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Léo Moura se emociona com volta por cima e título inédito: "Era o que faltava"

Indicado por Renato Portaluppi, veterano se reinventa na carreira com nova fase e já projeta disputa do Mundial de Clubes, nos Emirados Árabes


Fonte: Globo Esporte

Léo Moura se emociona com volta por cima e título inédito: Era o que faltava
Emocionado, Léo Moura exibe a medalha do Tri da América (Foto: Eduardo Deconto)
Os ponteiros do relógio percorriam as últimas voltas, apenas para cumprir os cinco minutos de acréscimos da decisão da Libertadores. Diante de um La Fortaleza apinhada de torcedores do Lanús e de barulhentos tricolores, os gremistas faziam o tempo correr com o confortável 2 a 1 de vantagem, sem interesse em mais nada além do apito final. À beira do campo, o veterano Léo Moura se ajoelha, aflito para por as mãos na taça inédita em sua carreira vitoriosa. Andando de um lado ao outro, Renato Gaúcho se aproxima e aplica um abraço caloroso, sincero, para dizer: "Tu merece".



Não é preciso mais do que isso para passar um filme na cabeça de Léo Moura. Uma trajetória de 39 anos de vida que fazem seus olhos transbordar em lágrimas dois dias mais tarde, já no conforto do condomínio onde mora em Porto Alegre. As lembranças da reviravolta por que passou sua carreira nos últimos meses aflora. A saída do Santa Cruz após o rebaixamento. A desconfiança com sua contratação pelo Grêmio. O gol que abriu o caminho para a conquista do continente. A acolhida e o carinho de Renato. A volta por cima. O choro do Tri.

– Eu sofri para estar aqui. Depois de ter ganhado muita coisa no Flamengo, não me imaginava sair, mas encerrar a carreira no Flamengo, conquistando uma Libertadores, os títulos que conquistei lá. Mas não foi assim. E eu vim conquistar aqui no Grêmio, com um cara que eu nunca tinha trabalhado junto, o Renato. E entrei para a história, cara. A emoção é muito grande – diz, às lágrimas.

Léo Moura recebeu a reportagem do GloboEsporte.com e RBS TV na tarde desta sexta-feira, já recarregado após viver com intensidade um dia com bem mais de 24 horas, da quarta para a quinta-feira, com a final da Libertadores, o Tri e a festa pelas ruas de Porto Alegre e com a família dentro da Arena. Em 30 minutos de conversa, o lateral-direito discorreu sobre as raízes que firmou com o Grêmio em tão pouco tempo de clube, que o fazem projetar o futuro em solo gaúcho após a aposentadoria – que ainda tardará a chegar, garante.

Mas o papo foi além de 11 meses de um 2017 inesquecível, a ser eternizado em sua pele em uma tatuagem, após ter se reencantado com a profissão ao fazer parte de um grupo unido e que entrou para a história com o tri da Libertadores. O time do coração, o Flamengo, também entrou na pauta, quase sem querer, a cada resposta. Mas já faz parte do passado. Aos 39 anos, Léo Moura fez seus olhos reluzirem com a vontade de um garoto para disputar seu primeiro Mundial de Clubes, em uma história que ainda está por ser escrita.

Confira os principais trechos da entrevista:
GloboEsporte.com
– Na sua chegada, você disse que veio para ganhar a Libertadores. Era o título que faltava?
Léo Moura – Quando eu cheguei ao Grêmio, meu objetivo maior era essa Libertadores, até pelo que ela representava para mim. E era o título de mais expressão que faltava na minha carreira. Quando cheguei, coloquei o objetivo na frente. Não dependia só de mim, de todos os companheiros. As fases foram passando, nosso time foi ganhando corpo e foi ficando cada vez mais próximo até se concretizar campeão desse campeonato tão importante que todo o jogador sonha. Eu fui feliz aqui no Grêmio e coloquei esse título no currículo.

Você foi campeão aos 39 anos, vindo do Santa Cruz um tanto desacreditado. Qual o sentimento de concretizar esse sonho nesse estágio da carreira?
É uma volta por cima. É a palavra certa. Mesmo no ano passado, eu tendo conquistado dois títulos pelo Santa Cruz, no final do ano, não foi tão especial como esse ano aqui no Grêmio. Com 39 anos, conquistar uma Libertadores, eu até ontem (quinta, dia 30) recebi uma mensagem do Júnior, um dos maiores ídolos do Flamengo, que eu tinha que comemorar isso. Não é qualquer jogador que chega com 39 anos com chance de conquistar uma Libertadores. É a palavra de um cara que sempre fui fã, amigo. E eu vou comemorar mesmo. Essa marca é muito importante. E fica na história de um clube tão importante.

Na festa na Arena, sua esposa disse que o vovô garoto ainda tinha lenha para queimar.
Ela sempre brinca comigo com relação a isso. Ela vê o que eu faço para poder manter essa regularidade. Eu sou um cara que estou sempre me cuidando. Eu tenho muita lenha para queimar. Quero jogar muito ainda. Os títulos que vierem para ser conquistados, quero conquistar. Um jogador só é reconhecido com títulos. Eu sou abençoado por ter conquistado vários títulos e vou continuar nessa pegada.

Esse é o maior título da sua carreira?
A Libertadores é um título de grande importância. Todo o jogador sonha. Eu fui campeão brasileiro pelo Flamengo, duas vezes campeão da Copa do Brasil pelo Flamengo. São títulos muito importantes, muito marcantes para mim. Mas a Libertadores é um título mais marcante ainda, pela dificuldade que é. Mas pode perguntar, qualquer jogador quer ganhar Libertadores e ir para o Mundial. Até agora, não caiu a ficha de ter conquistado esse título para a minha carreira.

Passou pela cabeça que você encerraria a carreira após a passagem pelo Santa Cruz?
Para encerrar a carreira, não. Mas não imaginaria que eu iria ter uma chance de chegar e disputar uma Libertadores. Confesso que não imaginaria. Quando apareceu a oportunidade do Grêmio, além de ter propostas financeiramente melhores, optei pelo Grêmio por isso, pelo projeto, pela Libertadores. Quando eu conversei com o Renato no Rio, eu passava tudo para ele. Ele dizia: “Não vou falar se você vai ser titular ou reserva. Isso só vai depender de você, mas que os campeonatos que vêm pela frente, você pode conquistar e vai ser bom para você”. Acreditei no projeto. A minha maior vontade era ganhar essa Libertadores. A oportunidade que eu tinha era aqui no Grêmio. Sou muito grato a ele, ao Espinosa e à diretoria do Grêmio, que confiaram em mim.

Você fez o primeiro gol da campanha. Era o destino?
Eu sou um cara abençoado mesmo. Não é fácil, não. Eu, depois, naquela hora que o Renato me abraçou ali, só passava esse filme. Eu vim para o Grêmio, comecei abrindo a porteira. Quando foi chegando a reta final, você vai vendo em redes sociais. Ah, a camisa 16 porque era do Jardel, as coisas vão se encaixando e caminham para um lado positivo. Acabou que deu certo.

Sabia que a camisa 16 foi vestida pelo Jardel?
Sabia que tinha jogado com a 16. Mas a minha escolha na 16 é porque não podia usar a 88. Deus faz tudo certinho. O ano da Chapecoense, o acidente trágico, que foi no dia de conquistar a Libertadores. E ali o meu número da camisa foi em homenagem ao Cléber Santana, que usava a 88, e em homenagem à minha esposa, que o ano de nascimento é 88. Eu usei para fazer a homenagem a ele, que era um grande amigo meu e a minha esposa.

Qual foi a sensação quando lembrou de tudo isso e ganhou um abraço de Renato?
Na hora que eu estava ajoelhado, o filme passa na cabeça pela volta por cima, por tudo o que passei depois que saí do Flamengo, fui para a Índia, o Metropolitano, fui para o Santa Cruz. Não desmerecendo qualquer um desses times, mas a dificuldade e eu ter conseguido voltar para disputar uma Libertadores. Eu sofri para fazer isso acontecer, e minha família sofreu junto comigo. Muitas críticas, desconfiança, mensagens que tinha que parar de jogar bola, que não podia jogar em alto nível. Isso aí foi meu combustível para dar a volta por cima. Naquele momento ali, eu estava ajoelhado, emocionado pela conquista desse título, o Renato falou para mim: "Você merece". E aí, não tem como não se emocionar. O cara que me deu a oportunidade está aqui e.... (pausa para o choro). Eu consegui conquistar esse título. Sou muito grato a ele.

Passa um filme na cabeça?
Sofri para estar aqui. Depois de ter ganhado muita coisa no Flamengo, não me imaginava sair do Flamengo, imaginava encerrar a carreira no Flamengo, conquistando uma Libertadores, os títulos que conquistei lá. Mas não foi assim. E eu vim conquistar aqui no Grêmio, com um cara que eu nunca tinha trabalhado junto, o Renato. E entrei para a história, cara. A emoção é muito grande.

Fale um pouco dessa relação com o Renato.
Ele sabe que sou um cara que pode contar a qualquer momento. Naquele jogo do Botafogo (quartas da Libertadores), ficou marcado, não sei se ele esperava que a gente tivesse um pouco de dificuldades no começo do jogo. E quando ele veio falar comigo no banco (após ser substituído no primeiro tempo), a primeira coisa que eu disse foi: "Fica tranquilo, eu sou um cara grato a você por estar aqui. Eu jamais vou ficar p*. Pode ficar tranquilo que não estou chateado". Foi para o bem do grupo, e graças a Deus, conseguimos essa passagem de fase.

Você já falou que quer ficar em Porto Alegre depois de encerrar a carreira. Por quê?
Dentro de sua casa é o lugar em que você fica mais feliz. Quando eu cheguei ao Grêmio, esse grupo me recebeu de braços abertos, me carregou no colo. A amizade que a gente tem aqui dentro não se vê em qualquer grupo. O ambiente é muito maravilhoso, não só os jogadores, o pessoal da rouparia, do estafe. Todo mundo rema para o mesmo objetivo. É isso que dá prazer de estar em um clube. A energia é muito positiva. Isso te faz querer permanecer mais.

Você, aos 39 anos, está se preparando para disputar o primeiro Mundial de sua carreira. A vontade é de garoto?
Estou me sentindo como se fosse meu primeiro campeonato. Um Mundial de Clubes. Qual jogador não sonha com isso? Eu sempre sonhei em jogar na Seleção, joguei. Sempre sonhei em jogar no time de coração, o Flamengo. Joguei. Sempre sonhei em ser campeão da Libertadores, ganhei. Agora, estou com oportunidade de disputar o Mundial. Eu estou muito feliz. A ficha ainda não caiu. Eu fico vendo as fotos no celular, a festa, o torcedor na rua, a gente via cada imagem, o pessoal chorando, agradecendo. Vamos desfrutar. Se permitir, a taça vai ser nossa. Lógico, é um Mundial de Clubes, mas a gente tem que fazer o que a fizemos durante esse ano todo, que é jogar o futebol mais bonito do Brasil.

Claro que tem que passar pela semifinal, mas você já se imaginou se tiver que marcar o Cristiano Ronaldo?
Eu vou jogar como o Léo Moura joga. Não vou fazer nada de diferente, como sempre fiz na carreira, que é jogar o meu futebol, o futebol que eu sei. Lógico que jogar contra o Cristiano Ronaldo, o Marcelo, esses craques, sempre tem que ter atenção redobrada. As oportunidades que um ou outro jogador perdem, eles não perdem. Eu estou feliz só de estar indo para lá com o Grêmio. Se eu vou jogar ou não, não sei. Só em estar ali, estou muito realizado.

De onde veio a provocação ao Inter, com o minuto de silêncio?
Isso é ideia do Edílson. Isso contagia o pessoal, a gente já estava ali louco pelo título. O futebol perdeu um pouco isso, não pode mais falar nada, não pode mais brincar. A gente nunca vai desrespeitar a instituição. É uma brincadeira de comemoração, nada pessoal. Tem que aproveitar o momento feliz, pela rivalidade. O futebol perdeu um pouco isso, essa essência das brincadeiras. Mas tudo com respeito".

E o cheiro de título... Foi provocação?
Não. Pelo amor de Deus, torcedor do Flamengo, eu jamais vou provocar meu time do coração. Naquele momento, a gente sempre costuma usar essa gíria. E o Paulo Victor, a gente passou esses anos todos no Flamengo sendo campeões juntos. Todos os títulos que ganhei, ele ganhou juntos. Agora, ele veio para cá ganhar o título que a gente não tinha. A gente conseguiu criar esse DNA no Flamengo. O nosso cheiro de títulos é do Flamengo.

Vai tatuar alguma lembrança da Libertadores?
Sim. A taça.

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