Um novo estilo de jogo é inviável agora

Os três pontos finalmente vieram contra a Chapecoense, mas o futebol bem executado, de alto volume de jogo e domínio do meio campo - coisas que o Grêmio já apresentou esse ano - sumiram e já tem várias semanas. Embora a fase seja ruim e Renato ainda esteja longe de encontrar seu time ideal, algumas mudanças na forma do Grêmio jogar já são perceptíveis, como a ligação direta. A discrepância de conceitos entre o estilo que Roger aplicava no time e as ideias de Renato são enormes, mesmo assim é interessante que o nosso técnico tenha a sabedoria de compreender que algumas das características anteriores faziam bem ao time: é o caso do falso 9.

O que importava nessa partida contra a Chapecoense era a vitória, nem que fosse jogando feio. As derrotas seguidas do Grêmio o tiraram do G4 e estavam empurrando o tricolor para a segunda metade da tabela. Vencer foi providencial. É bem verdade que o gol que veio dos pés de Pedro Rocha aconteceu quando o time ainda jogava com o centroavante em campo, embora ele não tenha participado do lance, mas o tricolor teve muitas dificuldades de trabalhar a bola e criar chances claras de gols com Henrique Almeida em campo. Isso só mudou quando Renato deu a oportunidade ao Guilherme, que entrou de ponta, fazendo Luan centralizar e jogar perto da área. FoI neste momento do jogo que o Grêmio melhor conseguiu envolver a defesa adversária, mesmo que ainda longe do ideal.

A fase de Luan é ruim. Parece que ele deixou a cabeça dele lá na seleção olímpica, com Neymar. No entanto, ele ainda é a referência técnica do time e essa técnica precisa ser aproveitada onde ela sempre rendeu mais. Ignorar que os melhores momentos do time no campeonato foram com Luan atuando de falso 9 é ser incoerente, e esperar que ele renda o mesmo em outra posição é insensato. Por isso, por mais que Renato tenha seu estilo próprio de jogo, é preciso entender as peças que ele tem nas mãos e qual esquema atende melhor às características dessas peças. Porque para fazer o jogo que Renato quer, o Grêmio vai ter que contratar, e isso é inviável agora.

É claro que o problema do Grêmio não é só esse, mas sim a má fase de vários jogadores, além da desorganização do time em campo. Walace, por exemplo, é um jogador excelente que aparenta estar muito desfocado do time, desatento e sem a agressividade que era uma referência sua no meio campo. A defesa, embora voluntariosa, ainda é um tanto apavorada e precipitada. Talvez pelos buracos que andam aparecendo no meio campo, muito por causa das falhas na recomposição defensiva dos volantes, coisa que confunde a linha defensiva no posicionamento e na hora de dar o bote.

Renato tem muito o que ajeitar no time e vai além de unir o vestiário. Tem problemas táticos somados com a má fase de vários titulares. Na verdade, uma coisa levou à outra. Mas para entrosar esse time e conseguir extrair o que tem de melhor nele, Portaluppi não vai poder ignorar certas características, mesmo que elas sejam contrárias às suas convicções. Afinal, a urgência é que o time encaixe logo para voltar ao G4 e talvez cobiçar a Copa do Brasil. E isso deixa o Grêmio sem tempo para se adaptar a uma nova forma de jogo, para a qual ele mal tem peças no elenco para executá-la.

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