Renato enaltece torcida rubro-negra, mas deixa claro: “Quando entro numa parada, entro para ganhar”


Fonte: Globo Esporte

Renato enaltece torcida rubro-negra, mas deixa claro: “Quando entro numa parada, entro para ganhar”
Renato Gaúcho não quer nem saber de Flamengo:
Num confronto de grande rivalidade como um Flamengo x Grêmio, existe um ídolo em comum. Renato é ao mesmo tempo um símbolo tricolor e uma referência rubro-negra. Técnico mais vencedor do país nos últimos dois anos e identificado com as duas torcidas, ele é o personagem do jogo de volta das quartas de final da Copa do Brasil, nesta quarta-feira, no Maracanã.



Renato nunca escondeu o carinho que tem pelo Flamengo – clube que defendeu em duas passagens. Em abril, chegou a receber uma proposta para substituir Reinaldo Rueda no Rubro-Negro. Mas quando se trata de enfrentar o ex-clube, principalmente no comando do Grêmio, ele deixa claro que neste momento a emoção só está de um lado.

- Quando entro numa parada, entro para ganhar. Não entro para ser mais um. Esse ganhar, ganhar, ganhar e querer ganhar eu passo quase que diariamente para o meu grupo.

Em entrevista exclusiva, Renato analisou o confronto desta quarta-feira, destacou seu amadurecimento como treinador e falou sobre como ainda fica mexido com o Flamengo.

O Grêmio sempre foi forte dentro de casa, mas chega ao segundo jogo contra o Flamengo depois de um tropeço na Arena. Isso muda a estratégia para o Maracanã?

O Grêmio tem sua forma de jogar e não muda. É assim sob o meu comando há quase dois anos. O Grêmio é um time que respeita o adversário, que, claro, toma suas precauções quando não está com a bola, mas com a bola a gente joga e busca o gol o tempo todo. Eu acho que time grande tem que ser assim. Não adianta você treinar um clube grande, ou jogar num clube grande, e ter pensamento pequeno. O Grêmio é muito grande, como o Flamengo é, e busca sempre a vitória.

Considera uma missão mais complicada do que o normal?

Nós vamos enfrentar uma potência, que é o Flamengo dentro do Maracanã com a torcida deles. Agora, nós já estivemos em situações dificílimas nesse tempo em que eu estive à frente do Grêmio e passamos por elas. É difícil? É difícil para o Grêmio, sim, mas pode ter certeza de que é difícil para o Flamengo também. O Grêmio é um time cascudo e sabe jogar no campo do adversário.

Falando em torcida do Flamengo, você tem uma história no clube. Ficaria chateado por eliminar o rival?

Eu tive um prazer muito grande em vestir a camisa do Flamengo como jogador e jogar com meu grande ídolo, que foi e sempre vai ser o Zico. No ano em que eu cheguei no Flamengo, em 1987, conquistamos o Brasileiro. Então eu jogando no Flamengo, no Maracanã, do lado do Zico, com aquela torcida.... quer dizer, o útil e o agradável. Então eu tenho, sim, um carinho muito grande por esse clube, por essa torcida.

Além de ser gremista, sou profissional e sou pago pelo Grêmio. Meu trabalho é chegar no Maracanã e eliminar o Flamengo, sim. Mas isso não impede de eu ter um carinho muito grande pelo Flamengo.

Também por isso você conhece bem o time do Flamengo e a torcida...

O Flamengo com time ruim, é um time bom. O Flamengo com time bom, é ótimo. Eu joguei no Flamengo vários anos e sei dessa força. Independentemente do time que está em campo, o timaço do Flamengo é da arquibancada. Aquela torcida faz qualquer time do Flamengo jogar. Por isso, às vezes o Flamengo não tem um time tão bom, mas a torcida empurra. O time mais ou menos se torna bom. O bom se torna ótimo.

Lembra de ter sido vaiado pela torcida do Flamengo?

Vou te falar uma coisa: uma vez eu vi o Zico ser vaiado pela torcida do Flamengo. Se o Zico foi, meu amigo... é o Zico, né? Foi em 87, eu estava presente. Inclusive nós conquistamos aquele Brasileirão. No início do campeonato o Flamengo não começou bem e eu vi até meia dúzia de torcedores vaiando o Zico na saída do vestiário no Maracanã. Eu mesmo pensei, se o Zico foi vaiado um dia, ninguém escapa.

Você chegou ao Rio de Janeiro em 1987 e adotou a cidade como sua casa. O que falar dela?

É a melhor cidade do mundo. Sou apaixonado pelo Rio de Janeiro. Sou gaúcho, tenho 55 anos mas tenho mais tempo no Rio de Janeiro do que no Sul. Nas vezes em que voltei a Porto Alegre, quando esfria um pouquinho eu uso casaco, luva, manta. As pessoas falam: "Renato, mas não tá tão frio assim", mas o problema é que eu estou há mais de 30 anos no Rio de Janeiro acostumado com aquele sol.

É a melhor cidade do mundo porque no Rio eu posso fazer algumas coisas que em Porto Alegre são mais difíceis. No Sul eu não saio por causa do assédio dos torcedores. Não que eu ache ruim, mas se saio pra tomar um chopp, não consigo. No Rio tem o assédio, óbvio, mas bem menos porque os cariocas estão acostumados com pessoas conhecidas, famosas.

A minha vida toda está no Rio de Janeiro. Meus negócios, minha família... sempre que tenho uma folga, vou para o Rio de Janeiro.

Agora sobre da carreira de treinador, parece que você mudou muito nos últimos anos.

Eu me sinto em outro patamar e com outra cabeça também. Mas é uma coisa normal na vida, independentemente da profissão. Até porque eu trago uma experiência muito grande dentro das quatro linhas, e é uma coisa normal. A pessoa ao invés de contar até três, conta até dez. Ao invés de contar até dez, conta até 20 e vai aprendendo com as situações. Então eu cresci muito.

Como assim?

Você vai aprendendo a cada dia que passa. No momento em que eu falar alguma coisa para os meus jogadores que eles discordam, digo "levante a mão, eu estou aqui para aprender também. Desde que provem que estou errado, eu mudo as coisas.

No seu tempo de jogador você era mais bravo...

Eu era mais bravo, mas era aquela falta de experiência. Por outro lado tinha uma coisa dentro de mim, que eu ainda trago, que é a confiança naquilo que eu faço. Como jogador, eu cansava de falar e falo isso hoje para os jogadores: pode gastar o bicho que eu garanto para vocês no domingo. Quando entro numa parada, entro para ganhar. Não entro pra ser mais um. Esse ganhar ganhar, ganhar e querer ganhar eu passo quase que diariamente para o meu grupo.

E agora como treinador você tem se notabilizado por recuperar jogadores em baixa. Como isso acontece?

O que o pai faz para mudar um filho? Diálogo, explica pra ele várias coisas da vida, da situação... eu faço isso com meus jogadores, até porque estive durante 19, 20 anos lá dentro do campo. Então sei do que o jogador gosta, do que o jogador não gosta, o tratamento que você tem que ter com o jogador para tirar algo mais dele. Agora, se eu ficar falando tudo aqui, ensino para outras pessoas. Então prefiro guardar para mim e passar para os meus jogadores.

Eu sei como tirar algo mais do jogador. Foram jogadores em que ninguém mais acreditava e conquistaram três, quatro títulos pelo Grêmio e continuam jogando bem. Fico muito satisfeito por ver esses jogadores. A confiança que passei, eles me retribuem com carinho e títulos. Isso não tem dinheiro que pague.


Renato Gaúcho com a camisa do Grêmio no Mundial Interclubes de 1983 (Foto: Divulgação / Grêmio)


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