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Cícero reencontra Renato no Grêmio para acerto de contas com a América após vice

Em entrevista a GloboEsporte.com, meia fala sobre relação com o técnico e a chance de enfim conquistar a Libertadores, num eventual tri dos gremistas, depois da decepção de 2008


Fonte: Globo Esporte

Cícero reencontra Renato no Grêmio para acerto de contas com a América após vice
Eduardo Deconto
O telefone toca, o visor exibe o nome de Renato Portaluppi, e Cícero atende a chamada com a mesma prontidão demonstrada para aceitar o convite que viria a seguir. O técnico acena com a possibilidade de defender as cores do Grêmio nos duelos decisivos pela Libertadores até o fim do ano. De Porto Alegre, ouve um “sim” imediato. O meia viu na proposta a chance de deixar para trás os atribulados meses anteriores, de ostracismo no São Paulo, para revisitar um capítulo inacabado de sua carreira, para um acerto de contas histórico. E que enfim pode ter um desfecho feliz, com a chance da conquista do tri da América.



No clube gaúcho, o jogador de 33 anos reencontra o treinador, seu velho conhecido, com a missão de agregar um título que ambos perseguem às suas carreiras há quase uma década. Em 2008, Cícero era titular do Fluminense de Renato, vice-campeão com uma dolorida derrota nos pênaltis para a LDU, em pleno Maracanã lotado. Nove anos mais tarde, as lembranças daquela noite traumática ainda circundam seus pensamentos, como uma questão inacabada.

"Aquele momento foi muito frustrante. Para todo mundo, o título estava na mão do Fluminense. Pensei em voltar lá atrás, estar com o Renato de novo, podendo estar em uma decisão de Libertadores. E aconteceu. Posso terminar o que ficou lá atrás" (Cícero).

O meia quer aparar uma aresta que o incomoda desde então. E já teve até espaço para dar sua contribuição dentro de campo. Contratado como homem de confiança de Renato, o meia desembarcou em Porto Alegre com a missão de prolongar sua estadia em 2017 por até seis partidas, todas decisivas pela Libertadores e por um eventual Mundial. E já atuou duas vezes nos duelos da semifinal.

Cícero chegou a ser titular no jogo da volta, com uma derrota irrisória por 1 a 0 na Arena, no último dia 1º. Desde então, convive com uma ansiedade latente para pisar o gramado novamente em uma decisão de Libertadores, como deixou claro em cerca de 20 minutos de entrevista ao GloboEsporte.com. Com a seriedade visível em seu olhar focado, o meia falou sobre a expectativa de enfim botar as mãos na taça de campeão da América, que norteia todos os seus esforços. E ainda abordou outras questões, como a eventual permanência no Tricolor para 2018 e a saída conturbada do São Paulo.

Confira como foi a entrevista com Cícero:

GloboEsporte.com – Você jogou na semifinal, depois ficou duas semanas sem poder atuar, com a ansiedade pela final. Como você lida com isso?

Cícero – Quando eu tive o convite do Grêmio para vir para cá, sabia do risco, que podia participar de dois jogos e acabar o ano. São quatro ou seis jogos que valem mais que 10 rodadas de um Brasileiro. Mas não vou mentir que depois que passamos da semifinal, até a consciência ficou tranquila, que o que eu fiz foi a escolha certa. Tinha o objetivo de estar de novo em uma final da Libertadores.

Realmente batia um pouco da ansiedade da semifinal, mas agora deu uma normalizada. Participar de dois jogos, ficar um tempinho sem atuar. É lógico que fica naquela vibe de chegar a final logo, fica aquela coisa de brigar para ser campeão logo.

Como foi tomar essa decisão de sair do São Paulo e vir para o Grêmio. Você poderia não jogar nenhuma partida...
Sabia do meu potencial, da minha qualidade. Fiquei um tempo sem jogar, desde o momento que tinha ficado no banco até acontecer o que aconteceu. Procurava treinar forte e estar preparado (no período afastado). Lógico que o ritmo de jogo é diferente, por mais que treine, treine. Deixei claro quando cheguei que vim para ajudar, para acrescentar independentemente de atuar ou não. Isso é questão dele (Renato). Aconteceu de participar dos dois jogos e isso foi muito importante para mim, não completamente uma boa participação pelo gol que perdi, mas acho que tive uma movimentação boa juntando os dois jogos.

"Quando eu tive o convite do Grêmio para vir para cá, sabia do risco, que podia participar de dois jogos e acabar o ano. São quatro ou seis jogos que valem mais que 10 rodadas de um Brasileiro. Mas não vou mentir que depois que passamos da semifinal, até a consciência ficou tranquila"

Cícero foi titular na Arena contra o Barcelona-EQU (Foto: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio)

Por não ter jogado, muda quanto para o jogador?

Mudar, muda. Quando chega em uma decisão, tem que se preparar melhor. A semana costuma ficar mais longa por não estar jogando, procuro focar no dia a dia, trabalhando. O pessoal da comissão faz um trabalho excepcional comigo. Pode acusar o ritmo, mas senti que movimentei bem para caramba no último jogo, nem senti tanto. Tem sido fundamental para mim para aprimorar no dia a dia.

Renato te ligou (antes da contratação)?

Perguntou da minha situação e tudo, fiquei um tempo mais parado, tinha uma questão da minha família que minha esposa estava grávida, prestes a ganhar. Se não tivesse a situação, tinha resolvido um pouco mais cedo. Como estávamos adaptados, resolvi ficar na minha treinando lá (em São Paulo). Me preparando bem. Porque quando a mulher ainda teve o neném, prematuro ainda, meu filho ficou 14 dias na UTI, parei um pouco de treinar.

Depois que estabilizou tudo, teve o convite do Grêmio e aconteceu de ir na semifinal. Aí falei com ela, que tinha que olhar meu lado profissional e seguir minha vida. Fui muito grato, via (o Grêmio) como uma potência do futebol brasileiro. Por isso vim.

O sim foi na hora, nem pensou muito?

Já estava estabilizando a situação. Quando ele ligou, falei que estava apto. Aí só faltou resolver as questões com o meu ex-clube. Na vida tem que estar preparado sempre, falei na semifinal, Renato falou que não duvidava de mim, questão de ritmo. Falei que estava na chuva, é para se molhar. Assumi várias responsabilidades nos 14 anos de profissional. Abraçar essa foi crucial.

Vocês se reencontram quase 10 anos depois daquela final com o Fluminense, que foi tão perto. De novo falta bem pouco. É a hora de concretizarem esse título inédito?

Aquele momento foi muito frustrante, lógico. Todo mundo assim, imprensa, torcedores, a América toda via que o Fluminense vinha jogando um futebol empolgante, bonito. Tiramos várias equipes. Naquele momento, o São Paulo era muito forte. Vencemos o Boca na semifinal com grande elenco. Para todo mundo, o título estava na mão do Fluminense. Por questões que não dá nem para entender direito, fomos para os pênaltis e deixamos aquele título para trás.

Uma das coisas que me fez vir para cá, pensei a voltar lá atrás nisso, estar com o Renato de novo em uma decisão, podendo disputar uma decisão de Libertadores. E aconteceu. De repente pensando na minha cabeça, posso terminar o que ficou lá atrás. Independentemente dos jogos, pela campanha lá atrás e hoje estando perto com um belo título, vai ser muito importante para mim deixar aquilo para trás. Quem sabe podemos terminar com um final diferente agora.

Cícero teve chance de ser campeão da Libertadores pelo Fluminense (Foto: Marcelo Moreira / Agência Estado)

Você Pode entrar para a história jogando quatro jogos pelo clube, ou seis, fazendo gol de título, dando passe para gol. Pensa nisso?

Quando entra para jogar, se é decisão ou jogo normal, está propício a acontecer qualquer coisa. Uma assistência que pode dar, um gol que pode fazer, uma bola que pode tirar. Só quem está participando. Tem que deixar as coisas acontecerem naturalmente, vai que ela sobra para mim de novo e eu conseguir colocar para dentro. O grupo é unido e qualificado. O mais importante é o Grêmio todo sair campeão.

E como foi chegar neste grupo, que a gente sabe que é divertido, descontraído?

Tinham jogadores que eu já conhecia, já tinha jogado junto. O grupo é muito bom. Estava comentando isso com amigos ontem, os meninos aqui são fechados, todo mundo resolve as broncas de cada um que está com problema. Falta concretizar com um belo título para este grupo ficar marcado na história.

Depois de viver esse momento no São Paulo, para ti é um recomeço com chance de ser histórico...

Uma Libertadores é uma Libertadores, né. Acho que deve ter alguma coisa comigo. É minha segunda participação, a segunda final. Lógico que vivi lá atrás, fico meio sem entender e tudo, mas tem que ficar para trás essas coisas. Deus sabe o que faz na vida. Ele me deu a chance para estar em uma decisão de Libertadores. Enfim. É estar focado nisso para este final ser contado diferente desta vez.

Cícero elogia grupo do Grêmio e chance de voltar a trabalhar com Renato (Foto: Eduardo Deconto)

Como você percebe o Renato depois de todo esse tempo?

O ser humano, de acordo com o que vai passando a vida, amadurece, cresce de alguma forma. Ele já era um bom treinador, sempre soube usar minhas características dentro do jogo, às vezes como volante, às vezes mais na frente. Hoje, posso participar de novo com ele. Agora, podendo trabalhar de novo, você vê um Renato mais maduro, que sabe blindar o grupo.

Passa aquela coisa do jogador para o lado treinador. A convivência de quase 10 anos, nem só ele, nós aprendemos sempre alguma coisa. Mais maduro, se concretizando como um belo treinador, que agrega, faz o grupo mais unido.

"Do São Paulo, acho melhor deixar para trás. É uma coisa que realmente não entendi. Mas Deus sabe o que faz".

Já dá para pensar em ficar mais?

Quando tive o convite, fiquei muito feliz, teve até a oportunidade de fazer o contrato mais esticado. Mas achei que era o momento de focar até dezembro mesmo, a reta final de Libertadores e quem sabe o Mundial. Terminar o ano bem. Foquei isso. Vim para trabalhar firme, como sempre fiz nos 14 anos de carreira. Vim pensando em terminar o ano bem. Se tiver que conversar, a gente fala depois. Mas estou focado até dezembro mesmo para fazer um restante de Libertadores e quem sabe Mundial, muito bom.

Cícero estava afastado no São Paulo antes de ser contratado (Foto: Marcos Ribolli)

Você guarda alguma mágoa do São Paulo?

O negócio nem foi comigo, para falar a verdade. A outra questão, é porque sai alguma coisa e aí nêgo (sic) começa... Mas no vestiário ninguém sabe como as coisas acontecem. Do São Paulo, acho melhor deixar para trás. É uma coisa que realmente não entendi. Mas Deus sabe o que faz.

Vim muito feliz para cá. Só não resolvi antes pela minha questão de família. Às vezes paro pensar meio sem saber. Sinceramente, fico procurando até hoje. Sentia que o treinador tinha vontade de me usar, mas não me usava. O motivo, não sei. Quando a pessoa quer fazer mal, vai tentar de alguma maneira. Quando quer fazer bem, o fará. Se quiseram fazer mal comigo, não sei. Nos 14 anos de carreira, falam por mim.

Fomos campeões em 2012. Depois de quase cinco anos, eu volto. Então qual motivo de me chamaram de novo? Não consigo entender. Muitos lá no dia a dia perguntavam para mim o que aconteceu, não entendiam nada. Eu falava que gostaria de saber a resposta. Quando o resultado não aparece, as vezes querem arrumar um culpado. Às vezes o culpado não tá nem jogando. Por isso fico meio sem entender. Mas estou feliz no Grêmio, as coisas já mudaram e estamos perto de um título muito importante da história do Grêmio.

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Comentários



antes ele no segundo tempo do que jael !
vc não acha seu Rodnei vaz

e um bom jogador mas precisa de ritimo de jogo pose ser que o Renato não invente de por ele não final e comprometer nosso ataque

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