Gre-Nal comprimido ao centro do campo no 1º tempo (Foto: Diego Guichard )
Na história dos Gre-Nais, é costume falar que não há favoritismo, independentemente do momento das duas equipes. Neste domingo, o Grêmio contrariou a tradição e expôs as diferenças oceânicas entre uma equipe campeã da Libertadores e outra egressa da Série B, em formação. Em um duelo tático com times condensados, o time de Renato Portaluppi não só superou a retranca proposta por Odair Hellmann como cresceu e desfilou bom futebol no 3 a 0 aplicado na Arena, arrancando gritos de "olé" no final do jogo.
O Inter até começou melhor no clássico de número 414. Mas sucumbiu para a falta de criação e caiu nas armadilhas propostas pelo toque de bola qualificado do lado azul. E o Grêmio fez o que mais sabe: jogou bola, com qualidade. E deu pouca importância para um gramado judiado pelo show da cantora americana Katy Perry. Confira abaixo a análise do GloboEsporte.com:
Propostas distintas
Embalado pela vitória no Beira-Rio, Renato Portaluppi apostou em nada mais que as próprias convicções para o segundo Gre-Nal em sequência. Utilizou o mesmo sistema de jogo, o 4-2-3-1, já tão bem sucedido, e repetiu a formatação do último clássico, com a volta de Léo Moura na vaga de Madson. Somado a isso, esperou até o último minuto para poder contar com Ramiro, em decisão que se mostraria totalmente acertada ao longo da partida.
Por sua vez, Odair Hellmann sabia que precisava mudar o Inter e projetar algo distinto do que foi no Gre-Nal 413. Ao utilizar o duelo contra o Cianorte como experiência, o treinador moldou o time com mudanças em todos os setores. No 4-1-4-1, congestionou o meio-campo e apostou em contra-ataques, puxados por Marcinho e Nico López. Ao mesmo tempo, colocou D’Alessandro como a, com obrigações defensivas.
Por cima e no futebol reativo
O Inter claramente apostava na reação. Deixava o Grêmio tomar a iniciativa das jogadas e tentava destruir os lances de ataque, com Rodrigo Dourado e Gabriel Dias como cães de caça. E como não poderia deixar de ser, também apostou no calcanhar de Aquiles da equipe de Renato: a bola aérea defensiva.
Maicon e Rodrigo Dourado brigam pela bola na Arena (Foto: Wesley Santos/Agência PressDigital)
Foi por cima, em bolas alçadas para a área, que o time de Odair encontrou as melhores chances do primeiro tempo. No início, D’Ale executou a cobrança de falta, e Rodrigo Dourado quase abriu o marcador de cabeça. Na segunda oportunidade, Edenílson surgiu pela direita e fez cruzamento venenoso. Para evitar o tento, Marcelo Grohe teve de comprovar o grande momento com mais um dos seus milagres e espalmar testada de Patrick – a bola ainda tocou no travessão antes de sair.
Com o decorrer do primeiro tempo, o Grêmio passou a ganhar espaço e tomar a iniciativa total da partida. Mas encontrava dificuldade para entrar na área colorada, que transbordava de volantes na meia-lua. Com forte marcação, Luan era caçado em campo e sofria com faltas. Nesse panorama, restava ao Tricolor arriscar de fora da área, com o próprio camisa 7 e Everton – sem grande perigo.
O Inter parecia perder fôlego e, principalmente, capacidade de criação. Pelo lado direito, Marcinho não tinha vitórias pessoais e pouco criava, ao passo que Nico sofria com a solidão no ataque, sempre bem vigiado por Geromel e Kannemann.
Gol com o DNA do Grêmio
Em um duelo no qual os espaços se tornavam raros, venceria a equipe com o toque de bola mais qualificado para enganar a marcação. E nesse estilo de jogo o Grêmio tem PHD. Na escola de futebol Renato Portaluppi, o Tricolor movimentou o marcador ao melhor estilo do time.
Ao fazer rodar a bola, Luan encontrou Ramiro com liberdade incompatível para a grande área. Se fosse um jogador qualquer, poderia ter isolado pela linha de fundo. Mas Ramiro seguiu a risca a linha de treinamento e teve frieza para rolar a bola área adentro. Encontrou Everton para deslocar e vencer Marcelo Lomba.
Tanto bate até que…
No "abafa", Grêmio não deixa Inter respirar e reter a bola no 2º tempo (Foto: Diego Guichard )
Confiante com a abertura do placar, o Grêmio se manteve no campo de ataque na etapa complementar. Renato enxergou a deficiência no setor de criação do time de Odair Hellmann e apostou na marcação sob pressão. Com os nove jogadores de linha em funções defensivas, o Inter servia de sparring, atordoado, para um Tricolor que não se cansava em martelar.
Sem capacidade de reação ou de reter a posse de bola, o Inter só assistia à partida na Arena e já tinha escapado de levar gol de cabeça, de Geromel, ao aproveitar uma sequência de escanteios. O Colorado acabou punido pela falta de atitude. E pela crueldade... de Jael. Em uma cobrança de falta frontal, o centroavante mostrou que a temporada zerada ficou no passado. Fez um golaço e foi comemorar nos braços de Renato.
Por conta de problemas físicos, Maicon pediu para deixar o campo e cedeu espaço a Arthur, o que qualificou ainda mais a saída de bola tricolor. Era como se a arma secreta de Renato estivesse em campo. Pouco depois, Alisson entraria na vaga de Everton. Pelo lado do Inter, Odair sacou Marcinho, inoperante no jogo, e promoveu a estreia do lateral Fabiano – recolocou Edenílson ao meio-campo.
Golpe fatal
Em nenhum momento o Grêmio perderia o controle do meio-campo na segunda etapa, ainda mais com Arthur. E foi do garoto gremista o terceiro e impiedoso gol. Recebeu assistência de ombro – como se fosse futevôlei – de Jael e entrou na área, absolutamente livre. Bateu por baixo de Lomba e acertou o alvo. Na comemoração, os jogadores do Grêmio se abraçaram de frente para a torcida, como se fosse o final do jogo.
E realmente era o golpe fatal. Abalado, o Inter não se movimentava com naturalidade, sofria para criar e exibia carências. Até teria uma derradeira chance de reduzir o prejuízo. Mas aí encontrou um iluminado Marcelo Grohe, que fez mais um dos seus milagres ao aparar chute frontal de Rodrigo Dourado.
Na saída de campo, os semblantes para cada lado mostravam exatamente como tinha sido o jogo. Pelo lado vermelho, os colorados caminhavam cabisbaixos, ainda sem entender o que tinha acontecido. Enquanto isso, os Tricolor vibraram à altura de um placar elástico dos 3 a 0 – resultado que praticamente encaminha a equipe para as semifinais do Gauchão.
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O Inter até começou melhor no clássico de número 414. Mas sucumbiu para a falta de criação e caiu nas armadilhas propostas pelo toque de bola qualificado do lado azul. E o Grêmio fez o que mais sabe: jogou bola, com qualidade. E deu pouca importância para um gramado judiado pelo show da cantora americana Katy Perry. Confira abaixo a análise do GloboEsporte.com:
Propostas distintas
Embalado pela vitória no Beira-Rio, Renato Portaluppi apostou em nada mais que as próprias convicções para o segundo Gre-Nal em sequência. Utilizou o mesmo sistema de jogo, o 4-2-3-1, já tão bem sucedido, e repetiu a formatação do último clássico, com a volta de Léo Moura na vaga de Madson. Somado a isso, esperou até o último minuto para poder contar com Ramiro, em decisão que se mostraria totalmente acertada ao longo da partida.
Por sua vez, Odair Hellmann sabia que precisava mudar o Inter e projetar algo distinto do que foi no Gre-Nal 413. Ao utilizar o duelo contra o Cianorte como experiência, o treinador moldou o time com mudanças em todos os setores. No 4-1-4-1, congestionou o meio-campo e apostou em contra-ataques, puxados por Marcinho e Nico López. Ao mesmo tempo, colocou D’Alessandro como a, com obrigações defensivas.
Por cima e no futebol reativo
O Inter claramente apostava na reação. Deixava o Grêmio tomar a iniciativa das jogadas e tentava destruir os lances de ataque, com Rodrigo Dourado e Gabriel Dias como cães de caça. E como não poderia deixar de ser, também apostou no calcanhar de Aquiles da equipe de Renato: a bola aérea defensiva.
Maicon e Rodrigo Dourado brigam pela bola na Arena (Foto: Wesley Santos/Agência PressDigital)
Foi por cima, em bolas alçadas para a área, que o time de Odair encontrou as melhores chances do primeiro tempo. No início, D’Ale executou a cobrança de falta, e Rodrigo Dourado quase abriu o marcador de cabeça. Na segunda oportunidade, Edenílson surgiu pela direita e fez cruzamento venenoso. Para evitar o tento, Marcelo Grohe teve de comprovar o grande momento com mais um dos seus milagres e espalmar testada de Patrick – a bola ainda tocou no travessão antes de sair.
Com o decorrer do primeiro tempo, o Grêmio passou a ganhar espaço e tomar a iniciativa total da partida. Mas encontrava dificuldade para entrar na área colorada, que transbordava de volantes na meia-lua. Com forte marcação, Luan era caçado em campo e sofria com faltas. Nesse panorama, restava ao Tricolor arriscar de fora da área, com o próprio camisa 7 e Everton – sem grande perigo.
O Inter parecia perder fôlego e, principalmente, capacidade de criação. Pelo lado direito, Marcinho não tinha vitórias pessoais e pouco criava, ao passo que Nico sofria com a solidão no ataque, sempre bem vigiado por Geromel e Kannemann.
Gol com o DNA do Grêmio
Em um duelo no qual os espaços se tornavam raros, venceria a equipe com o toque de bola mais qualificado para enganar a marcação. E nesse estilo de jogo o Grêmio tem PHD. Na escola de futebol Renato Portaluppi, o Tricolor movimentou o marcador ao melhor estilo do time.
Ao fazer rodar a bola, Luan encontrou Ramiro com liberdade incompatível para a grande área. Se fosse um jogador qualquer, poderia ter isolado pela linha de fundo. Mas Ramiro seguiu a risca a linha de treinamento e teve frieza para rolar a bola área adentro. Encontrou Everton para deslocar e vencer Marcelo Lomba.
Tanto bate até que…
No "abafa", Grêmio não deixa Inter respirar e reter a bola no 2º tempo (Foto: Diego Guichard )
Confiante com a abertura do placar, o Grêmio se manteve no campo de ataque na etapa complementar. Renato enxergou a deficiência no setor de criação do time de Odair Hellmann e apostou na marcação sob pressão. Com os nove jogadores de linha em funções defensivas, o Inter servia de sparring, atordoado, para um Tricolor que não se cansava em martelar.
Sem capacidade de reação ou de reter a posse de bola, o Inter só assistia à partida na Arena e já tinha escapado de levar gol de cabeça, de Geromel, ao aproveitar uma sequência de escanteios. O Colorado acabou punido pela falta de atitude. E pela crueldade... de Jael. Em uma cobrança de falta frontal, o centroavante mostrou que a temporada zerada ficou no passado. Fez um golaço e foi comemorar nos braços de Renato.
Por conta de problemas físicos, Maicon pediu para deixar o campo e cedeu espaço a Arthur, o que qualificou ainda mais a saída de bola tricolor. Era como se a arma secreta de Renato estivesse em campo. Pouco depois, Alisson entraria na vaga de Everton. Pelo lado do Inter, Odair sacou Marcinho, inoperante no jogo, e promoveu a estreia do lateral Fabiano – recolocou Edenílson ao meio-campo.
Golpe fatal
Em nenhum momento o Grêmio perderia o controle do meio-campo na segunda etapa, ainda mais com Arthur. E foi do garoto gremista o terceiro e impiedoso gol. Recebeu assistência de ombro – como se fosse futevôlei – de Jael e entrou na área, absolutamente livre. Bateu por baixo de Lomba e acertou o alvo. Na comemoração, os jogadores do Grêmio se abraçaram de frente para a torcida, como se fosse o final do jogo.
E realmente era o golpe fatal. Abalado, o Inter não se movimentava com naturalidade, sofria para criar e exibia carências. Até teria uma derradeira chance de reduzir o prejuízo. Mas aí encontrou um iluminado Marcelo Grohe, que fez mais um dos seus milagres ao aparar chute frontal de Rodrigo Dourado.
Na saída de campo, os semblantes para cada lado mostravam exatamente como tinha sido o jogo. Pelo lado vermelho, os colorados caminhavam cabisbaixos, ainda sem entender o que tinha acontecido. Enquanto isso, os Tricolor vibraram à altura de um placar elástico dos 3 a 0 – resultado que praticamente encaminha a equipe para as semifinais do Gauchão.
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