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OFF - "Se me chamar de Xuxa é racismo", diz técnico do CRB, Ademir Fonseca

Revelado no Botafogo, carioca se orgulha de "ser negão", cita Pelé como exemplo, critica importância dada para certos termos, mas condena comparação com animais


Fonte: Globo Esporte

OFF - Se me chamar de Xuxa é racismo,  diz técnico do CRB, Ademir Fonseca
Ademir Fonseca é natural do Rio de Janeiro, e cria do Botafogo (Foto: Divulgação)

O ato de injúria racial praticado por alguns torcedores do Grêmio contra o goleiro Aranha, do Santos, na noite da última quinta-feira, na Arena do Grêmio, gerou repercussão imediata no mundo da bola. Em Alagoas, o técnico do CRB, Ademir Fonseca, se manifestou e deu uma declaração inusitada. À Rádio Gazeta, ele afirmou que racismo seria se o chamassem de Xuxa ou alemão.

- Sou negão, não tem como, né? Meu avô era índio, talvez eu seja o mais preto da minha casa. Minha mãe é branca, meus irmãos são brancos. Se me chamar de Xuxa é racismo, de alemão, está sendo racista. Me chamar de preto ou negão é elogio para mim - disse Ademir, que nasceu no Rio de Janeiro.

O ex-jogador do Botafogo comentou que os negros precisam parar de se importar quando são chamados de pretos, por exemplo.

- Os meus melhores amigos são todos pretos, todos negões, que eu chamo de pretinho, chamo de azul, e eles entendem que é um ato de carinho. Nós, negros, temos que parar com essa frescura, temos que valorizar a nossa raça. Me orgulho da minha cor. Em Maceió faz sol, e a primeira coisa que as pessoas fazem é botar um biquíni, uma sunga e vão à praia pegar um bronzeado.
Ademir, no entanto, condenou atitudes racistas que comparam o homem ao macaco.

- Não pode haver uma coisa apelativa, de chamar o cara de macaco, animal, atirar banana, estar comparando o ser humano ao animal.

Me chamar de negão não tem problema nenhum.

Ele comparou o racismo da cor da pele com outros atos discriminatórios, como o peso de uma pessoa.

- Tem pessoas que são gordas e magrelas, quando são chamadas assim é desrespeitoso. O rei do futebol é negão, é preto. O que acontece é que nós mesmos da raça somos preconceituosos com nós mesmos. Quando nós pararmos com isso, vão nos parar de chamar de macaco - concluiu.

O técnico regatiano lembrou da própria criação e argumentou que a situação financeira do ser humano não interfere no conhecimento de si próprio.

- Há um preconceito da própria pessoa na formação da personalidade. A sociedade em si é uma selva e nós temos que guerrear todo dia. Temos que nos cuidar e dizer quem nós somos, e não as outras pessoas. Não é o poder aquisitivo. Você pode ser pobre e saber muito bem quem você é, o que você quer, sem ofender ninguém. Fui criado na favela com muito orgulho, aprendi muita coisa, mas não aconselharia nenhum jovem a ser criado lá. Todos nós vamos encontrar o paletó de madeira [caixão], que vai nos levar para o mesmo lugar.

(Fonseca, técnico do CRB (Foto: Paulo Victor Malta/GloboEsporte.com)



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