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Da paixão pela estatística ao futebol do Grêmio; as ideias de Odorico Roman

Torcedor assíduo no Olímpico e na Arena, vice de futebol Odorico Roman promete análise minuciosa de números e dados de atletas antes de contratações para 2017


Fonte: Globo Esporte

Da paixão pela estatística ao futebol do Grêmio; as ideias de Odorico Roman
Odorico Roman é o novo vice de futebol do Grêmio (Foto: Eduardo Deconto/GloboEsporte.com)
O novo responsável por ditar os rumos do futebol do Grêmio imerge numa análise minuciosa de estatísticas sobre o atleta antes de abrir a tratativa para reforçar a equipe para a Libertadores. Odorico Roman promete levar a predileção pelos números a cabo, ao assumir como vice-presidente do departamento, para reduzir ao máximo a margem de erros antes de fazer qualquer investimento pelo clube. Economista de formação e gremista de coração, alia as duas paixões para tentar conduzir o Tricolor ao Tri da América.

A obsessão pelo Grêmio, verdade seja dita, é bem mais antiga. Foi forjada ainda na infância, por meio do rádio, em Três de Maio, e aflorou nos idos dos anos 70, nas arquibancadas do velho Estádio Olímpico. O dirigente garante: é fanático e assíduo. Não consegue resgatar na memória um jogo do Tricolor a que tenha faltado nos últimos 10 anos. Deixou a "arquibancada, direto para ser vice-presidente".

E tudo foi graças ao maior presidente da história do clube. Em 2012, Roman conduzia o blog Imortal Tricolor, quando foi chamado por Fábio Koff para uma reunião com outros blogueiros. Dias depois, recebeu o convite para ocupar uma das vagas como vice-presidente do Conselho Administrativo de sua gestão – cargo que manteve com Romildo Bolzan. O contato mais próximo com o futebol iniciou em 2016, como diretor junto a Adalberto Preis. O dirigente esteve envolvido nas últimas negociações, inclusive na tratativa pela renovação de Renato Gaúcho.

– Eu não me lembro de ter perdido um jogo do Grêmio em casa nos últimos 10 anos. Tem que ter um motivo muito forte para eu não ir ao jogo. Eu vim direto da arquibancada para uma posição de vice-presidente. O nosso desafio é fazer com que o Grêmio siga ganhando títulos depois dessa Copa do Brasil. A meta do Grêmio é ganhar títulos. Eu quero o Grêmio da Copa do Brasil. Esse time me serve. É um time que se impôs fora de casa, jogou com autoridade – afirma o vice de futebol.

Um dia após ser chancelado pelo presidente Romildo Bolzan como vice de futebol, Roman atendeu à reportagem do GloboEsporte.com nos estúdios da RBS TV. Em cerca de 20 minutos de conversas, o dirigente recordou seu passado como torcedor e discorreu sobre suas intenções para o futuro do Grêmio. Leitor assíduo sobre futebol, também revelou alguns dos livros que servem como base para nortear suas decisões. E, claro. Falou sobre contratações. O departamento tem uma lista repassada por Renato Gaúcho, mas conduz as tratativas em sigilo.

Convite para ser vice de futebol
"As pessoas costumam me perguntar se estou preparado. Eu penso que quem convida tem que saber. O doutor Adalberto Preis disse que tenho condições. O Romildo Bolzan, também. As pessoas que convivem comigo entendem que eu tenho capacidade para fazer esse trabalho. Eu acredito que tenho condições e vou trabalhar".

Preparação para assumir o cargo
"Eu leio bastante sobre futebol. Leio alguns livros, matérias da internet. "Os Números do Jogo" é um livro bem interessante sobre estatísticas. Aliás, a partir dessa leitura, começou a crescer em mim a vontade de ter um banco de dados mais efetivo. O nome da Opta (empresa que fornece dados sobre futebol) está no livro e é quem nos fornece dados. Tem o "Soccernomics", e "A Pirâmide Invertida", entre outros livros. Além da leitura, a prática veio ao longo desses quatro anos. Eu convivi bastante nos vestiários. Eu frequentava bastante. O doutor Fábio sempre me tratou com carinho e me ensinou muitas coisas. Nessa gestão, frequentei ainda mais, participando de viagens. Nessa reta final, estive com o Preis, e o aprendizado foi muito grande".

Grande desafio da gestão
"O desafio é fazer com que o Grêmio siga ganhando títulos, depois dessa Copa do Brasil. É conseguir equilibrar as disponibilidades financeiras com as necessidades de campo, teremos que usar criatividade. Se houver venda, facilita um pouco. A meta, o objetivo do Grêmio é ganhar títulos. Está previsto no planejamento. A missão é ganhar títulos. O trabalho tem que ser nesse sentido".

Conceito de futebol
"Eu quero o Grêmio da Copa do Brasil. Esse time me serve. É um time que se impôs fora de casa, praticamente amordaçou os adversários, jogou com autoridade. Fez alguns jogos que nos encantaram. Não sei como o Atlético-MG viveu a final. Mas no Grêmio, tínhamos certeza de que seríamos campeões. Sabíamos que ninguém nos tiraria".

Odorico (ao fundo) junto com a delegação do Grêmio (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)

Situação financeira
"A reestruturação não terminou. Ela precisa ser concluída, estamos caminhando nesses últimos dois anos. A austeridade pode ser não desperdiçar. O nosso desafio é contratar bem dentro do orçamento, dos R$ 7 milhões por mês do futebol. E se possível, fazer um time competitivo com os recursos à disposição. Se um jogador for vendido, sobra para um investimento melhor. Também já temos jogadores selecionados para um investimento que seja possível no decorrer do ano. O Luan é um dos mais valorizados, é atacante, jovem. Acredito que do plantel, (a maior proposta) pode ser pelo Luan ou pelo Bolaños, que se equiparam em termos de valor".

Prioridade com a categoria de base
"Será mantido isso (a composição de 60% do elenco com a categoria de base). Está previsto no planejamento. É um departamento importante do Grêmio. Temos formado jogadores que ajudam muito nesse período de transição. Eu fiz um levantamento minucioso, que o pessoal de Eldorado me ajudou. Mas foram levantados todos os jogadores que passaram nas categorias de base nos últimos 10 anos. Se ainda estão no Grêmio, o quanto renderam em termos de venda, em termos de mecanismo de solidariedade. Eu já tenho esse conhecimento de tudo o que foi feito. As repercussões no orçamento, no campo. Sem dúvida é um núcleo de formação muito importante do Grêmio".

Lado economista em negociações
"Às vezes, a aceitação de um valor do contrato é um pouco automática, mas um negócio não deixa de sair se não for aceito o primeiro número. É importante negociar e contrapropor. Temos feito alguns contratos e conversações. Uma característica que eu tenho é gastar o menos possível com o futebol. Quanto menos gastar, mais teremos para gastar".

> Uso das estatísticas para contratações
"Existe um mundo a ser explorado no Brasil. Na Europa está avançado. Algumas pessoas não gostam da estatística por que não entendem. O olheiro vai perdendo lugar e resiste a isso. A análise estatística é algo fundamental. Não digo que é determinante, que é o mais importante. Mas trabalhar fazendo análise reduz muito a margem de erros. Na filtragem dos jogadores, estamos olhando os números, o quão efetivo e o quão decisivo ele é".

Chegada do atacante "fazedor de gols"
"Provável que chegue só no ano ano que vem. Estamos com o ano terminando. Vai ser muito difícil anunciar essa semana. Mas certamente traremos um jogador que irá resolver os problemas de alternativa de jogo fora do que estamos fazendo agora. Mas não vamos comentar sobre a origem ou sobre nomes. Qualquer vazamento pode interferir, e a gente perde um negócio porque alguém identificou o valor, aí, corre na frente, e a gente perde. Não é para esconder. É para não atrapalhar o negócio".

Lista de indicações de Renato
"Já foi bastante falado que precisamos de lateral para grupo direito e esquerdo. Chegou o Michel, que é meio-campo. E dois ou três atacantes. É isto que estamos trabalhando".

Odorico exibe a taça de campeão da Copa do Brasil (Foto: Arquivo pessoal)

Relação de torcedor com o Grêmio
"Eu morava no interior do estado, em Três de Maio. Desde a infância, eu escutava os jogos pelo rádio de válvula. Vim em 1975 para Porto Alegre e comecei a acompanhar o Grêmio no Olímpico. Ia sempre ao Olímpico. Nunca perdia jogo do Grêmio. E até hoje não perco jogo do Grêmio. Tem que ter um motivo muito forte para não ir ao jogo do Grêmio. Eu não me lembro de ter perdido um jogo do Grêmio em casa nos 10 últimos anos. É muito difícil".

Migração de torcedor para dirigente
"Eu tinha um blog chamado Imortal Tricolor, inaugurado quando o Grêmio estava na Série B. Quando o doutor Fábio Koff se candidatou à presidência, em 2012, ele resolveu fazer uma reunião dos blogueiros e começou a falar de alguns movimentos políticos. Ali, ele citou o Grêmio Novo, que na época apoiava a oposição. E eu interrompi e falei: "doutor Fábio, eu sou do Grêmio Novo. O senhor precisa saber disso". Ele continuou falando normalmente, mas me chamou em outro dia e falou: "Roman, sabe quando você me ganhou? Quando disse que era do Grêmio Novo, para eu não passar constrangimento". Ali, ele decidiu que queria que eu trabalhasse com ele e me convidou para ser vice-presidente. Direto da arquibancada para uma posição de vice-presidente".

Preis e Koff como consultores
"Sempre que for possível, sim (vou consultá-los). Mas não vou ficar incomodando as pessoas. O doutor Adalberto Preis continua como vice-presidente, no Conselho de Administração. No futebol, terei apoio do Saul Berdichevski, que já era diretor. Iremos escolher uma pessoa para nos auxiliar. Hoje (quarta-feira), o Koff me ligou, me fez uma ligação gentil, me parabenizando, se colocando à disposição para me ajudar. Quem tem pessoas como o Adalberto Preis, o doutor Koff e o presidente Romildo Bolzan na retaguarda se sente fortalecido para o desafio que é muito grande".

Atuação como blogueiro
Eu sempre apoiei o Grêmio. As questões políticas nunca interferiram no meu sentimento. O blog se tornou um ponto de algumas repercussões, de embate contra algumas pessoas que a gente entendia que criticam o Grêmio em demasia, em especial de jornalista. Isso criou um canal interessante, de alguns torcedores que entendem que o Grêmio é injustiçado por setores da imprensa. Se tornou um ponto de encontro de pessoas. Eu assinava como "Arigatô", em menção ao título do Mundial. Muitas pessoas sabiam que eu era o Arigatô. Quando aceitei com o doutor Fábio, eu revelei no blog.



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