por, pelo menos, mais uma semana a dieta pastosa. A carga dos treinamentos também será progressiva, respeitando qualquer risco de impactos desnecessários.
Tudo para manter a esperança de contar com o retorno do atacante a tempo para a partida contra o Toluca.
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Na última quinta-feira, trabalhou no campo pela primeira vez. Correu e deu alguns toque na bola. Na sexta-feira, aumentou um pouco mais sua carga de atividades. De colete branco, para evidenciar seu status de "intocável", o atacante participou normalmente de um trabalho técnico. Pediu a bola, driblou e chutou com a mesma desenvoltura dos seus primeiros dias de clube. Em sua primeira queda, após pisar na bola, todos os olhares da comissão técnica e do departamento médico se voltaram para suas reações. Bolaños sorriu, levantou e seguiu adiante.
Sem ritmo, sentiu o cansaço durante a atividade. Puxava o colete até o rosto para secar o suor e tentar recuperar o fôlego. Observado pelo médico Márcio Dornelles e o restante da comissão técnica, Bolaños causava apreensão a cada disputa de bola.
Por enquanto, mesmo com o retorno aos treinos com bola, nada de mastigar alimentos sólidos. Os pratos servidos para Bolaños são todos saídos do liquidificador. Não são poucos, é verdade. O equatoriano faz sete refeições diárias, cinco delas no CT Luiz Carvalho. Chega uma hora antes do treino, para o café da manhã, e sai de lá no cair da tarde, depois do lanche. Algumas vezes, leva na bolsa uma quentinha, feita na cozinha do clube. Se o Grêmio cuida com esmero do cardápio do equatoriano, cabe à mulher Mayumi e aos filhos Miller D'Alessandro, dois anos, e Michela, cinco, darem o carinho necessário para ele recuperar-se da fratura no maxilar sofrida no Gre-Nal, em cotovelada de William.
Como parte da recuperação, a dieta de Miller Bolaños foi adaptada. Primeiro, após receber alta do hospital, três dias somente ingerindo líquidos. E só de canudinho para evitar qualquer movimentação da mandíbula.
Após superar a primeira etapa, o cardápio passou a contar com alimentos pastosos em função das dificuldades de mastigar. E com mais dois cuidados: nenhum alimento quente pode ser consumido, sob risco de causar inchaço, e também opções sem lactose para evitar os enjoos. Tantas restrições tiveram um peso, literalmente, para Bolaños: quatro quilos a menos. Antes da lesão, pesava cerca de 68 quilos. Agora, já recuperou o índice.
Enquanto os jogadores em ritmo de competição têm sua dieta oscilando entre 3 mil e 3,5 mil calorias diárias, Miller Bolaños está ingerindo cerca de 2 mil. Com suplementação específica para auxiliar na manutenção do peso, o ponto mais delicado da dieta é equilibrar o gasto calórico dos treinos leves com a necessidade de recuperar a massa muscular perdida com o período afastado dos gramados.
Uma porção de arroz, feijão, frango e ovo, tudo devidamente batido no liquidificador, é o prato mais comum servido para Bolaños no almoço e janta. Cafés da manhã e os lanches da tarde costuma ser com vitaminas de frutas, sucos, iogurtes e suplementos vitamínicos. Segundo Katiuce Borges, nutricionista do Grêmio, o paciente está com um comportamento exemplar para atender a todas as orientações, mesmo com as dificuldades já esperadas.
— Ele sente vontade de comer, muita fome — disse.
É do arroz e feijão que Bolaños tira suas forças para aguentar a longa rotina de recuperação. O equatoriano sempre pede à cozinheira do clube para incluir no almoço o tradicional prato brasileiro. Com a alimentação mais reforçada, o jogador foi liberado para começar atividades físicas.
A volta à convivência no vestiário é mais um elemento positivo na recuperação. Os companheiros garantem que o novato se mantém brincalhão, mesmo com a dificuldade maior de fala em razão da lesão.
— Estamos iniciando um processo de treinamento. Conversamos muito com o departamento médico, seguindo orientações e avançando em cima da evolução da lesão — explica o preparador físico Rogério Dias.
Mesmo com os sinais positivos, Rogério conduz os primeiros treinos mais voltados ao futebol com o máximo de cautela:
— Temos de ter muito cuidado. A parte de resistência muscular estamos adiantando, mas para dar potência e velocidade máxima é preciso esperar a liberação médica. Daí, avançaremos na carga.
A melhora dá esperanças de que o atacante esteja em campo ainda na fase de grupos da Libertadores. Se mantiver a evolução dos últimos dias, sua participação contra o Toluca, dia 19, é apontada como possível. A recuperação agrada tanto que o clube já descartou a hipótese de adotar alguma máscara de proteção do local em seus primeiros jogos.
Depois de recuperado da fratura, Bolaños seguirá tratando uma outra herança da lesão. Alguns dos dentes foram afetados pela pancada. O dentista de Bolaños não descarta a necessidade de uso de um aparelho ortodôntico para corrigir o problema.
Com a parte física da recuperação bem encaminhada, a questão psicológica também é avaliada. Durante o período de repouso, deitado na cama do hospital, Miller Bolaños viu e reviu as imagens da sua lesão. Aos amigos que o visitaram, repetia, desolado, sua avaliação sobre cotovelada:
— Com três minutos de jogo, não dá para aceitar — reclamou.
A fisionomia tranquila de Bolaños só se alterava nos dias de repouso ao ouvir o nome do lateral colorado. Bolaños franzia a testa e se calava por alguns minutos. Segundo a mãe, Leila, ele perdoou William no dia seguinte à cirurgia. Os amigos negam, garantem que o lance ainda ferve incomoda o equatoriano. Dona Leila viu pela tevê a lesão do filho. Assim como todos que assistiam ao jogo, não percebeu a gravidade. Quando soube que ao invés de voltar para o segundo tempo o filho estava se dirigindo ao hospital, bateu o desespero. Hipertensa, teve um crise de pressão alta e precisou ser acudida pelos familiares.
A fisionomia tranquila de Bolaños só se alterava nos dias de repouso ao ouvir o nome do lateral colorado. Bolaños franzia a testa e se calava por alguns minutos. Segundo a mãe, Leila, ele perdoou William no dia seguinte à cirurgia. Os amigos negam, garantem que o lance ainda incomoda o equatoriano. Dona Leila viu pela tevê a lesão do filho. Assim como todos que assistiam ao jogo, não percebeu a gravidade. Quando soube que ao invés de voltar para o segundo tempo o filho estava se dirigindo ao hospital, bateu o desespero. Hipertensa, teve um crise de pressão alta.
Mesmo com todos os sinais positivos de evolução no quadro de Miller Bolaños, o departamento médico manterá por, pelo menos, mais uma semana a dieta pastosa. A carga dos treinamentos também será progressiva, respeitando qualquer risco de impactos desnecessários.
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