Análise: Bobô encarna "9 moderno" para se adaptar em Grêmio de 30m

Centroavante se adapta ao estilo móvel do time de Roger. Douglas e Lincoln não se destacam, mas se entendem, e jovem inverte lógica da amplitude com laterais


Fonte: Globo Esporte

Análise: Bobô encarna 9 moderno para se adaptar em Grêmio de 30m
Grêmio compactado em 30 metros (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)

A vitória do Grêmio por 3 a 0 sobre o Lajeadense na tarde de domingo teve a presença de Lincoln e Douglas juntos como a principal novidade antes da bola rolar. Em campo, os dois meias "clássicos" procuraram-se e estiveram muito próximos. Não só por características pessoais, mas também por uma compactação diferente do time, algo trabalhado exaustivamente durante a semana. O último movimento de construção da vitória foi a movimentação de Bobô, que encarnou o "9 moderno".

A posição de centroavante talvez tenha sido a que mais passou por modificações nos últimos anos. Basta ver que Messi brilhou com uma movimentação diferente e trouxe à tona o "falso 9". Algo que marcou o Grêmio de Roger, com Luan e um estalo fugaz com Miller Bolãnos. Mas também é bom lembrar que, no cenário mundial, os camisas 9 seguem como protagonistas, casos de Luis Suárez, Lewandowski, Harry Kane e outros. Só não são mais os jogadores que permanecem centralizados o tempo todo, procurando cruzamentos na área.

– (Bobô) Deu uma resposta muito boa. Chegou e adaptou o seu ao jogo às nossas características. Está em seu momento ideal. É uma alternativa de passe pelo lado. A definição que tem o faz um grande artilheiro – disse Roger após o jogo.



Bobô abriu pelas pontas e deixou Pedro Rocha ingressar na área (Foto: Reprodução)


Bobô disse que queria esconder as orientações de Roger para não dar facilidades ao adversário. O segredo ele vem mostrando dentro de campo. Mesmo com o biotipo tradicional do 9, alto e forte, Bobô faz a diagonal do centro para o lado do campo. Além de criar espaço, dá uma opção de passe diferente. Foi assim no gol que marcou, ao receber de Maicon e dar um corte desconcertante no zagueiro antes de balançar a rede. Foi assim ao deixar Pedro Rocha na cara do gol para finalizar também no primeiro tempo, em jogada novamente pela esquerda.

Na segunda etapa, abriu espaço pelo meio para Pedro Rocha fazer mais um gol gremista. Ainda teve a chance de fazer outro ao receber cruzamento de Ramiro. Mas não estava centralizado, posicionamento natural, embora dentro da área. Com isso, são quatro jogadas de perigo do Grêmio nas quais o comportamento do centroavante foi determinante.

– Feliz pela vitória e pelo gol, a equipe se comportou bem. Conseguiu fazer um gol no primeiro tempo e, no segundo, um gol logo no começo que dificultou para eles. E matamos o jogo de vez no final. Faz parte do que ele (Roger) passa (movimentação para os lados), tem outra coisas, mas isso também. O mais importante é o que ele passa para mim – comentou Bobô ao acabar de sair do campo no caminho ao vestiário.

DOUGLAS E LINCOLN JUNTOS




Lincoln e Douglas se aproximam e lateral dá amplitude ao time (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)


A principal novidade na escalação foi a utilização de dois meias com características semelhantes juntos. Roger colocou Lincoln ao lado de Douglas, adaptando-o para o lado do campo. O jovem de 17 anos não mostrou o mesmo rendimento das últimas partidas, mas ficou longe de apresentar um mau rendimento. Douglas participou da construção de dois dos três gols. Ou seja, deu resultado.

Muitas vezes, Lincoln deixou os lados do campo – alternou bastante entre direita e esquerda – e inverteu uma lógica do time de Roger. O técnico usa sempre os extremas para dar amplitude ao campo e ter mais espaço para trabalhar a bola. Assim, os laterais sobem em diagonal pelo meio. Como Lincoln tem por característica ocupar a faixa central, Ramiro, principalmente, era quem abria o jogo. Quando o meia ocupava o lado esquerdo, Marcelo Oliveira tinha esta obrigação.

Curiosamente, Lincoln apresentou melhor rendimento no início do segundo tempo, pelo lado esquerdo. É onde Roger idealizou utilizá-lo. Só que em uma conversa com o meia, ouviu que ele preferia atuar pela direita. Por isso a inversão. Em diversos momentos, Pedro Rocha mudou de lado com o camisa 27, em movimento orquestrado pelo treinador na beira do campo.

– A gente rendeu bem, me sinto bem ao lado do Douglas e ao lado deste grupo. Fizemos uma boa partida e conseguimos ficar na liderança – avaliou Lincoln.

Os dois meias também estiveram bem próximos por outro motivo: o time todo esteve. Roger trabalhou muito a compactação durante a semana. Fez mais de um treino com esse objetivo. Em campo, se viu um time jogando em alguns momentos em uma faixa de cerca 30m de gramado, talvez menos. Ajudou na defesa e no ataque.

O Grêmio volta ao trabalho na tarde desta segunda-feira, no CT Luiz Carvalho. Treina pela manhã de terça e depois viaja para Passo Fundo para o jogo de quarta, no Vermelhão da Serra.

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17/5/2024