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Maicon alia pitada de estilo do Grêmio à técnica para decidir nas duas áreas

Capitão participa de jogada do gol sobre o São Paulo e sai como líder de roubadas. Ele ainda fala sobre planos de ser treinador no futuro, com inspiração em Roger


Fonte: Globo esporte

Maicon alia pitada de estilo do Grêmio à técnica para decidir nas duas áreas
Maicon se molda ao estilo de pegada do Grêmio (Foto: Eduardo Deconto/GloboEsporte.com)
Com a faixa afixada ao braço esquerdo, Maicon costuma comandar o meio-campo do Grêmio de cabeça erguida.

O volante, via de regra, é o vértice das investidas gremistas com passes em abundância, quase como se fosse a materialização das ideias de Roger Machado dentro de campo.

Ou se preferir, um capitão cerebral, que usa de suas origens no futsal, em Bangu, no Rio de Janeiro natal, para ditar o ritmo da equipe dentro de campo. Mas que também sabe se moldar ao estilo de chegada firme, com algumas "pegadas" fortes, típico do futebol do Sul.

E também do agrado do torcedor gremista, que se acostumara a saldar as bordoadas de seus homens de marcação. O carioca da gema carregou nas costas a pressão de três eliminações em série no primeiro semestre e as cobranças de não ser considerado um capitão sanguíneo por parte da torcida. Aos 30 anos, soube absorver as críticas com resposta nas quatro linhas. Se tem como virtude uma verve pensante, não deixa de ser importante na parte defensiva. E um exemplo disso é o a vitória sobre o ex-clube, São Paulo, na qual deixou a Arena como líder da equipe em roubadas de bola – foram cinco.

Além de participar da jogada do gol, quando Douglas completa rebote originado de chute seu. Acaba decidindo nas duas áreas.

– Se espera do capitão que cobre, brigue com o juiz. Mas você vai falar algo com o juiz, ele pega e te dá amarelo. Tem que saber o momento certo de fazer as coisas. O nosso estilo de jogo nos ajuda bastante, e o Roger cobra bastante para não mudar a característica. Mas claro que de vez em quando você tem que dar uma chegadinha.Tem que marcar firme, para dificultar o adversário – afirma Maicon.

O capitão gremista conversou com a reportagem do GloboEsporte.com nesta segunda-feira à tarde, em meio a uma merecida folga, nos estúdios da RBS TV. Bem articulado, não ocultou seus planos para um futuro longínquo como treinador, nos passos – e lições – de Roger. Mas tratou de tecer projeções para um amanhã bem mais palpável. O camisa 19 persegue fazer história com título como capitão do Grêmio.



GloboEsporte.com: O Grêmio enfim venceu o São Paulo, seu ex-clube, na Arena e quebrou um tabu. Como você encarou o jogo?

Maicon: Se a gente almeja coisas grandes, a gente tem que encarar todos os jogos como uma decisão.

Mas com certeza foi um jogo especial, por eu ter ficado um tempo no São Paulo e agora estar vestindo essa camisa vitoriosa do grêmio.

Queria fazer uma grande partida e ganhar o jogo. Tive a oportunidade de logo que saí jogar com o São Paulo no Morumbi e perdi o jogo. No jogo de volta, não joguei, porque estava machucado. Então, me preparei bastante. Não só eu, mas todos os companheiros, para a gente fazer uma grande partida e vencer.
Se espera do capitão que cobre, brigue com o juiz. Daqui a pouco, você tem que fazer uma falta tática, é expulso e prejudica o time. Tem que saber o momento certo de fazer as coisas. O nosso estilo de jogo nos ajuda bastante, mas claro que de vez em quando você tem que dar uma chegadinha.

Maicon

E atuar contra o ex-clube mexe com o jogador?

Depende do que você viveu dentro do seu ex-clube. Eu não tenho nada a reclamar. Joguei três anos no São Paulo. E joguei, porque fiz 160 partidas e nove gols. Fui campeão da Sul-Americana lá. Mas como costumam falar em relação a jogar contra seu ex-clube, sempre é especial. Porque às vezes algumas pessoas duvidam do seu potencial, e você sabe que é capaz de poder jogar naquele clube, de vestir a camisa.

Você participa do gol sobre o São Paulo, com o chute que origina o rebote de Douglas, mas também usa um "rolinho" típico de futsal ao chegar à área. Você veio do salão?

Eu comecei no futebol de salão, no Bangu, no meu bairro, no Rio. Eu joguei seis, sete anos no futebol de salão e campo, então peguei muitas coisas do salão. O toque de bola rápido. Antes, a quadra era muito apertada, e eu tinha que fazer tabela, o jogo rápido. Algumas vezes me facilita dentro do jogo, porque é um lance rápido. O adversário é surpreendido. Na tabela com o Miller, se eu carrego a bola, eu perco. Se eu chuto, bate no Lugano.

Resolvi levar para a esquerda e bater. Levando para a esquerda, já pegava na diagonal. A intenção era bater cruzado. Se não fosse gol, o Dênis dava o rebote. Foi o que aconteceu.

Você voltou de lesão na derrota para o Sport e agora vem de boa atuação contra o São Paulo. Dá para dizer que é o ressurgimento do Maicon?

Eu fiz outros jogos bons esse ano, mas claro que esse é o mais recente, então eu tenho que levar esse jogo como exemplo para melhor. É o que busco sempre no treinamento, estar melhorando, ver o que tenho que corrigir junto com o Roger e crescer. Nunca se contentar porque fez um jogo bom. Ainda tem muito campeonato pela frente, e temos um objetivo de ser campeão. Então não só eu, como todos nós, temos que melhorar cada vez mais.

O Grêmio tem uma das melhores campanhas como mandante. E deu para ver, após o gol, que o estádio veio abaixo, assim como você...

Com certeza. Com a Arena lotada, é sempre muito bom. O torcedor nos incentiva o tempo inteiro. A gente tira forças de onde não tem mais, porque o torcedor está ali cantando, incentivando o time. A gente espera que sempre esteja cheio. Vamos procurar sempre vencer os jogos, entrar com muita disposição e vontade para poder vencer. E a comemoração é como se fosse um gol. Eu vim lá de trás, construindo a jogada, finalizei bem. Não consegui fazer o gol, mas o Douglas fez de rebote. Todo mundo vibrou, a torcida comemorou muito. Nos deu bastante força para buscar o segundo gol, que a gente tentou, mas não saiu.

O Roger falou após o jogo que a jogada do gol foi ensaiada nos trabalhos da semana. Como extensão dele em campo, isso dá um gostinho especial?

Com certeza. O Roger estuda todos os adversários, passa para a gente, e a gente vê onde que pode surpreender os adversários. O Roger estudou bastante com a comissão e o departamento de análise para saber que a gente poderia jogar nas costas dos volantes, que davam bastante espaço. A gente trabalhou e foi fruto do nosso treinamento. A gente vem fazendo isso há muito tempo, o grupo é muito entrosado. Às vezes, a gente está sem dois, três jogadores, mas quem entra mantém o mesmo nível. Isso é importante. Às vezes, comparam nosso elenco com alguns, por terem jogadores de mais nome. Mas acho que futebol é trabalho. Você tendo um treinador competente, como a gente tem, as coisas facilitam dentro de campo.

Eu me cobro bastante. Vou jogar tranquilo com a bola no pé, mas vou melhorar na marcação cada vez mais. Não adianta você chegar ao jogo e brigar, querer ser o valente para a torcida e prejudicar o time. Ser expulso. Tem que ser inteligente para não prejudicar a equipe.

Maicon

Você é um volante mais técnico, e aqui no Sul se cobra do capitão e até da posição que seja mais duro, que chegue forte. É o caso, de às vezes você, como capitão, dar uma chegada mais forte?

Eu acho que se está muito rigoroso quanto a isso. Antes, era mais pegado, o estilo de jogo aqui no Sul era de mais marcação, mas você vê que o Roger mudou todo esse modo de jogar. Nossa equipe é de toque de bola. Dificilmente você vai ver os jogadores dando carrinho, ao estilo que os torcedores gostam. A gente joga mais na aproximação, no toque de bola, na ultrapassagem. Mas eu sou um cara que me cobro bastante.

Vou jogar tranquilo com a bola no pé, mas vou melhorar na marcação cada vez mais. Eu estou melhorando aos poucos. Mas não adianta você chegar ao jogo e brigar, querer ser o valente para a torcida e prejudicar o time. Ser expulso. Tem que ser inteligente para não prejudicar a equipe.

Você é um capitão ao melhor estilo "Roger"?

Na verdade, o grupo todo é uma liderança. Fui o escolhido para ser o capitão. Se espera do capitão que cobre, brigue com o juiz. Mas hoje você vai argumentar algo com o juiz, ele pega o cartão e dá amarelo.

Daqui a pouco, você tem que fazer uma falta tática, é expulso e prejudica o time. O time fica com um a menos, perde o jogo. Tem que saber o momento certo de fazer as coisas. Se não, você acaba sendo prejudicado. A gente jogadores experientes. Infelizmente o Giuliano saiu, mas cobrava muito do grupo.

Tem o Geromel, o Marcelo Oliveira, o Douglas. A gente compartilha muito as coisas, para que dentro de campo facilite. O nosso estilo de jogo nos ajuda bastante, e o Roger cobra bastante para não mudar a característica. Mas claro que de vez em quando você tem que dar uma chegadinha. Tem que marcar firme, para dificultar o adversário.

Como você vê essa reta final do primeiro turno, a dois pontos do líder e com adversários da ponta de baixo da tabela? É o momento de dar a arrancada?

Acho que temos que pensar jogo a jogo. Teremos uma sequência contra adversários da parte de baixo, querendo se recuperar, e acabamos tendo dificuldade nesses jogos.

Entramos desatentos, estamos sem concentrar bem, achando que pode ganhar a qualquer momento, mas na real, não é assim. O jogo é ali dentro. Quem estiver mais preparado vai poder vencer a partida. Temos que ir no mesmo espírito que a gente entra nos jogos contra o São Paulo, o Corinthians, o Atlético-MG, em que, se a gente bobear, eles vão matar o jogo. Nós temos que entrar com esse espírito contra as equipes de baixo. A gente se cobra bastante, porque nesses jogos, a gente não pode oscilar, porque os pontos vão fazer falta.

Eu tenho essa ambição de ser treinador. Mas depois que o Roger chegou aqui, eu achei que era mais fácil. Com tudo o que ele estudou, eu falei: "Será que vou estar preparado?" Porque ele veio com filosofia muito diferente. Eu penso: "Será que vou ser assim dessa maneira?"

Maicon

Esse é o momento de o capitão tomar a palavra e pedir concentração máxima?

Isso não só eu, mas como todos. A gente fala isso em todas as partidas, principalmente nessas. São as mais complicadas. Os adversários se fecham, esperam uma bola para fazer o gol. Eu, o Geromel, todo mundo, até os mais novos. A gente fala para entrar ligado, porque é sempre complicado.

Após a queda na Libertadores, muitos torcedores pediram para que você deixasse de ser capitão. Como você recebeu essa cobrança?

Às vezes, você fica chateado, mas entende. O torcedor quer que você ganhe. Se a gente tivesse ganhado a Libertadores, eu estava na história, como o capitão que ganhou a Libertadores junto com os companheiros. É da nossa cultura.

Se ganhou, você fica marcado na história. Se perdeu, as cobranças vão vir. Eu estou acostumado. Estou já há 12 anos no profissional. Sei como funciona. A gente escuta, vê e tira isso como motivação para poder melhorar e buscar o objetivo. Se a gente for campeão no final do ano, tudo isso vai se apagar, e eu vou ser o cara que vai levantar o troféu com meus companheiros. Faz parte. Em todas as equipes é assim.

Hoje, o Grêmio briga com protagonismo no Brasileirão, mas como foi para reerguer o grupo após as eliminações do primeiro semestre?

Sempre complicado, né? Por tudo que vive o clube. Quando você é eliminado, as cobranças vêm. Você começa a ser questionado se pode vestir a camisa do Grêmio. Mais do que ninguém, a gente quer dar um título para o torcedor, que é o maior patrimônio do clube. A gente também quer ganhar todos os jogos, acabar com esse jejum. Logo após as eliminações, seguimos firme, não ficamos olhando atravessado um para o outro. Pelo contrário. A gente se reúne, conversa, vê o que tem que melhorar. O Roger nos cobra isso. Não ficar de cabeça baixa, porque só vai piorar. Tem que tirar as derrotas de lição, se reerguer e correr atrás. Só nós vamos dar a volta por cima. Foi o que aconteceu. A gente está indo aos poucos. A gente espera chegar ao final do ano e dar um título para o nosso torcedor. Para a gente também entrar na história para o clube com isso.

Costuma-se dizer que todo time campeão tem um "estalo". O que pode ser esse diferencial do Grêmio?

É complicado, porque ainda tem mais um turno inteiro pela frente. Acho que a gente tem que levar esse jogo do São Paulo, que a gente fez contra a LDU, é o espírito do nosso time. Se você tiver esse desempenho na maioria dos jogos, as chances de ser campeão é muito grande. Mesmo que os outros adversários tenham bastante qualidade. Eu vejo nossa equipe com estilo de jogo muito diferente de algumas equipes. A gente espera que possa levantar a taça para o nosso torcedor.

Como é o entrosamento do grupo?

Rola conversa no grupo do Whatsapp para se preparar para os jogos?

O grupo é bastante unido. A gente conversa, claro, a nossa vida é o futebol. É a vida da nossa família. A gente mexe com milhares de pessoas apaixonadas pelo clube.

Mais do que todo mundo, a gente quer vencer para dar alegria para o torcedor. A gente conversa, analisa as outras equipes, vê o que fazem de bom e ruim. A gente está sempre trocando ideias quanto a isso. É importante, porque na hora que você conversa sobre outra equipe, você não vai ser surpreendido.

E o entrosamento com o Jailson?

Agora, veio o Jailson, o Ramiro, antes teve o Edinho. Todo mundo teve sua oportunidade. O Jailson está tendo a dele. Chegou, foi treinando, ganhando confiança. Na hora que teve oportunidade, estava bem preparado, porque treinou. O que aconteceu não é surpresa, porque ele acredita nele, o Roger acredita nele, o grupo acredita. Se está ali é porque tem condições. Ele aproveitou a chance. Viu que não tem nenhum bicho de sete cabeças.

Está muito bem. Isso é bom para o grupo. Não é dor de cabeça para o treinador, nem para o grupo. Pelo contrário. É uma relação sadia. Um respeitando o outro e buscando seu espaço.

O que muda com a saída do Giuliano e a entrada do Negueba?

O Giuliano é um baita de um jogador, muito bom para o time taticamente e tecnicamente. Vai fazer muita falta para a gente, mas eu desejo felicidade no novo clube. A gente não pode lamentar. Se foi, o clube tem seus motivos, mas a gente tem jogadores que estão preparados. O Negueba e o Pedro Rocha mostraram isso. O Negueba fazia isso no Coritiba, por isso o Grêmio contratou ele, pela velocidade, empenho na marcação. Ele teve a chance, vai ter uma sequência de jogos. É agarrar a oportunidade, mostrar que pode jogar, e a gente seguir firme.

Perdemos um baita jogador, mas tem outros que vai entrar que vão corresponder.

E o caso do Bolaños? Como vocês lidaram com a liberação dele do jogo contra o Sport?

Na real, a gente nem sabe o que aconteceu. É coisa dele com a comissão, com a diretoria. O jogador procura dar tranquilidade para o companheiro, estar junto, fechado.

Se teve problema, ele resolveu, voltou bem, fez um grande jogo. A gente espera que seja daí para melhor, cada vez mais, ele vai se soltando, É complicado. Ele vem de outro país, de uma cultura diferente, até se adaptar, entender os companheiros. A gente procura trocar ideias, conversar para se sentir a vontade e jogue o melhor futebol. Ele está se soltando e com certeza vai dar muitas alegrias para o torcedor.

O que é mais difícil: fazer o Bolaños ou o Jaílson falarem ou marcar um gol lá na frente?

O Jailson até fala mais. O Miller é mais na dele, mas conversa .Um pouco, mas conversa. O gol está um pouco difícil (risos), mas vai sair, se deus quiser. Vai sair. Estamos trabalhando.

Você tem 30 anos, ainda é novo e tem muito futebol pela frente. Mas já projeta o futuro? Quem sabe como técnico, até pela proximidade com o Roger?

Eu tenho essa ambição de ser treinador, porque trabalhei com grande treinadores, você vai pegando um pouco de cada, os tipos de treinamento interessantes, as coisas que acontecem em campo.

Mas depois que o Roger chegou aqui, eu achei que era mais fácil. Com tudo o que ele estudou, eu falei: "será que vou estar preparado?" Porque ele veio com filosofia de trabalho muito diferente.

Eu parei para pensar... Eu queria ser treinador. Com a chegada do Roger, com todas as coisas que o Roger fala, eu penso: "será que vou ser assim dessa maneira?". Você tem que se espelhar nos melhores. O Tite é um baita treinador, o Roger, por ser novo, tem um trabalho diferente, com resultados que vêm dando certo. Se tiver chance, me vejo comentando, como tem jogadores que comentam os jogos, e eu tenho uma leitura boa de jogo. Se não, vamos tomar pancada como treinador.

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Comentários



Maicon um pedido de um gremista que viu eternos capitães e campeões. Faz o básico. O básico domingo sua atuação beirou a genial.Firme na marcação. Passes preciso correndo na reposição. Marcando os rebotes. Só não foi completa por mais uma vez uma firula que poucos notaram mas vc se assustou um toque de letra desnecessário em frente nossa área. Maicon, O Dinho, O Goiano, o Adilson tinham classe miriam de 3 dedos mas principalmente chutavam de Bico e não toleravam firulas. Quer ser nosso capita quer cair nas graças da torcida.Deicha para o Luan o Douglas E o Pedro Rocha o Bolanhos arriscarem estas situações até porque se eles falharem você e Geromito e a turma estarão aí para cobertura.No mais siga que confiaremos em ti.A outra coisa a juizada tem que respeitar a faixa que tu ostentas faça isso acontecer pelo menos em Casa!

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