Quase já não há mais temor nas arquibancadas e no vestiário quando o Grêmio precisa passar por uma disputa de pênaltis. Torcedores, comissão técnica e jogadores sabem que podem contar com uma figura especial em campo. Nas últimas oportunidades em que esteve com a bola na marca da cal, Marcelo Grohe decidiu para o Grêmio. A ponto de, internamente, já ser alvo de brincadeiras dos companheiros com o rótulo de pegador de pênaltis. O camisa 1 do Grêmio reviu as suas defesas de cobranças nos últimos anos com o GloboEsporte.com e elegeu a mais bonita. Além disso, também falou do trabalho feito com o preparador de goleiros, Rogério Godoy, para as cobranças e da frustração na única derrota que teve em decisão desta maneira, em 2014, pela Libertadores.
Grohe defendeu duas cobranças na disputa com o Criciúma, nesta terça: do centroavante Paulo Sérgio e do goleiro Luiz. Garantiu a sequência tricolor na Copa do Brasil. Neste ano, já havia defendido cobranças de Paulinho e William Schuster, agora seu colega, nas quartas do Gauchão. E em 2013, na primeira decisão da Arena, na primeira fase da Libertadores, defendeu chute de Morante, da LDU. Todas as cobranças revistas na tarde desta quarta, na sala de imprensa do CT Luiz Carvalho
- Acho que a com o pé, de ter passado o corpo e ter conseguido tirar com o pé. As outras foram com a mão, essa com a perna. A do Paulinho, é a mais difícil. E mais bonita, pode ser. E é legal também que, se eles fizessem, acabava - decretou Grohe ao GloboEsporte.com. - Minha satisfação é a sensação de ajudar em uma decisão a passar minha equipe. Isso não tem preço.
O goleiro conta que tem toda uma estrutura por trás que o faz, em campo, ser o herói de classificações nos pênaltis. Com vídeos, discute e conversa com Rogerião as características de possíveis batedores, antes de partidas que podem acabar nas penalidades.
Marcelo Grohe se diverte revivendo lances (Foto: Reprodução/GloboEsporte.com)
> Confira a entrevista com o herói da vitória gremista:
GloboEsporte.com: O que passa ali ao enfrentar um companheiro de posição, como o Luiz, do Criciúma. É mais difícil?
Marcelo Grohe: É difícil porque a gente não tem base nenhuma. Não tem vídeo, nada. O pessoal aqui do Grêmio tem um trabalho muito legal no CDD (Centro Digital de Dados), que passa sempre o vídeo. E do goleiro não tinha nenhuma observação. Bem difícil saber o que ele poderia fazer na hora. É a intuição de ver…
Observar algum detalhe que se faz antes de bater...
Algum detalhe que ele faz, um movimento que a gente percebe que pode ser naquele canto, e tomamos a ação. É bem complicado pegar jogadores que não temos nenhuma noção do que vai acontecer. É difícil, não é uma coisa natural. Por mais que treine, é diferente do jogo, ainda mais em uma decisão.
E aquela decisão contra a LDU, qual foi o sentimento?
Acho que toda a decisão tem sua importância, mas era Libertadores. (interrompe vendo o vídeo) Cabelão tava arrumado aí…(risos) Foi um momento bem emocionante porque tinha uma expectativa muito grande do clube ir para Libertadores, foi feito um investimento grande. E a importância da competição, são esses fatores que talvez tornam a decisão a mais importante. Mas todas são especiais
Destas defesas que vimos, qual a que considera a mais difícil?
Acho que a com o pé, de ter passado o corpo e ter conseguido tirar com o pé. As outras foram com a mão, essa com a perna. A do Paulinho (contra o Novo Hamburgo), a mais difícil. E mais bonita, pode ser. E é legal também que, se eles fizessem, acabava.
Tem algum ritual que repita antes das disputas?
Não tenho nada. Tento me manter muito tranquilo, temos a responsabilidade de ajudar, mas a pressão está mais no batedor do que no goleiro. Não tenho nenhum tipo de ritual, procuro me manter concentrado. O que faço é pedir a Deus para me abençoar naquela hora.
E para se manter concentrado, o que fazer?
É bem difícil, começa a passar um monte de coisa na cabeça. O que o batedor pode fazer, o que ele pode estar pensando, o que não está pensando, o que está pensando para me enganar. Ali, são alguns segundos que procuro me manter concentrado e estar pensando nestas situações.
No dia a dia, não vemos muito vocês treinando pênaltis. Como é a preparação com o Rogerião?
A gente conversou antes mesmo do jogo, na concentração. É passado um material para nós no computador, o relatório do adversário. E a gente conversou desta possibilidade, o que poderíamos fazer. Ali na hora do jogo, rapidamente, conversamos após ter acabado. E no dia a dia, a gente até treina. Mas é com os caras depois do treino. E por mais que treine, é diferente do jogo. Até mesmo o batedor ali está relaxado. Pode forçar mais, botar uma bola em cima, porque não tem a pressão.
Em campo aparece o Marcelo como ícone, mas tem todo um pessoal por trás, então...
Sem dúvida, é super importante ter esse material. No futebol, qualquer detalhezinho faz a diferença. Tem um pessoal muito competente, que trabalha em função de ver os últimos jogos. Que deve ser muito árduo, mas que nos ajuda bastante.
Com o Rogerião, todo jogo que pode acabar em pênaltis vocês conversam?
A gente troca ideia. A gente analisa. Ele gosta de ver os vídeos, não só os pênaltis, mas bola parada, como a gente pode atuar dentro do jogo. E a gente procura conversar.
Nestes últimos anos, você só não pegou em uma decisão de pênaltis. Como foi o sentimento daquela disputa?
Foi a do San Lorenzo. Era uma decisão muito importante, nos classificava para as quartas. A gente fica frustrado de não poder ajudar naquele momento, infelizmente naquela noite não foi possível. Não vai ser sempre que a gente vai pegar. Faz parte do jogo. Pênalti é competência, mas… Não é sorte, tem competência, mas não vai ganhar todas. Infelizmente.
Hoje o Marcelo Grohe é um goleiro completo?
Não... Longe, tenho muito o que melhorar. Vou ser assim até o final da carreira. Tenho uma autocrítica grande comigo, o Rogerião também. A gente conversa todo jogo, faz um relatório, falo com pessoas próximas. Tenho muito o que melhorar e vou continuar assim trabalhando, em busca da melhor performance. É como eu vou crescer na minha profissão.
Já está com o rótulo de pegador de pênalti? Rola alguma brincadeira com os companheiros?
O pessoal brinca, mas não me considero. Gosto de ajudar, independente do rótulo ou não. Minha satisfação é a sensação de ajudar em uma decisão a passar minha equipe. Isso não tem preço. Poderia a gente passar e não ter pego nenhum, ter ido na trave e para fora. Seria o mesmo prazer. Importante é a classificação. Podendo ajudar, claro, melhor ainda.
Quem brinca são os seus companheiros?
Isso, o pessoal brinca, "nos ajudou mais uma vez", "nos salvou mais uma vez". Mas é mérito deles também, que fizeram os gols nos pênaltis e ganhamos o jogo no tempo normal.
Grohe voa para espalmar cobrança do Criciúma (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)
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Grohe defendeu duas cobranças na disputa com o Criciúma, nesta terça: do centroavante Paulo Sérgio e do goleiro Luiz. Garantiu a sequência tricolor na Copa do Brasil. Neste ano, já havia defendido cobranças de Paulinho e William Schuster, agora seu colega, nas quartas do Gauchão. E em 2013, na primeira decisão da Arena, na primeira fase da Libertadores, defendeu chute de Morante, da LDU. Todas as cobranças revistas na tarde desta quarta, na sala de imprensa do CT Luiz Carvalho
- Acho que a com o pé, de ter passado o corpo e ter conseguido tirar com o pé. As outras foram com a mão, essa com a perna. A do Paulinho, é a mais difícil. E mais bonita, pode ser. E é legal também que, se eles fizessem, acabava - decretou Grohe ao GloboEsporte.com. - Minha satisfação é a sensação de ajudar em uma decisão a passar minha equipe. Isso não tem preço.
O goleiro conta que tem toda uma estrutura por trás que o faz, em campo, ser o herói de classificações nos pênaltis. Com vídeos, discute e conversa com Rogerião as características de possíveis batedores, antes de partidas que podem acabar nas penalidades.
Marcelo Grohe se diverte revivendo lances (Foto: Reprodução/GloboEsporte.com)
> Confira a entrevista com o herói da vitória gremista:
GloboEsporte.com: O que passa ali ao enfrentar um companheiro de posição, como o Luiz, do Criciúma. É mais difícil?
Marcelo Grohe: É difícil porque a gente não tem base nenhuma. Não tem vídeo, nada. O pessoal aqui do Grêmio tem um trabalho muito legal no CDD (Centro Digital de Dados), que passa sempre o vídeo. E do goleiro não tinha nenhuma observação. Bem difícil saber o que ele poderia fazer na hora. É a intuição de ver…
Observar algum detalhe que se faz antes de bater...
Algum detalhe que ele faz, um movimento que a gente percebe que pode ser naquele canto, e tomamos a ação. É bem complicado pegar jogadores que não temos nenhuma noção do que vai acontecer. É difícil, não é uma coisa natural. Por mais que treine, é diferente do jogo, ainda mais em uma decisão.
E aquela decisão contra a LDU, qual foi o sentimento?
Acho que toda a decisão tem sua importância, mas era Libertadores. (interrompe vendo o vídeo) Cabelão tava arrumado aí…(risos) Foi um momento bem emocionante porque tinha uma expectativa muito grande do clube ir para Libertadores, foi feito um investimento grande. E a importância da competição, são esses fatores que talvez tornam a decisão a mais importante. Mas todas são especiais
Destas defesas que vimos, qual a que considera a mais difícil?
Acho que a com o pé, de ter passado o corpo e ter conseguido tirar com o pé. As outras foram com a mão, essa com a perna. A do Paulinho (contra o Novo Hamburgo), a mais difícil. E mais bonita, pode ser. E é legal também que, se eles fizessem, acabava.
Tem algum ritual que repita antes das disputas?
Não tenho nada. Tento me manter muito tranquilo, temos a responsabilidade de ajudar, mas a pressão está mais no batedor do que no goleiro. Não tenho nenhum tipo de ritual, procuro me manter concentrado. O que faço é pedir a Deus para me abençoar naquela hora.
E para se manter concentrado, o que fazer?
É bem difícil, começa a passar um monte de coisa na cabeça. O que o batedor pode fazer, o que ele pode estar pensando, o que não está pensando, o que está pensando para me enganar. Ali, são alguns segundos que procuro me manter concentrado e estar pensando nestas situações.
No dia a dia, não vemos muito vocês treinando pênaltis. Como é a preparação com o Rogerião?
A gente conversou antes mesmo do jogo, na concentração. É passado um material para nós no computador, o relatório do adversário. E a gente conversou desta possibilidade, o que poderíamos fazer. Ali na hora do jogo, rapidamente, conversamos após ter acabado. E no dia a dia, a gente até treina. Mas é com os caras depois do treino. E por mais que treine, é diferente do jogo. Até mesmo o batedor ali está relaxado. Pode forçar mais, botar uma bola em cima, porque não tem a pressão.
Em campo aparece o Marcelo como ícone, mas tem todo um pessoal por trás, então...
Sem dúvida, é super importante ter esse material. No futebol, qualquer detalhezinho faz a diferença. Tem um pessoal muito competente, que trabalha em função de ver os últimos jogos. Que deve ser muito árduo, mas que nos ajuda bastante.
Com o Rogerião, todo jogo que pode acabar em pênaltis vocês conversam?
A gente troca ideia. A gente analisa. Ele gosta de ver os vídeos, não só os pênaltis, mas bola parada, como a gente pode atuar dentro do jogo. E a gente procura conversar.
Nestes últimos anos, você só não pegou em uma decisão de pênaltis. Como foi o sentimento daquela disputa?
Foi a do San Lorenzo. Era uma decisão muito importante, nos classificava para as quartas. A gente fica frustrado de não poder ajudar naquele momento, infelizmente naquela noite não foi possível. Não vai ser sempre que a gente vai pegar. Faz parte do jogo. Pênalti é competência, mas… Não é sorte, tem competência, mas não vai ganhar todas. Infelizmente.
Hoje o Marcelo Grohe é um goleiro completo?
Não... Longe, tenho muito o que melhorar. Vou ser assim até o final da carreira. Tenho uma autocrítica grande comigo, o Rogerião também. A gente conversa todo jogo, faz um relatório, falo com pessoas próximas. Tenho muito o que melhorar e vou continuar assim trabalhando, em busca da melhor performance. É como eu vou crescer na minha profissão.
Já está com o rótulo de pegador de pênalti? Rola alguma brincadeira com os companheiros?
O pessoal brinca, mas não me considero. Gosto de ajudar, independente do rótulo ou não. Minha satisfação é a sensação de ajudar em uma decisão a passar minha equipe. Isso não tem preço. Poderia a gente passar e não ter pego nenhum, ter ido na trave e para fora. Seria o mesmo prazer. Importante é a classificação. Podendo ajudar, claro, melhor ainda.
Quem brinca são os seus companheiros?
Isso, o pessoal brinca, "nos ajudou mais uma vez", "nos salvou mais uma vez". Mas é mérito deles também, que fizeram os gols nos pênaltis e ganhamos o jogo no tempo normal.
Grohe voa para espalmar cobrança do Criciúma (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)
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