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Adulto aos 17, Lincoln brilha olhos com futuro filho e declama canção do pai

Meia do Grêmio vive boa fase com gol em Libertadores, quebra de recorde de Ronaldinho, pedidos por titularidade e gravidez de dois meses da namorada


Fonte: GloboEsporte

Adulto aos 17, Lincoln brilha olhos com futuro filho e declama canção do pai
Lincoln Grêmio (Foto: Eduardo Moura/Globoesporte.com)

Grande parte da população brasileira, aos 17 anos, se preocupa com o fim dos estudos, a carreira futura e outras situações juvenis. Mas não Lincoln. Ele sempre foi diferente. Ouve de todos os lados que merece vaga como titular do Grêmio. Em campo, vive a emoção de empatar o jogo no último minuto com o San Lorenzo, na Argentina, o seu primeiro na Libertadores - e que rendeu recorde. Fora dele, recebeu a notícia que será pai e está engajado na sua nova responsabilidade.

Não que traga nenhum tipo de medo. Explica-se. Depois da morte do pai, aos 11 anos, o meia se viu obrigado a ajudar como "homem da casa" na família de seis irmãos, um deles (Leonardo) que o deu dicas na batida considerada diferenciada na bola. E agrega bem esse papel de "adulto" mesmo com os poucos anos vividos. Embarga a grave voz ao falar de Natalício e declamar a música que o pai escreveu para ele (veja no vídeo acima). Claramente, é seu ídolo e espelho. Talvez explique a vontade precoce pela paternidade.

- A gente saía sempre junto, ia no mercado, eu estava abraçado com ele (pai), comigo no colo. Eu estava sempre com ele em todos os momentos. Logo como comecei na escola conveniada ao Grêmio, era ele quem me levava para o treino, mesmo mal. Ia e voltava com ele. Sinto muita falta dos meus momentos com ele - lembra o meia, pés no campo do CT Luiz Carvalho, onde tanto trabalha.

Lincoln esquece as responsabilidades e vira moleque, mesmo, quando está com os sobrinhos Diniz, Nathan, Ícaro e Drogba. Sim, um deles tem o nome do ídolo marfinenese. Não consegue dizer não às súplicas por uma brincadeira. Que envolve, claro, o futebol.

Nos últimos dois jogos, Lincoln tem dois gols e ganhou um apoio praticamente maciço da torcida para ganhar a vaga de Douglas. Para ele, esta pressa inexiste. Mais jovem a marcar um gol do Grêmio em Libertadores, bateu o recorde do ídolo Ronaldinho Gaúcho, que tinha 18 na época que balançou as redes do Chivas, em 98.

Confira como foi o bate-papo com Lincoln
GloboEsporte.com – Como está vivendo esse momento de assédio?

Lincoln – Estou muito feliz pelo meu momento que estou vivendo aqui dentro do Grêmio. E pelo momento de ser pai, que é uma coisa que sempre tive vontade, de poder criar meu filho ou filha. Viver esse momento, graças a Deus, filho é uma bênção, está tudo dando certo.

E qual tua emoção no momento que soube que seria pai?
Foi uma emoção incrível, uma coisa que sempre tive vontade de ser pai, educar o meu filho, ensinar, poder fazer as coisas, passar as orientações, uma coisa que tenho bastante vontade. E recebi esta notícia muito boa que eu vou ser pai.

Que venha com bastante saúde. Vou poder ensinar e amar, principalmente. Do pouco que sei, vou passar para ele. Sei que ele vai me passar muitas coisas e vou aprender muito.

O que passou na cabeça no momento do gol na Libertadores (veja no vídeo acima)? Queria que falasse do clima, geralmente é difícil enfrentar estádio lotado, gringo e intimidação...
Foi um momento incrível, único, de fazer o primeiro gol na Libertadores. Vou levar para o resto da minha vida. Foi um gol importante, um jogo importante. Não poderíamos vacilar e perder. Não conseguimos sair com a vitória, mas veio o empate. Sabíamos que jogar lá é muito ruim, conseguimos, agora é seguir trabalhando para buscar os pontos.

Isso é Libertadores, sabemos do clima que é, a competição que é. Enfrentei muito isso, estádios cheios, no mundial. A responsabilidade de vestir a camisa da seleção, em um Mundial sub-17. Vou me preparando cada vez mais, acima de tudo, Deus me deu a oportunidade e mentalidade para poder lidar com tudo isso.

Esse gol te colocou em um recorde, como o mais jovem do Grêmio a marcar na Libertadores, desbancando Ronaldinho, que é um espelho pra ti. Quando ficou sabendo?
Na verdade fiquei sabendo disso depois, fiquei muito feliz com essa meta. Tenho que desejar aos companheiros, que mesmo cansados pela partida lutaram até o final. É agradecer ao professor Roger, que me cobra isso diariamente. Vocês veem ele gritando para eu entrar na área, para bater com a perna direita, que é inferior, não é ruim. o professor cobra bastante para estar dentro da área.

Como é ser o homem da casa?
Na verdade amadureci muito perdendo o meu pai, mas graças a deus tive todo o apoio da minha família. Não só eu senti, como todos. Tive e tenho o apoio do meu irmão mais velho, das minhas irmãs. Me considero o homem da casa desde que perdi meu pai, pude poder dar uma ajuda para dentro de casa, que era difícil. Meu irmão mais velho que jogava futebol também conseguia dar uma ajuda. Mas eu me considero o homem de casa, por poder ajudar e lidar com a circunstância.

Do que mais sente falta do teu pai?
Dos momentos com ele, sempre ficava comigo olhando TV, os jogos, saía comigo. A gente saía sempre junto, ia no mercado, eu estava abraçado com ele, comigo no colo. Eu estava sempre com ele em todos os momentos. Logo como comecei na escola conveniada ao Grêmio, era ele quem me levava para o treino, mesmo mal. Ia e voltava com ele. Sinto muita falta dos meus momentos com ele. Muitas vezes ele até brigava com minha mãe para fazer minhas vontades de ver TV, muitas coisas.

Não precisa cantar, mas fala um pouco da música que fez pra ti?
Lembro, lembro. Cantar não... depois escrevo e mando. Tá, vamos lá:

"Por toda minha vida, sei que iria me arrepender, se faltasse aquele dia o encontro que eu tinha com você. Nem mesmo a chuva que caía na cidade me tirou a vontade de me encontrar com você. Mas a chuva que caía, eu nem sentia. Para mim parecia um orvalho, era o dia do seu aniversário... Mas estive pensando e cheguei a ficar descontente, pois não tinha na mão um presente para entregar a você, mas quando te encontrei radiante de felicidade prometi que na verdade, nossa presença era o maior presente para você".

Em que momento ele escreveu essa música?
Na verdade, a letra fala por si. Nossa família é muito grande e também humilde. Até por não poder dar um presente para algum familiar de aniversário, em raros encontros alguns não podiam estar presentes. A música diz que o maior presente sim era a presença.

Embora toda essa responsabilidade, quando o Lincoln é guri e vira moleque?
Na verdade eu sou guri, tenho 17 anos. Mas aprendi muita coisa, amadureci muito cedo. Em um momento que acho que sou guri é com os meus sobrinhos brincando. Chego cansado do treino e eles vão e me chamam para jogar bola, na rua, na praça. Eu digo que estou cansado e eles dizem: "é difícil estar aqui com nós e quando tu tá, quer ficar dormindo". Não tem como negar. Ficam me chamando, me incomodando. Eu tento fechar a porta, eles ficam batendo, é o meu momento com eles.
Fala um pouco do teu surgimento, há dois anos com o Felipão? A história do "diamante negro"...
A história do diamante negro não lembro, nem sei como surgiu. O treinador que está ali, o Gabardo, me levou para fazer o treino com a categoria mais velha. Foi no suplementar, no Olímpico. Graças a Deus pude fazer um belo treinamento.

Você impressionou o Felipão?
Não sei se impressionei, sei que fui bem. Estava falando que sempre ficava com meu tio na sala até um pouco mais tarde. Era umas 22h, falei para ele que ia dormir. Aí ele perguntou: "Vai dormir por que? Nunca vai dormir esse horário. Vamos ficar mais um pouco". E eu disse: "Não, tio, Vou dormir que amanhã é meu dia, é o dia que eu tenho que aparecer".

Seu nome já é falado desde antes na escola do Grêmio, na base, enfim... Como é lidar com essa pressão?
Pressão sempre vai haver, estando no profissional ou na base, em seleção brasileira como vinha jogando. Estas pressões considero normais, é só ter a cabeça para administrar tudo. Tenho uma cabeça incrível, minha mãe e meus familiares falam da cabeça que eu tenho, bem centrada. Não me importo com o que sai de matéria minha, falando tanto bem quanto mal. Não me importo, procuro fazer minha parte dentro de campo que é jogar futebol.

Teve a história do cabelo e o corte na seleção do Gallo. Como olha aquilo hoje em dia?
Não muda nada para mim. Fui cortado da Seleção, até pedi desculpa para os meus treinadores do Grêmio, estava fazendo parte do plantel lá no campeonato. Pedi desculpas, se aparecesse num treino com aquilo antes da viagem, sei que iam pedir para eu tirar, para não viajar com o cabelo daquele jeito (por se apresentar com um corte com o desenho "L-10"). Foi uma coisa que não deu para eu tirar. Quando foram pedir, já era tarde. Aí o Gallo me tirou da Seleção, começou a falar que eu não iria mais. Graça as Deus pude tirar e consegui voltar novamente.

Falando de Seleção, qual é a principal meta? Imagino que queria jogar Copa do Mundo em 2018 ou 2022.
O ano não importa, mas tenho sim meta. Não só eu, mas todos. Qual jogador que não quer disputar uma copa do Mundo? Tenho meta sim de fazer parte da Seleção em uma Copa do Mundo.

E essa precisão de bater na bola? Como surgiu?
É treinamento, eu treino muito. Vocês podem até ser, fico no treino chutando bola no gol. O professor Rogerinho (preparador físico) me xinga as vezes, fala que vai me multar por ter acabado o treino e eu fico ali chutando na chuva e no sol, sempre aprimorando. Acho que é de família porque meus irmãos batem muito bem na bola. Sempre fui fome de bola, sempre.

Algum dos teus irmãos te ensinou essa batida?
Meu irmão (Leonardo) sempre me aconselhou, até na escolinha dele sempre passava conselho. Não só eu, como todos os guris que faziam parte dos treinamentos diários. Ele sempre ajudava.
Como é tua relação com o Roger, você tem pressa em ser titular?
Não tenho pressa, sou muito novo, tenho muita coisa a aprender. Até pouco tempo... o professor Roger fala comigo diariamente. Me elogia, me cobra se eu faço alguma coisa de errado. "Podia ter feito isso". O professor dá bastante opções, ele não manda. Temos que seguir o melhor caminho.

O que o Lincoln faz quando não está treinando ou concentrado?
O único gosto que tenho é o de poder estar coma família, poder estar com meus sobrinhos, até com minha namorada nesse momento. Meu filho não nasceu ainda, não é por isso que não tenho que ficar de lado. Pai é o que está presente. Procuro estar com a família, a namorada.

Que mensagem você mandaria para a torcida do Grêmio, que está tão carente por título?
Uma mensagem para a torcida que quer tanto título é poder acreditar no grupo que temos, é forte. Que possa lotar a Arena e os estádios adversários. Contamos com o apoio do torcedor, queremos ele sempre presente ao nosso lado para aplaudir e apoiar.

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