José Tarciso de Souza, mais conhecido como Tarciso Flecha Negra, é um dos maiores ídolos da história do Grêmio. Mas para além de seus muitos feitos em campo, tornou-se símbolo de representatividade para os negros no Rio Grande do Sul, em uma época em que o racismo não era crime e era pouco discutido no futebol. O ex-jogador, que morreu em 2018, aos 67 anos, é o primeiro personagem da série do Globo Esporte RS "Nossa Voz": Passado, Presente e Futuro", para marcar o Dia da Consciência Negra. – Eu tenho certeza de que ele representou e segue representando muito o Grêmio. É um símbolo de perseverança, que transcendeu e conquistou tudo que pôde conquistar dentro do clube. É um cara que lutou contra o preconceito, contra a desigualdade – recorda Marcelo Andrade, filho de Tarciso.
Nascido em São Geraldo, no interior de Minas Gerais, Tarciso iniciou a carreira no América-RJ. Foi no futebol gaúcho, porém, que deslanchou. Chegou ao Grêmio em 1973 e defendeu as cores azul, preto e branca por mais de uma década, até 1986. É o jogador que mais vezes vestiu a camisa tricolor, com 723 jogos, e o segundo maior artilheiro, com 228 gols. Tarciso esteve presente na conquista do Gauchão de 1977, que quebrou a hegemonia de oito anos do Inter no Rio Grande do Sul. A partir daí, enfileirou títulos: ergueu o Brasileirão de 1981, a Libertadores e o Mundial em 1983. Ao todo, foram cinco campeonatos gaúchos (1977, 1979, 1980, 1985, 1986).
– É um dos poucos jogadores do futebol gaúcho que conquistou um título brasileiro, um título da América, campeão da Libertadores, e um título mundial – afirma Daison Sant'anna, do Museu do Grêmio. Por que Flecha Negra? O apelido Flecha Negra surgiu após uma narração de Haroldo de Souza durante o Gre-Nal de 14 de agosto de 1977. Em uma jogada de contra-ataque, Tarciso marcou o segundo gol do tricolor na vitória por 2 a 1 sobre o Inter. – O Grêmio às vezes jogava em contragolpe, ele estava na ponta direita em 77 e saia em velocidade. Tinha até aquela questão que a torcida estava sentada na arquibancada e quando o Tarciso arrancava, todo mundo se levantava para ver a jogada dele de contragolpe, que normalmente resultava em gols. – recorda Daison.
Após parar de jogar, Tarciso criou duas escolinhas de futebol em Porto Alegre. A primeira foi a Gauchito, que nasceu em 1992. Em 2003, ele lançou outro projeto social com o objetivo de ensinar futebol a crianças carentes. Em 2008, foi eleito e assumiu o primeiro de seus três mandatos como vereador de Porto Alegre. Mascote oficial do Grêmio Para o José Antônio dos Santos, autor do livro "Liga da Canela Preta: a história do negro no futebol", Tarciso é mais um exemplo de uma geração de jovens negros que ascenderam socialmente por meio do futebol em uma época em que as desigualdades eram ainda maiores do que hoje. – O futebol é uma via de ascensão social, de integração social, que abriu perspectiva da população negra para se inserir socialmente aqui em Porto Alegre, mas também por todo o Brasil. O principal legado que a organização social da população negra por meio do futebol nos deixa é essa perspectiva de manutenção dessas matrizes de cultura de origem africana – diz o professor da UFRGS.
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