
Estou repetindo a chamada de uma das postagens recentes do jornalista e repórter Vagner Martins, conhecido como Vaguinha, notório torcedor do Inter, rival há mais de um século do Grêmio. E por que repito o bordão do Vaguinha? Bem, o Brasil e o mundo estão assistindo à maior tragédia que já acometeu o Rio Grande do Sul, afetando o Estado (e principalmente Porto Alegre e região) em TODOS os aspectos: a logística, os estádios e o futebol são o de menos. Mas, ainda assim, são IMPORTANTES. O povo gaúcho é apaixonado por futebol, quem nos conhece, sabe. A rivalidade até extrapola o campo às vezes. Futebol é assunto em qualquer roda nos pampas gaúchos, em qualquer "mateada".
O fato é que a CBF decidiu paralisar o Brasileirão somente até dia 27 de maio, após resistência de vários clubes brasileiros, protestos e descaso de muitos jornalistas e repórteres, como Mauro Cezar. Então, a partir do dia 27 haverá uma reunião em que os clubes "ficarão cientes das suas perdas com a remarcação de datas por causa das enchentes", como comentou a direção da entidade. O Brasileirão já devia ter parado. Qual é o clima para, em meio a tanta comoção, mortos, desabrigados e o Rio Grande do Sul em sua maioria debaixo d'água, qual é o clima que temos e tínhamos para a FESTA que é, ou deve ser o futebol? Comemorar gols, pontos, conquistas, unir multidões por uma paixão. Não havia, não há clima, como disse o presidente do Grêmio, Alberto Guerra: estamos, primeiro, tentando salvar e reconstruir o Rio Grande do Sul. Sei que vários clubes e profissionais do futebol foram solidários à paralisação dos campeonatos da CBF - mas outros tantos, não. Deram de ombros. "Que diferença faz? Não é com a gente."
Só na série A, o Rio Grande do Sul tem três times, ninguém tem mais na série A que o Rio Grande do Sul em 2024, excluindo-se RJ e SP. Grêmio, Inter e Juventude perderam seus estádios por meses, e recém voltaram a treinar. Jogadores lesionados - especialmente no lado gremista, que tem mais casos - tiveram sua recuperação atrasada. E os abalos emocionais?
Sobre o Grêmio: retirou seus jogadores e a comissão técnica às pressas do Rio Grande do Sul, para treinar no CT do Corinthians e jogar no Couto Pereira, em Curitiba, as partidas da Libertadores. Os jogos que irá mandar em terras paranaenses são vitais: contra o The Strongest, já classificado para a segunda fase, e Estudiantes. Vai atuar sem ter treinado o suficiente, sem ritmo de jogo e sem grande parte do fator local, visto que a quantidade de torcedores do Imortal decai muito acima de Santa Catarina - embora a torcida do clube esteja em franco crescimento, no Brasil, na América e no mundo, conforme pesquisas. E, somente se o Tricolor Gaúcho passar para a segunda fase da Libertadores é que poderá escolher um estádio mais próximo do Rio Grande do Sul, possivelmente as instalações do Criciúma. Somente se se classificar. Sem ritmo de jogo, com o pesado clima que afeta os atletas, muitos tragados de forma brusca pelo desastre natural, suas famílias, seus torcedores, seu clube.
A Conmebol manteve as datas: 4 e 8 de junho, apertadíssimas, para o Grêmio jogar contra o The Strongest no PR e contra o Huachipato no Chile. Os chilenos vêm de uma goleada de 4 a 0 sofrida diante dos equatorianos, de quem a equipe reserva de Renato Portaluppi perdeu por 1 a 0 na altitude em Quito, a quase 5.000 metros acima do nível do mar. Não deixemos de falar do rival Inter, que será prejudicado na Sul-Americana e jogará fora do RS, igualmente estremecido pelo que ocorre no Rio Grande do Sul - jogadores, comissão técnica, torcida. São seres humanos, embora, às vezes, pareçam algo acima ou abaixo disso para muita gente.
Mas o futebol não tem coração. Tem dinheiro, tem troféus, tem classificação, tem festa, às vezes tem violência que exala, em geral, pelo excesso de paixão pelo próprio clube, ou repúdio ao rival. Os casos de violência nos estádios e arredores se multiplicam, mas mesmo assim, no fim, ainda é uma festa. A razão de viver de muita gente, uma das poucas alegrias de gente que, por exemplo, perdeu tudo. São quase 100.000 desabrigados, milhões de atingidos. Porém, o futebol precisa continuar. Os clubes gaúchos, nas séries A, B, C e D, já tiveram mais de setenta jogos cancelados. Mas o futebol tem de continuar. O dinheiro tem de rodar. O problema é "deles" - diz quem não tem nem ideia do que aconteceu. Vi vários socorristas traumatizados com o que viram: corpos boiando, pessoas e animais nos telhados, como o célebre cavalo Caramelo, que aguentou cinco dias até ser resgatado e se tornou um símbolo de resistência.
O Rio Grande do Sul vai se recuperar - vai -, mas a grande ferida talvez nunca vá cicatrizar. Levará décadas para doer menos. Resumindo: CBF e Conmebol poderiam ter mostrado, e ainda podem, mais empatia e justiça com as condições que os clubes gaúchos terão ao voltar a campo: abalos físicos e mentais, não estarão à altura de seus adversários, ainda que estes tenham mostrado solidariedade, muitos deles, e ajudado com doações e homenagens.
O futebol não tem coração. Mas ainda bem que, neste desastre de proporções inimagináveis, mesmo diante da crise climática no Brasil e no mundo, muita gente deixou claro que tem. Não apenas celebridades, gente que fez o que os governos não fizeram, por exemplo, ignorando a manutenção das comportas e bombas em Porto Alegre. Quanto a nós, gaúchos e torcedores de nossos clubes, que ocupam todo o planeta, vamos jogar com o coração na mão e nas chuteiras. Vamos ser "fortes, aguerridos e bravos", como no nosso hino - na Semana Farroupilha, a maioria das escolas toca a melodia antes de começarem as aulas, e alunos e professores cantam de cor, emocionados.
Obrigada a todos os que têm coração. Compadecem-se, de verdade. Mas a realidade é que o dinheiro e a paixão clubística são adversários quase imbatíveis no futebol - que não tem coração, ou pouco tem. Oremos pelo Rio Grande do Sul. Todos os que estão ajudando a amenizar a dor e os estragos com gestos de humanização, todos vocês nunca serão esquecidos. Suas atitudes valem muito mais do que qualquer conquista dentro de campo. Obrigada.
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Só na série A, o Rio Grande do Sul tem três times, ninguém tem mais na série A que o Rio Grande do Sul em 2024, excluindo-se RJ e SP. Grêmio, Inter e Juventude perderam seus estádios por meses, e recém voltaram a treinar. Jogadores lesionados - especialmente no lado gremista, que tem mais casos - tiveram sua recuperação atrasada. E os abalos emocionais?
Sobre o Grêmio: retirou seus jogadores e a comissão técnica às pressas do Rio Grande do Sul, para treinar no CT do Corinthians e jogar no Couto Pereira, em Curitiba, as partidas da Libertadores. Os jogos que irá mandar em terras paranaenses são vitais: contra o The Strongest, já classificado para a segunda fase, e Estudiantes. Vai atuar sem ter treinado o suficiente, sem ritmo de jogo e sem grande parte do fator local, visto que a quantidade de torcedores do Imortal decai muito acima de Santa Catarina - embora a torcida do clube esteja em franco crescimento, no Brasil, na América e no mundo, conforme pesquisas. E, somente se o Tricolor Gaúcho passar para a segunda fase da Libertadores é que poderá escolher um estádio mais próximo do Rio Grande do Sul, possivelmente as instalações do Criciúma. Somente se se classificar. Sem ritmo de jogo, com o pesado clima que afeta os atletas, muitos tragados de forma brusca pelo desastre natural, suas famílias, seus torcedores, seu clube.
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Mas o futebol não tem coração. Tem dinheiro, tem troféus, tem classificação, tem festa, às vezes tem violência que exala, em geral, pelo excesso de paixão pelo próprio clube, ou repúdio ao rival. Os casos de violência nos estádios e arredores se multiplicam, mas mesmo assim, no fim, ainda é uma festa. A razão de viver de muita gente, uma das poucas alegrias de gente que, por exemplo, perdeu tudo. São quase 100.000 desabrigados, milhões de atingidos. Porém, o futebol precisa continuar. Os clubes gaúchos, nas séries A, B, C e D, já tiveram mais de setenta jogos cancelados. Mas o futebol tem de continuar. O dinheiro tem de rodar. O problema é "deles" - diz quem não tem nem ideia do que aconteceu. Vi vários socorristas traumatizados com o que viram: corpos boiando, pessoas e animais nos telhados, como o célebre cavalo Caramelo, que aguentou cinco dias até ser resgatado e se tornou um símbolo de resistência.
O Rio Grande do Sul vai se recuperar - vai -, mas a grande ferida talvez nunca vá cicatrizar. Levará décadas para doer menos. Resumindo: CBF e Conmebol poderiam ter mostrado, e ainda podem, mais empatia e justiça com as condições que os clubes gaúchos terão ao voltar a campo: abalos físicos e mentais, não estarão à altura de seus adversários, ainda que estes tenham mostrado solidariedade, muitos deles, e ajudado com doações e homenagens.
O futebol não tem coração. Mas ainda bem que, neste desastre de proporções inimagináveis, mesmo diante da crise climática no Brasil e no mundo, muita gente deixou claro que tem. Não apenas celebridades, gente que fez o que os governos não fizeram, por exemplo, ignorando a manutenção das comportas e bombas em Porto Alegre. Quanto a nós, gaúchos e torcedores de nossos clubes, que ocupam todo o planeta, vamos jogar com o coração na mão e nas chuteiras. Vamos ser "fortes, aguerridos e bravos", como no nosso hino - na Semana Farroupilha, a maioria das escolas toca a melodia antes de começarem as aulas, e alunos e professores cantam de cor, emocionados.
Obrigada a todos os que têm coração. Compadecem-se, de verdade. Mas a realidade é que o dinheiro e a paixão clubística são adversários quase imbatíveis no futebol - que não tem coração, ou pouco tem. Oremos pelo Rio Grande do Sul. Todos os que estão ajudando a amenizar a dor e os estragos com gestos de humanização, todos vocês nunca serão esquecidos. Suas atitudes valem muito mais do que qualquer conquista dentro de campo. Obrigada.
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