O futebol é um reflexo da organização do seu país. O futebol brasileiro é a cara do seu governante, atualmente o presidente Jair Bolsonaro. Digo isso porque na semana que se encerra, clubes de futebol tomaram caminhos diferentes e alguns outros ainda discutem que caminho tomar em relação à retomada dos treinamentos, um passo antes da retomada dos jogos. Fizeram isso na semana em que o Brasil registrou por dias seguidos recordes de mortos pela covid-19, ao menos os notificados. Beiramos os mil mortos por dia. Andamos na casa dos 600 e 700. Não estamos falando de torcedores em estádios, embora alguns jogos registrem esses mesmos números. Estamos falando de brasileiros mortos, em sua grande maioria pobres e necessitados, muitos que não chegaram sequer a ter um respirador ou leito adequado.
Então, enquanto batemos recordes de óbitos, nosso futebol volta à atividade. Os dois clubes de Porto Alegre estão treinando, claro, com todo o cuidado possível. Os do Rio aderiram ao retorno a partir de segunda-feira, menos Botafogo e Fluminense, que não acham o momento adequado para isso. O Rio verga diante da doença. Os times de São Paulo estão, por enquanto, trabalhando em bloco. Todos decidiram voltar juntos, nenhum agora. Eles participaram de encontros online com a FPF e tomaram o encaminhamento de não voltar aos treinos. Os jogadores vão trabalhar em casa. São Paulo, como todos sabem, é o Estado brasileiro onde mais gente morre pela covid-19.
Em situação paralela, o governo também defende a retomada das atividades do País, de modo a “salvar a economia e o trabalho das pessoas”. Ora, mesmo antes da pandemia, o País registrava 12 milhões de desempregados. Esses continuam sem emprego. Voltar então para onde? Para a rua, na esperança de conseguir alguma migalha para salvar o dia, que seja uma moeda, como dizem os pedintes nos faróis paulistas. Quando o governo “enfrenta” as mortes e vai para as ruas, como se nada estivesse acontecendo, pronto para um churrasquinho, ele passa a todos a coragem para fazer o mesmo. Ocorre que as condições de cada um não são as mesmas. Ninguém do governo morreu pelo coronavírus. O Brasil bate na casa dos 10 mil mortos. Essa é a diferença. Há, portanto, dois Brasis, o de Brasília e o do da pandemia.
Da mesma forma, quando os clubes retomam suas atividades esportivas, eles passam para os milhares de apaixonados torcedores a mensagem de que está tudo bem, de que a vida no País esta sendo retomada aos poucos e que todos podem deixar o isolamento social e recuperar suas atividades. Não é isso. O futebol volta cheio de regras e procedimentos de segurança de saúde que o torcedor comum não tem como fazer. São testes para todos. Uma, duas, três vezes se for necessário. Os profissionais dos times grandes têm condições financeira de usar bons hospitais. Uma condição que a maioria não tem, nem chega perto de ter. O povo brasileiro se vale do Sistema Único de Saúde (SUS), que descobrimos valer mais do que imaginávamos, mas ainda longe do que precisamos. Passar mensagens erradas pode ser fatal nesse momento, em pleno crescimento da doença no Brasil.
É preciso saber que países na Europa que estão ‘reabrindo’ e voltando com o futebol, já passaram pelo que os brasileiros estão passando agora e passarão nas próximas semanas, com a diferença ainda de serem nações menores, não continentais como o Brasil, com menos gente e mais dinheiro. O Brasil mostrou o tamanho de sua pobreza com essa pandemia, inclusive para o presidente Jair Bolsonaro, que esperava 20 milhões de pessoas correndo atrás do fundo emergencial de R$ 600 por três meses e foi surpreendido com 70 milhões de brasileiros.
O futebol prega a vida, a alegria, a competição em condições iguais, o abraço na hora do gol… Nada disso faz parte da vida do torcedor nesse momento.
Grêmio, Estados, Governo, Federal, Futebol, Retorno
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É preciso saber que países na Europa que estão ‘reabrindo’ e voltando com o futebol, já passaram pelo que os brasileiros estão passando agora e passarão nas próximas semanas, com a diferença ainda de serem nações menores, não continentais como o Brasil, com menos gente e mais dinheiro. O Brasil mostrou o tamanho de sua pobreza com essa pandemia, inclusive para o presidente Jair Bolsonaro, que esperava 20 milhões de pessoas correndo atrás do fundo emergencial de R$ 600 por três meses e foi surpreendido com 70 milhões de brasileiros.
O futebol prega a vida, a alegria, a competição em condições iguais, o abraço na hora do gol… Nada disso faz parte da vida do torcedor nesse momento.
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Comentários
Comentários (3)
Senpre havera estas diferencas neatas areas ok , ha estados bem mais avansados em educacao e financeiras tambem
Por causa das diferencas monetarias e desculpem mas de educacao tambem ok abcis
Galera mas nao pode ter unamidade mesmo ,somos um paus mto grsnde e divercificado com climas e cituacoes mto diferentes ,por causa principalmrnte
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