Padrão tático de Roger, e adaptado por Renato, e faz Grêmio crescer com competição

Renato herdou sistema de Roger.(Foto: Arte / GloboEsporte.com)


Renato Portaluppi tem cinco jogos no comando do Grêmio em sua terceira passagem. Pouco tempo para treinar e um período de mais conversa e posicionamento. Mas já é claro que um pouco do estilo do treinador está impresso no rendimento da equipe em campo nas últimas partidas.

No entanto, ainda também é possível ver características muito pedidas por Roger, o antigo comandante - conforme relato de jogadores do próprio grupo. Enquanto bola aérea, competição maior e estilo mais direto chegaram com o ídolo, ficam do ex-lateral a formação tática dentro de um padrão, Luan como jogador mais avançado e uma saída de bola sistemática com Geromel.

A mudança no comando teve a saída de Roger e do auxiliar Roberto Ribas. Mas James Freitas, por exemplo, que trabalhava próximo aos dois, permanece como funcionário fixo do clube, assim como Rogério Dias, na preparação física. Renato chegou com o seu auxiliar, Alexandre Mendes, que já foi preparador físico em outros tempos, e o coordenador técnico Valdir Espinosa.

- Ele (Renato) continua sendo a mesma pessoa, com caráter e no trato com os atletas. Continua sendo bem quisto por todos. Vem tendo um trabalho diferente por estar com uma comissão diferente. Vem agregando novos conhecimentos, com o passar do tempo as pessoas se aprimoram e buscam crescer. Ele buscou isso e vem passando um conhecimento maior. A equipe é diferente também, temos um padrão bem estabelecido. Ele procurou não mudar porque não tem muito tempo. É manter com ajustes que ele achava possível e via que podia melhorar - avaliou Ramiro.

Bola Aerea

Bola aérea virou arma do time de Renato (Foto: Lucas Uebel/Grêmio/Divulgação)

Antes pesadelo, a bola aérea está tomando ares de arma para o Grêmio. A mudança de marcação foi fundamental para quebrar a insegurança do setor. Antes, qualquer bola levantada no espaço aéreo gremista levava calafrios. Agora, já não assusta tanto assim, embora o Tricolor tenha sofrido o gol da derrota para o Cruzeiro em um cruzamento, após cobrança rápida de escanteio.

Por outro lado, o treinador criou uma nova maneira de atacar. A bola parada do Tricolor passou a ser mais efetiva. Nestes cinco jogos, deu a vitória nas quartas de final da Copa do Brasil, no 2 a 1 sobre o Palmeiras, com o gol de Pedro Rocha, e no 1 a 0 sobre o Vitória, no gol de Jailson.

- Temos que trabalhar todos os fatores. Tínhamos um defeito que a gente vinha corrigindo, não estamos tomando mais e estamos fazendo, que fazíamos pouco. Estamos fazendo esse tipo de gol que tem nos ajudado - acrescenta Ramiro.

MAIS DIRETO
Um dos primeiros tópicos nas conversas após a saída de Roger era o de tentar contratar um treinador que pudesse aproveitar o estilo de posse de bola do time, mas de maneira mais efetiva. Sem toques improdutivos. Desde a chegada de Renato, a intenção foi ter um jogo mais direto. Poucos toques na bola e finalização no gol. Assim, por exemplo, saíram os gols contra a Chapecoense (veja acima) e o primeiro contra o Palmeiras.

MAIS COMPETITIVO
O Grêmio abdicou da bola em três jogos com Renato. Em todas as partidas do comandante no Brasileirão, o time teve menos posse de bola que o rival: 42% contra o Vitória, 49% contra o Cruzeiro e 47% contra a Chapecoense. Denota, como mostramos acima, um time mais direto, mas também uma equipe que se vira bem sem a bola e sabe sofrer e atacar os espaços para controlar o adversário em campo.

- São dois caras (Renato e Espinosa) que incentivam bastante a gente, faz a gente ter vontade de jogar, ter raça. A gente procurava não perder dividida, colocando o pé em todas as bolas. Tem que ser nossa postura - comentou o atacante Everton ainda em Salvador.

LUAN AVANÇADO

Luan foi mantido como falso 9
(Foto: Thomas Santos / Agência Estado)

Renato até tentou colocar Luan em outra função. Fez a avaliação que o camisa 7 não renderia tanto posicionado entre os zagueiros. O ponto é que quando o atacante joga como mais avançado no esquema gremista, nunca permanece entre os marcadores rivais. Com movimentação, cria espaços para os companheiros se deslocarem.

O técnico percebeu que este era um dos legados de Roger, o ataque móvel. Tanto que, contra o Palmeiras, colocou Ramiro na ponta direita e deixou Luan como falso nove. A partir daí, encontrou seu “time ideal”. E gostou tanto que pretende utilizar o atacante Everton, escalado como ponta por Roger, também por dentro.

FORMAÇÃO TÁTICA

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Time do Grêmio contra o Vitória, com mesma formatação das equipes de Roger (Foto: Arte / GloboEsporte.com)
Desde que chegou, sempre se ressalta que o Grêmio já tinha um padrão e uma cultura tática, nas palavras do próprio presidente Romildo Bolzan Júnior. A formatação do Grêmio não mudou: seguem dois volantes alinhados, um jogador por cada lado e que ficam na mesma linha na hora da marcação, um 4-4-2 em duas linhas. O posicionamento no momento de atacar também segue da mesma maneira, com algumas movimentações e características diferentes.

- Acho que o trabalho fica, a comissão fixa continua no clube, então um treinador agrega ao outro. A gente procura pensar desta forma. A característica de time e jogadores são os mesmos do trabalho com o Roger, isso continua, o estilo de jogo continua. E o Renato vem e tenta implantar o estilo dele, muda o que acha que pode ser mudado para melhorar, e algumas coisas ficam - comentou Ramiro.

SAÍDA DE BOLA
Uma das marcas registradas do time de Roger sempre foi avançar da defesa ao ataque com a bola nos pés. Atualmente, o Grêmio até dá mais chutões do que antigamente. Mas a troca de passes e o toque chamado de “entrelinha” feito principalmente por Pedro Geromel, continua. O zagueiro tem por característica uma ligação direta com o passe rasteiro procurando Luan aberto pelo lado direito.


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