Grêmio ''aceita'' Bolaños recuado, mas Copa América põe

Roger Machado precisava oxigenar o Grêmio para a estreia no Brasileirão, diante do Corinthians, após a traumática queda na Libertadores, para o Rosario Central. Entre experiências na semana livre para treinos, o comandante sacou Douglas para o ingresso de Bobô no ataque e incumbiu a Miller Bolaños, mais recuado, o posto criador da equipe. Deu, assim, cara nova ao Tricolor, capaz de impor dificuldades ao atual campeão brasileiro em Itaquera, num 0 a 0 que poderia se traduzido em vitória, dadas as chances criadas pelos gremistas fora de casa.

Oportunidades que, inclusive, tiveram o camisa 23 como municiador. Neste domingo, o equatoriano acertou 24 passes e errou apenas dois. Em contrapartida, não finalizou e figurou em impedimento por duas vezes, mas deixou Giuliano e Bobô na cara do gol. Ainda participou de lance em que o centroavante ficou frente a frente com o goleiro rival.

Não à toa. Em entrevista recente ao Globoesporte.com, o técnico do Equador, Gustavo Quinteros, já havia dito que a função, imediatamente atrás ao atacante de referência, era a preferida para Bolaños. A seleção equatoriana, inclusive, configura problema à nova formação, elogiada por Roger Machado. O atacante deve fazer seu último jogo pelo Grêmio antes da Copa América no domingo, diante do Flamengo, na Arena. Depois, deve se apresentar no time nacional, com amistoso diante dos Estados Unidos marcado para o próximo dia 25.
– A modificação foi muito bem aceita dentro da engrenagem, com o Miller mais recuado, e o Bobô segurando a linha. Nós criamos oportunidades mais claras. Poderíamos ter tido melhor sorte. O Miller fica conosco mais um jogo contra o Flamengo, depois tem a convocação. Eu promovi a entrada do Miller para mudar a característica da função. O Douglas me dá aspectos importantes, mas entendi a necessidade de fazer a alteração para o jogo. O Douglas soube entender – avalia Roger Machado.

De fato, a mudança tática foi assimilada na mecânica de jogo gremista neste domingo. Com Bolaños mais recuado, ao lado de Giuliano, pela esquerda, e Luan, pela direita, Bobô apareceu como referência, encarregado de segurar a zaga rival.

A ideia do comandante era ganhar espaço no campo de defesa do rival ao empurrar a última linha defensiva para trás e, assim, permitir espaço para que a trinca de meias figurasse entre a zaga e os volantes. E o sistema funcionou bem, ainda que a bola longa, em ligação direta de Marcelo Grohe, por vezes tenha sido anulada pelos zagueiros rivais.

– O Roger pediu para eu segurar a zaga para que os três flutuassem entre a zaga e os volantes deles. Fizemos o papel bem e por pouco não saímos com a vitória – explica Bobô.

Nesta engrenagem, o equatoriano ora caía pelos lados, ora aparecia mais centralizado, com os quatro atletas alternando posições, em meio a muita movimentação. Pela direita, Bolaños apareceu bem e cruzou para Giuliano, logo a sete minutos. Depois, em frente à área, acionou Bobô, na cara de Walter, aos 20, em duas chances perdidas. Por característica, também tornou a transição da defesa ao ataque mais veloz, numa comparação a Douglas.

– Perdemos cadência sem o Douglas, um pouco mais de inteligência. Mas ganhamos versatilidade e mais bola área com o Bobô – completa Walace.

Após o empate na Arena Corinthians, o Grêmio desembarcou em Porto Alegre ainda à noite, neste domingo. O elenco terá a segunda-feira de folga, com reapresentação marcada para esta terça-feira, à tarde. A equipe volta a campo no domingo, quando enfrenta o Flamengo, às 16h, na Arena, pela segunda rodada do Brasileirão.

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