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Cortez "profetiza" Tri em promessa à família e já entra na onda do Mundial

De contrato renovado, lateral supera desconfiança inicial da torcida com a conquista da Libertadores pelo Grêmio e se veste de árabe, de olho em viagem para Abu Dhabi


Fonte: Globo Esporte

Cortez profetiza Tri em promessa à família e já entra na onda do Mundial
Cortez entra no clima do Mundial e se veste de "árabe" (Foto: Eduardo Deconto / GloboEsporte.com)
Bruno Cortez reúne sua esposa, Juliana, e os filhos Pablo e Noah, para uma última oração instantes antes de rumar ao CT Luiz Carvalho para o último treino do Grêmio em Porto Alegre às vésperas da decisão da Libertadores. Na intimidade do lar, o momento de fé com a família serve de combustível. Revigorado, o lateral-esquerdo se despede com uma promessa profética, concretizada dois dias mais tarde:



– Eu tô indo, mas vou voltar com o título – acenou.
A profecia se concretizou na mais doce das verdades na noite da última quarta-feira, com a atuação de gala que forjou o triunfo por 2 a 1 sobre o Lanús, no La Fortaleza, e o Tricampeonato da Libertadores da América, eternizado na história centenária gremista. Ali, Cortez se ajoelhou, esbanjou toda a sua fé em forma de gratidão e ainda "ofuscou" Pedro Geromel ao erguer um troféu em frente ao rosto do capitão, que alçava o Grêmio ao posto mais alto do continente.

Ali, o lateral-esquerdo soterrou um 2017 que se desenhava traumático. Após retornar do futebol japonês, o jogador estava de malas prontas para rumar ao Náutico. Para rumar a um rebaixamento à Série C. Um telefonema do amigo Léo Moura guinou seu destino à Arena, com a benção de Renato Portaluppi, para viver, meses mais tarde, a glória do título da América bem junto da família. E de contrato renovado por mais duas temporadas – um prêmio merecido por sua superação da desconfiança dos torcedores.

– Deus faz as coisas de um jeito que a gente não entende. Estava tudo certo para ir para o Náutico, aí eu recebi uma ligação do Léo Moura, falando para eu esperar. Esperei e vim para cá. Acho que (a medalha) tem muito valor para mim. Uma pessoa que chegou desacreditada conquistar a América, é para poucos. É muito gratificante – contou.

"Igual a criança, peguei uma taça e comecei a botar na cara do Geromel, a tapar todo mundo. É motivo de muita felicidade. Pode ver que estou rouco até agora. É uma felicidade que não cabe no coração".

Quase afônico de tanto festejar, Bruno Cortez recebeu a reportagem do GloboEsporte.com nesta sexta-feira para revisitar as últimas horas de euforia pura com a conquista do Tri da América pelo Grêmio. Com a voz rouca e o sorriso característico estampado no rosto, o lateral-esquerdo foi além e discorreu sobre toda a temporada. E chegou até a vestir um turbante árabe, já no clima do Mundial de Clubes em Abu Dhabi, para projetar os embates que podem render ao Tricolor o bi do mundo. Ah, com a promessa – aos risos, diga-se – de fechar uma lanchonete de comida típica no esquema "0800", o mesmo de seu casamento.

> Confira a entrevista:

GloboEsporte.com – Conta um pouco sobre tudo isso que você viveu nos últimos dias, a final, o título, a festa, a carreata... Por aí vai.
Bruno Cortez – Só tenho que agradecer a Deus por esse momento maravilhoso, de poder fechar essa temporada que não acabou ainda sendo tricampeão da América é muito gratificante para mim. Mostrou a força do nosso grupo, do nosso elenco, o trabalho que o professor Renato vem passando para a gente aí. E acho que já começou a motivar a gente na nossa ida a Buenos Aires. Os torcedores dando aquela força positiva no nosso embarque. Chegando lá, recebemos cartas dos nossos familiares. Isso motivou muito. E entrando dentro do campo para aquecer determinado, nossa torcida já calando o estádio e podendo fazer um grande jogo e sair com o resultado. Voltando, foi só festa. Estou rouco até agora. Os nossos torcedores e nós merecíamos.

Qual foi a sensação assim que o árbitro apitou o final da partida?
Aquele momento, quando o juiz apitou foi de gratidão, primeiro a Deus, ao Léo Moura, ao Maicon, ao Renato, por ter me dado oportunidade de estar aqui no Grêmio. O Léo Moura falou com o Alexandres sobre a minha pessoa, aí o Alexandre passou para o Renato, o Renato reuniu o grupo todo os jogadores e comentaram de mim. Todo mundo foi a meu favor de vir para cá. Então, eu tenho imensa gratidão a eles.

Você falou da confiança do Renato. Mas consegue pensar que estava prestes a ir ao Náutico, rebaixado à Série C, e acabou no Grêmio para conquistar um título histórico?
Deus faz as coisas de um jeito que a gente não entende. Estava tudo certo para ir para o Náutico, aí eu recebi uma ligação do Léo Moura, falando para eu esperar. Esperei e vim para cá. Eu também sou muito grato ao Náutico, que abriu as portas para mim. Só que aqui era o plano de Deus para a minha vida, de vir para o Grêmio, de ser tricampeão, de conhecer o Renato, os outros jogadores e poder retomar meu futebol com alegria, com felicidade, de poder estar em alto nível.
"O Renato é um cara que dispensa comentários e dá muita confiança a todos os jogadores. Chegou e falou: gente, chegou o momento de vocês entrarem para a história, de vocês marcarem o nome de vocês no clube".

Qual foi o sentimento do Cortez quando botaram a medalha em seu peito?
Igual a criança, peguei uma taça e comecei a botar na cara do Geromel, a tapar todo mundo. Então, é um motivo de muita alegria, de muita felicidade. Pode ver que estou rouco até agora. Estou muito feliz mesmo, uma felicidade que não cabe no coração.

Tem valor que pague essa medalha?
Acho que tem muito valor para mim. Uma pessoa que chegou desacreditada, conquistar a América, é para poucos. Só para quem é escolhido por Deus. É muito gratificante para mim, ainda mais por um clube grandioso como o Grêmio, com a história que tem o Grêmio. Já começa pelos nossos torcedores, que são apaixonados. Nos jogos nossos, a nossa torcida a motivação é diferente, o grito é diferente. O jeito que empurra os jogadores é diferente. Só isso ai, já contagiava a gente.

Conta um pouco mais da festa no vestiário no La Fortaleza, algo que ninguém viu ou falou ainda.
É difícil algo que ninguém viu. Estava todo mundo dentro do vestiário. Viram até troço que não podia (risos). O ambiente lá foi maravilhoso, foi de muita felicidade. Todo mundo contente em poder terminar a temporada com o nosso objetivo, que era conquistar o título. Tem nada melhor do que voltar para casa com o dever cumprido. O próprio Geromel falou antes de entrar em campo, que a gente pudesse entrar em campo pelos nossos familiares, que a nossa família estava esperando a nossa volta. E qual era o jeito que a gente queria voltar para casa? Qual jeito que a gente queria ser recebido pelos nossos filhos, pelas nossas esposas? Chorando ou felizes?

Teve a sensação de que quinta-feira realmente foi feriado em Porto Alegre?
Com certeza. Eu estava no trio elétrico e pensava: "Jesus, não acaba isso aqui!". Milhares de torcedores na rua. Só tem a agradecer aos torcedores gremistas. Deram show na Libertadores, na Copa do Brasil. Eles abraçaram o nosso time. E nosso time correu não só por eles, mas por nossas famílias.

Quem era o mais animado na festa?
A câmera toda viu que era o Kannemann. Ele estava demais, mas merece.

Além do título, você renovou seu contrato com o Grêmio, mais dois anos de contrato. É um baita desfecho para quem chegou desacreditado, né?
Fico muito feliz de estar num clube que confiou em mim e deu toda a liberdade, deu todo o crédito para mim. Foi um motivo de alegria e felicidade de chegar ao clube e conquistar a América. Agora, são dois anos para trabalhar bastante, para conquistar mais títulos. E pode ter certeza que vou me doar ao máximo para conquistar mais títulos e mais títulos nesta temporada que vai vir.
A torcida viu raça, disposição e vontade, eles começaram a me incentivar e isso aí deu liga. Hoje, somos tri. É o mais importante.

Você publicou em seu Instagram que voltou a ser o bom e velho Cortez. Quem é o bom e velho Cortez?
É o Cortez do dia a dia, sempre sorridente, alegre, feliz de poder fazer o que amo, que é jogar futebol com alegria. Momento que passei, momento bom no São Paulo, no Botafogo. Pude ir para a Seleção, para o Grêmio. Poder retomar meu futebol. Cheguei com desconfiança, mas mostrei que podia contar comigo, que meu futebol só tinha melhorado, tinha evoluído. Isso motiva e só mostra que eu continuo 3.0 turbo com muita alegria e felicidade.

Fala do gol do Luan. Você passa enlouquecido na esquerda, mas ele segue até fazer aquele golaço. Como acompanhou o lance?
No domingo, nós treinamos muito isso. O Renato parou o treino, e a gente fazia várias jogadas para tentar surpreender o adversário. O Renato falou: Cortez, quando o próprio Luan ou o Fernandinho pegarem a bola, tu vai igual bala, se manda para a frente. Só que ali, vai ter duas opções. Ou toca para mim, ou faz a jogada individual que ele fez. É um craque. Eu fui para dar opção para ele. Ele fez outra jogada. Se ele perde, ia voltar e fechar, porque nosso grupo está fechado. Todo mundo se doou o máximo. Até o Papi estava ajudando.

Qual foi o momento que vocês viram que o grupo ia ser campeão?
O jogo contra o Botafogo foi o fator-chave, porque o nosso time jogou muito no Rio. Quando chegou a Porto Alegre, o Botafogo naquela pressão no começo do jogo, e o Marcelo defendendo, defendendo, defendendo. Aí, no começo do segundo tempo, conseguimos fazer o gol com o Barrios. No final, o time recuou, e o Botafogo na pressão. Quando a gente ganhou o jogo, nós falamos: o nosso time chegou. Depois, o jogo lá contra o Barcelona, a gente ganhou de 3 a 0, aí ficou difícil de segurar a gente.

Mas a atuação mais emblemática desse grêmio do Renato foi a de quata-feira, né?
No primeiro jogo, a gente não conhecia o jeito que o Lanús ia vir jogar. Na Arena, a gente teve um pouco de dificuldades no começo do jogo, a gente tentava abafar a marcação e não conseguia. Para o jogo da volta, o Renato fechou o treino para treinar só isso. Nós surpreendemos eles. Nós pegamos eles lá em cima no começo do jogo e deixamos eles de mano. Então, nossa última linha estava no meio-campo. A confiança do grupo, que o Renato tinha passado para todos os jogadores, com todo mundo sabendo o que tinha que ser feito. O time estava determinado em conquistar a América, conquistar esse título.

Cortez, queria que você voltasse um pouco ao pré-jogo. Como foi a preleção do Renato? E a carta da sua família?
O Renato é um cara que dispensa comentários e dá muita confiança a todos os jogadores. Chegou e falou: gente, chegou o momento de vocês entrarem para a história, de vocês marcarem o nome de vocês no clube. É o que ele sempre fala para a gente. Não adianta todo mundo elogiar nosso time se não marcar o nome, se não ganhar o título. No momento em que cheguei ao estádio, recebi a carta da minha esposa, dizendo que já era um campeão para eles, e a minha família sempre vai estar me apoiando, e confiavam em mim. Eu sabia que tinha uma responsabilidade muito grande, porque estava dentro do campo representando a minha família. E também os 10 milhões de gremistas que estavam torcendo para a gente.

Além da carta, que outros bastidores viveram no tri, algo que marcou?
O bastidor maior dessa conquista é a união do nosso grupo, a humildade do grupo que não tem vaidade, não tem soberba. É todo mundo ajudando o outro. Um correndo pelo outro. Esse foi o fator primordial para a nossa conquista. A união, que começa do nosso comandante, do Renato, que deixa o grupo sempre em alto astral, feliz. Não deixa nenhuma vaidade entrar no grupo. Esse é o fator primordial da nossa conquista.

De onde veio a força para superar os momentos adversos, para ter um ano tão consistente?
Do Renato, a todo momento, conversando com a gente. No Gauchão, fomos eliminados, o Renato conversou com a gente para não baixar a cabeça. Fomos eliminados na Copa do Brasil, conversou para o grupo manter o mesmo foco, que coisas boas iam acontecer. Chegou a hora da Libertadores. O nosso grupo estava preparado. Nosso grupo estava focado em conquistar um título para os nossos torcedores. Acho que Deus preparou o melhor para o final. E foi a Libertadores. Para coroar a temporada que tivemos. Imagina, jogar cinco competições e manter o alto nível nas cinco Não é para qualquer um.

Como é para o pai de família Cortez posar na Arena e ter a foto para a história?
É muito gratificante para mim, porque antes de sair de casa, eu costumo reunir a família, a gente está sempre fazendo uma oração para que Deus possa nos levar e nos trazer na santa paz e quando saí de casa pedi para a minha esposa para fazer uma oração e falei para ela: "Eu tô indo mas vou voltar com o título". Poder cumprir a promessa e depois levar eles ao estádio, receber o carinho dos torcedores e poder tirar aquela foto com a família, meu filho com a taça, minha esposa, o Noah todo sorridente... Foi muito gratificante.

Cortez, sua contratação não foi muito bem recebida pelos torcedores. Foi tão difícil superar as críticas para se eternizar como ídolo do clube?
Isso é normal, como eu estava fora e não saí legal do Brasil, eu estava há dois anos no Japão, é normal o torcedor dizer: "e aí como vem o Cortez?". Tive a oportunidade de vir para o Grêmio, trabalhei forte, buscando meu espaço, quando chegou a oportunidade, eu estava pronto. E pude mostrar para os torcedores que estava pronto para vestir esse manto tricolor. A torcida viu raça, disposição e vontade, eles começaram a me incentivar e isso aí deu liga. Hoje, somos tri. É o mais importante.
"Não sei (como marcar CR7). O Renato tem sempre um esquema, um jeito. Esses três dias de folga, acho que ele vai armar alguma coisa para a gente ir para o Mundial"

Já consegue projetar o Mundial e o que espera vocês nos Emirados Árabes?
Ah, o momento agora é só curtir a folga que o patrão deu. E segunda-feira, voltar ao foco, que é o Mundial. Vamos ter jogos difíceis lá. Vamos nos preparar bem para poder chegar à final e, quem sabe, beliscar esse Mundial para fechar o ano com chave de ouro.

Consegue não pensar no CR7 e no Real Madrid?
Acho que todo mundo pensa em poder disputar com o Real Madrid e fazer um grande jogo. Não tem como não pensar em marcar o Cristiano Ronaldo. Vai ter o Marcelo do outro lado. Vai ser um grande jogo.

O Renato diz que joga mais que o Cristiano Ronaldo. Acha que ele vai ter uma dica para parar o rival durante o jogo?
Não sei. O Renato tem sempre um esquema, um jeito. Esses três dias de folga, acho que ele vai armar alguma coisa para a gente ir para o Mundial e fazer uma baita partida lá para conquistar o Mundial.

O que você sabe do Pachuca e do Wydad Casablanca, possíveis rivais na semifinal?
Então, se eu falar que eu sei, vou estar mentindo. Eu sei de nada, porque a gente estava focado só no Lanús. Não tinha como pensar no Mundial se não passamos nem do Lanús. Segunda-feira, vão passar tudo para a gente, para saber como vai ser o esquema lá, para manter o nosso estilo e fazer um grande Mundial.

Vamos falar de uma brincadeira que rolou com o Cortez, do casamento do Cortez... Lá a culinária vai estar tranquila para ti, né?
O pessoal brincou, botaram no Instagram, no Twitter: "O Cortez falou para o grupo. Se ganhar a Libertadores, na Argentina tem Habib's. Esfiha está liberado". Mas isso é legal. Todo mundo brincando, todo mundo feliz. Se tiver lá, quem sabe? Depois do título, come esfirra, quibe. Tem comida à vontade, que é o mais importante.

Eu vou ter que perguntar: também vai ser 0800? No seu casamento foi...
Tudo 0800. Não tem do que reclamar.

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