Foto: Fernando Gomes / Agencia RBS
A pandemia do novo coronavírus pode provocar uma mudança no regulamento de competições da CBF, com a redução do tempo de intervalo mínimo entre as partidas de 66h para 48h. A proposta é debatida para viabilizar o calendário no restante da temporada e ainda não está definida. Mas só a possibilidade faz lembrar um fato curioso e inédito no futebol brasileiro: o dia em que o Grêmio entrou em campo três vezes em uma única tarde para gloriosos 758 torcedores no Olímpico — 247 pagantes.
LEIA TAMBÉM: Veja a os clubes com maiores receitas em 2019
Em 11 de dezembro de 1994, o Tricolor encarou Aimoré, Santa Cruz e Brasil de Pelotas em jogos marcados para 14h, 16h e 18h, respectivamente, com um empate e duas vitórias. Todos essas partidas eram oficiais e válidas pelo Campeonato Gaúcho daquele ano.
A maratona futebolística foi obra de um Gauchão inchado, disputado de março a dezembro, e do calendário desorganizado da época. Depois de uma temporada envolvido com outras quatro competições, o time comandado por Felipão foi obrigado a entrar em campo três vezes no mesmo dia apenas para cumprir tabela, já que o título daquele ano já estava definido a favor do Inter.
— Tinha brincadeira, muita. Os mais rodados, principalmente: "Uma situação dessa, vai falar o quê? Só aqui para acontecer, só no Brasil" — ri o ex-atacante Jacques, autor do gol da vitória sobre o Brasil de Pelotas e titular contra o Santa Cruz.
"Nunca vi algo parecido nem ouvi falar. Acompanho futebol e nunca tinha ouvido falar. Marcou muito três jogos em uma tarde. (Os jogadores) Nem querem fardar hoje em dia, diriam 'não vou nesse jogo'" (Zeca Rodrigues, ex-auxiliar de Felipão)
Confira as escalações o Grêmio
• Grêmio 0x0 Aimoré: Murilo; Cristian, Luciano, Éder e Júlio César; Puma, Alexandre e André Muller; Tefo (Juliano), Escurinho e Rodrigo Gasolina. Técnico: Zeca Rodrigues
• Grêmio 4x3 Santa Cruz: Danrlei; Ayupe, Scheidt, Agnaldo Liz, Arílson; Pingo, Jamir, Jé (Émerson) e Carlos Miguel; Fabinho e Jacques (Ciro). Técnico: Zeca Rodrigues
• Grêmio 1x0 Brasil-Pel: Aílton Cruz; Jairo Santos, César, Cristiano e Duda; André Vieira, Wallace e Émerson (Jacques); Carlinhos, Ciro (Juliano) e Cristiano Júnior. Técnico: Felipão
Vaivém nos vestiários, chance aos jovens e palestra "express"
Felipão separou o grupo em três times e subiu vários jovens das categorias júnior e juvenil para jogar. O empate em 0 a 0 com o Aimoré foi a partida para a gurizada, vestida com o uniforme celeste, encarar a sensação térmica de mais de 45°C do verão de Porto Alegre. Não fosse Murilo, reserva de Danrlei nos anos seguintes, defender um pênalti no segundo tempo, a jornada iniciaria com derrota.
— Foi bacana, os meninos tiveram oportunidade de jogar, a gente já estava ali, o Felipão fez uma mescla e deu certo — recorda o ex-meia Arílson, multicampeão pelo Grêmio nos anos 1990 e que entrou em campo contra o Santa Cruz.
— Na época eu era auxiliar do Felipão. Como tinha mais contato com a gurizada, ele deu para mim falar. Eu era aquela coisa: "Vamos lá que é uma oportunidade em mil. Procurem aparecer para o homem, está vendo lá de cima" — lembra o auxiliar Zeca Rodrigues, comandante nos dois primeiros jogos.
O fluxo de jogadores gremistas no vestiário entre um jogo e outro e nos intervalos causou uma grande confusão. Deu nó na cabeça do roupeiro Hélio, responsável por preparar os uniformes da turma. Quem entrava em campo e precisava ficar à disposição para o próximo jogo voltava rapidamente para mudar a camisa - o Grêmio atuou com três uniformes diferentes - e ficar pronto.
— Assim que entravam no campo, o outro time já vinha fardar. No intervalo, estava todo mundo no vestiário. Quem iria se fardar para o próximo (jogo) e os da palestra. Depois do segundo jogo, já fiquei ali e troquei o uniforme para o terceiro: meia, calção, conferia o número. Foi engraçado, no mínimo — relata Jacques.
— Era uma confusão no vestiário, entra um, sai outro. Tinha que se fardar em vestiário diferente. Foi bacana, uma coisa inédita — completa Arílson.
"A briga foi conseguir cabide para todo mundo nesse vestiário. Iam jogando, se trocando e deixando espaço para outros. Depois o banho era em outro vestiário" (Zeca Rodrigues)
O segundo jogo, contra o Santa Cruz, foi vencido por 4 a 3 pelo Grêmio. Naquela partida, o time mais próximo do titular foi utilizado, com nomes como Danrlei, Scheidt, Carlos Miguel, Arílson e Jacques, que também entraria contra o Xavante e marcaria o gol da vitória.
Entre uma partida e outra, as palestras eram rapidamente conduzidas por Zeca Rodrigues ou Felipão. Costumeiramente detalhista, o treinador multicampeão no clube evitava se alongar nas instruções aos jogadores. Escalava o time e passava uma ou outra informação.
— Era bola parada e só. Vai jogar esse, esse e esse. A palestra dele normalmente falava do nosso time e como jogava o outro. Quem era o lateral que apoiava, o mais lento... A gente entrava com tudo pronto. Nesse dia era rapidinho, bola parada e vamos para o jogo — conta Arílson.
O Estadual de 1994 foi disputado por pontos corridos e é conhecido até hoje como o "Gauchão Interminável". Começou em 5 de março e teve o seu fim em 17 de dezembro, com 23 clubes duelando em turno e returno. A ideia da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) era diminuir os representantes na primeira divisão - nada menos que nove equipes seriam rebaixadas.
O Grêmio acumulou mais de 90 jogos naquela temporada ao disputar Brasileiro, Supercopa Sul-Americana, Conmebol, Gauchão e Copa do Brasil, da qual sagrou-se campeão sobre o Ceará. Isso fora amistosos no exterior. Mas já não tinha mais chance de título no Gauchão.
Grêmio, Jogo, Gauchão, 93, Intervalo, 48h, Felipão, Imortal
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Em 11 de dezembro de 1994, o Tricolor encarou Aimoré, Santa Cruz e Brasil de Pelotas em jogos marcados para 14h, 16h e 18h, respectivamente, com um empate e duas vitórias. Todos essas partidas eram oficiais e válidas pelo Campeonato Gaúcho daquele ano.
A maratona futebolística foi obra de um Gauchão inchado, disputado de março a dezembro, e do calendário desorganizado da época. Depois de uma temporada envolvido com outras quatro competições, o time comandado por Felipão foi obrigado a entrar em campo três vezes no mesmo dia apenas para cumprir tabela, já que o título daquele ano já estava definido a favor do Inter.
— Tinha brincadeira, muita. Os mais rodados, principalmente: "Uma situação dessa, vai falar o quê? Só aqui para acontecer, só no Brasil" — ri o ex-atacante Jacques, autor do gol da vitória sobre o Brasil de Pelotas e titular contra o Santa Cruz.
"Nunca vi algo parecido nem ouvi falar. Acompanho futebol e nunca tinha ouvido falar. Marcou muito três jogos em uma tarde. (Os jogadores) Nem querem fardar hoje em dia, diriam 'não vou nesse jogo'" (Zeca Rodrigues, ex-auxiliar de Felipão)
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• Grêmio 0x0 Aimoré: Murilo; Cristian, Luciano, Éder e Júlio César; Puma, Alexandre e André Muller; Tefo (Juliano), Escurinho e Rodrigo Gasolina. Técnico: Zeca Rodrigues
• Grêmio 4x3 Santa Cruz: Danrlei; Ayupe, Scheidt, Agnaldo Liz, Arílson; Pingo, Jamir, Jé (Émerson) e Carlos Miguel; Fabinho e Jacques (Ciro). Técnico: Zeca Rodrigues
• Grêmio 1x0 Brasil-Pel: Aílton Cruz; Jairo Santos, César, Cristiano e Duda; André Vieira, Wallace e Émerson (Jacques); Carlinhos, Ciro (Juliano) e Cristiano Júnior. Técnico: Felipão
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Felipão separou o grupo em três times e subiu vários jovens das categorias júnior e juvenil para jogar. O empate em 0 a 0 com o Aimoré foi a partida para a gurizada, vestida com o uniforme celeste, encarar a sensação térmica de mais de 45°C do verão de Porto Alegre. Não fosse Murilo, reserva de Danrlei nos anos seguintes, defender um pênalti no segundo tempo, a jornada iniciaria com derrota.
— Foi bacana, os meninos tiveram oportunidade de jogar, a gente já estava ali, o Felipão fez uma mescla e deu certo — recorda o ex-meia Arílson, multicampeão pelo Grêmio nos anos 1990 e que entrou em campo contra o Santa Cruz.
— Na época eu era auxiliar do Felipão. Como tinha mais contato com a gurizada, ele deu para mim falar. Eu era aquela coisa: "Vamos lá que é uma oportunidade em mil. Procurem aparecer para o homem, está vendo lá de cima" — lembra o auxiliar Zeca Rodrigues, comandante nos dois primeiros jogos.
O fluxo de jogadores gremistas no vestiário entre um jogo e outro e nos intervalos causou uma grande confusão. Deu nó na cabeça do roupeiro Hélio, responsável por preparar os uniformes da turma. Quem entrava em campo e precisava ficar à disposição para o próximo jogo voltava rapidamente para mudar a camisa - o Grêmio atuou com três uniformes diferentes - e ficar pronto.
— Assim que entravam no campo, o outro time já vinha fardar. No intervalo, estava todo mundo no vestiário. Quem iria se fardar para o próximo (jogo) e os da palestra. Depois do segundo jogo, já fiquei ali e troquei o uniforme para o terceiro: meia, calção, conferia o número. Foi engraçado, no mínimo — relata Jacques.
— Era uma confusão no vestiário, entra um, sai outro. Tinha que se fardar em vestiário diferente. Foi bacana, uma coisa inédita — completa Arílson.
"A briga foi conseguir cabide para todo mundo nesse vestiário. Iam jogando, se trocando e deixando espaço para outros. Depois o banho era em outro vestiário" (Zeca Rodrigues)
O segundo jogo, contra o Santa Cruz, foi vencido por 4 a 3 pelo Grêmio. Naquela partida, o time mais próximo do titular foi utilizado, com nomes como Danrlei, Scheidt, Carlos Miguel, Arílson e Jacques, que também entraria contra o Xavante e marcaria o gol da vitória.
Entre uma partida e outra, as palestras eram rapidamente conduzidas por Zeca Rodrigues ou Felipão. Costumeiramente detalhista, o treinador multicampeão no clube evitava se alongar nas instruções aos jogadores. Escalava o time e passava uma ou outra informação.
— Era bola parada e só. Vai jogar esse, esse e esse. A palestra dele normalmente falava do nosso time e como jogava o outro. Quem era o lateral que apoiava, o mais lento... A gente entrava com tudo pronto. Nesse dia era rapidinho, bola parada e vamos para o jogo — conta Arílson.
O Estadual de 1994 foi disputado por pontos corridos e é conhecido até hoje como o "Gauchão Interminável". Começou em 5 de março e teve o seu fim em 17 de dezembro, com 23 clubes duelando em turno e returno. A ideia da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) era diminuir os representantes na primeira divisão - nada menos que nove equipes seriam rebaixadas.
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