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Três Mosqueteiros: a jornada pela América do trio presente na estreia do Grêmio

Thiago Greco, Noêmia Rukhaben e Gilnei Benetti eram os únicos torcedores gremistas presentes no primeiro jogo da Libertadores, na Venezuela. Quase nove meses depois, dois deles estarão na final


Fonte: Globo Esporte

Três Mosqueteiros: a jornada pela América do trio presente na estreia do Grêmio
Movidos por muita paixão, fé e expectativa pelo tri da América, mais de 5,5 mil gremistas devem apoiar o Grêmio na grande final da Libertadores, nesta quarta-feira, contra o Lanús, no estádio La Fortaleza. E pensar que essa onda azul, preta e branca que vai invadir a Argentina começou com o incentivo de apenas três pessoas: Thiago Greco, Noêmia Rukhaben e Gilnei Benetti. O trio formava toda a torcida do Grêmio presente na Venezuela no já distante 9 de março, na estreia com vitória sobre o Zamora, na fase de grupos.


Aquela partida serviu de início para uma trajetória brilhante até aqui, que pode ser coroada com o título em caso de empate com o Lanús, na Argentina. Léo Moura e Luan anotaram os gols do triunfo em um jogo que contou até com um simpático cão no gramado.

Abaixo, o GloboEsporte.com conta algumas aventuras desses três gremistas que ajudaram o Tricolor a desbravar a América desde o início da jornada. Cada um com seus sonhos, particularidades, mas com um sentimento em comum: o amor incondicional pelo Grêmio.

Peregrinação com o pé quebrado


Noêmia Rukhaben é movida a aventuras. Para se ter uma ideia, a catarinense de São Miguel do Oeste viajou de mochila para Porto Alegre a passeio em 1976 e não mais voltou da capital gaúcha.

Hoje, aos 62 anos, se mostra incansável para acompanhar o Grêmio sob qualquer circunstância e também participar de maratonas mundo afora. Para assistir à estreia dos comandados de Renato Portaluppi, no entanto, precisou superar a dor de um pé quebrado.

Naquela viagem, ela tentou unir o útil ao agradável. Planejou ver a estreia do Grêmio na Libertadores e aproveitar a estadia em solo venezuelano para visitar amigos. O roteiro incluiu voo de Porto Alegre a Lima, no Peru, com conexão para Caracas, onde passou por um grande inconveniente. Enquanto aguardava na fila da imigração, Noêmia viu uma mala de uma viajante descarrilhar e cair direto no seu pé esquerdo. Sem saber da gravidade da lesão, seguiu viagem normalmente com amigos.

De Caracas, viajou sozinha num ônibus noturno até Barinas, local do jogo do Grêmio. Ao chegar no Estádio La Carolina, não suportou as dores e falou com um bombeiro local. De imediato, foi encaminhada para atendimento médico, quando foi constatada fratura no pé direito. Teria de ser levada ao hospital. No entanto, Noêmia somente aceitou ir ao final da partida.

– Eu não aguentava de dor, eu mostrei (o pé) para o bombeiro, que me olhou e disse que era mais grave do que imaginava. Não pensei que estava quebrado. Eu disse que iria (ao hospital), mas só depois de ver o Grêmio – contou, ao GloboEsporte.com.

Após a partida, Noêmia foi levada por motoristas do Grêmio ao Pronto Socorro local. Ainda seria encaminhada a um hospital de Maracaibo, onde passou por bateria de exames: o pé estava trincado de um lado e quebrado do outro. Foi operada na mesma madrugada, na Venezuela. No dia seguinte, foi para o aeroporto esperar voo para Porto Alegre.


Até hoje, Noêmia faz fisioterapia por conta da fratura. Mesmo assim, não deixou de correr maratonas. No início deste mês, correu 25 quilômetros de maratona no deserto do Saara, na África.

– Por causa do pé, não posso correr em asfalto, só em areia e terra. Quase morri na maratona (no Saara), foi a pior da minha vida. Só sei que da minha idade, ganhei troféu e medalha. Tudo por conta própria – completa.

A viagem para a Venezuela foi a única de Noêmia durante essa Libertadores. Na final, acompanhará a partida na Fan Fest que será realizada na Arena, em Porto Alegre.

Testemunha ocular



Estudante de jornalismo, Thiago Greco começou a trabalhar na produção de vídeos desde o final de 2015. Cobria jogos da dupla Gre-Nal. Interessado em mostrar como eram os bastidores dos jogos de Grêmio e Inter, resolveu abrir um canal no YouTube. Investiu e apostou na cobertura com visão de torcedor.

Deixou de cobrir jogos do Inter no ano passado, quando acompanhou um torcedor em lágrimas durante um jogo diante do São Paulo, em agosto, no Beira-Rio. A imagem da dor colorada rodou pelo país. Decidiu então assumir ser torcedor do Grêmio e acompanhar apenas o clube.

Conhecido como O Catimbeiro, o nome do canal de vídeos, Thiago se tornou presença certa em jogos do Grêmio dentro e fora de casa. No final do ano passado, chegou a ser assaltado num ônibus com torcedores a caminho de Belo Horizonte para a final da Copa do Brasil. Mas conseguiu salvar celular, câmeras e o notebook.

Para essa temporada, apostou tudo na cobertura do Grêmio. Investiu pesado e gastou cerca de R$ 50 mil. Rodou por jogos no interior gaúcho, Brasil afora e, claro, pela América do Sul.

– Desde o ano passado, tive uma conversa muito séria com meus pais. Eu tinha uma grana guardada para faculdade. Falei que queria postar no canal (no YouTube) e ir a todos os jogos do Grêmio, seja qual fosse. Eu cheguei a fazer 40 jogos seguidos, fui o único gremista de fora contra o Flamengo (pela Primeira Liga).

Naquela época, eu tinha mais jogos que o Renato – relata.


Nesta Libertadores, só ficou de fora de um jogo do Grêmio fora de casa: contra o Barcelona-EQU, pelas semifinais. O motivo foi falta de dinheiro para a viagem. No mais, encarou todas as viagens, como a de Barinas, e a derradeira, na Argentina, onde já se encontra para a final.

Na segunda-feira, Thiago saiu de carro de Porto Alegre com outros três amigos. Percorreu 973,6 quilômetros até Colônia de Sacramento, no Uruguai (veja o mapa acima). Na tarde desta terça, pegou uma embarcação a Buenos Aires.

– Estávamos lá na Venezuela para trovar que o Grêmio nunca estará sozinho. Começamos lá em Barinas com nós três e agora somos 5,5 mil em Buenos Aires. Só não fui pra Guayaquil, não tinha dinheiro – relata.

Onde o Grêmio (e o filho) estiver


Imagine você acompanhar o time do coração em todos os jogos de Libertadores, da primeira fase até a final. Agora, visualize essa mesma situação, mas com o filho no time titular. Essa é a realidade de Gilnei Benetti, empresário de 55 anos e que é pai de Ramiro.

– Sempre digo para as pessoas quando me perguntam. Eu agradeço a Deus todos os dias o privilégio de ter um filho atleta profissional e ainda no time do coração de toda a família. É indescritível esse privilégio – relata Gilnei, que é empresário de Ramiro e também trabalha no ramo de hotelaria na serra gaúcha.

Desde sempre, Gilnei tem o costume de acompanhar o filho em viagens para jogar futebol. Começou pelo interior do Rio Grande do Sul, desde a época em que Ramiro jogava futsal na infância.

Passou pela época de Juventude, na carreira profissional, e continua no Grêmio.

Desde 2013, Gilnei se tornou uma espécie de integrante informal da delegação do Grêmio. Costuma viajar com o grupo e se hospedar no mesmo hotel. Esteve presente na Venezuela, no Chile, no Paraguai, na Argentina, no Rio de Janeiro, no Equador... Mas garante: durante os percursos, é apenas torcedor. Mal conversa com o filho.

– Vou como torcedor, com o privilégio de ser pai de um atleta.

Fora isso, me porto como torcedor. Estou indo a passeio, eles (os jogadores) vão trabalhar. Por isso, procuro não perguntar coisas. Não tenho que me meter no trabalho dele. Normalmente, falamos muito pouco, para não tirar a concentração. Sei as diferenças do papel de pai, torcedor, procurador – complementa.

Como torcedor-pai, seu Gilnei já viajou por quase toda a América – o Grêmio disputou a Libertadores em 2013 e 2014 também. Se o Tricolor foi campeão da Libertadores e faturar o tri, é presença certa em Abu Dhabi, onde será disputado o Mundial de Clubes em dezembro.



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