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Não é só cota de TV: 7 coisas que a Liga precisa discutir no Brasileirão


Fonte: UOL

Não é só cota de TV: 7 coisas que a Liga precisa discutir no Brasileirão
Brasileirão pode ser organizado por uma liga de clubes a partir de 2025 Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

As discussões para a criação de uma liga de clubes que seja responsável pela organização e comercialização do Brasileirão a partir de 2025 têm ficado restritas a questões financeiras imediatas, como a divisão de valores pagos pelos fundos investidores que estão dando apoio aos dois grupos formados por times das séries A e B (Libra e Liga Forte Futebol), e também a forma e a conta para distribuição das cotas de televisão.

Mas a existência de uma liga não deveria se restringir a esses fatores, sob pena de uma mera recriação do que foi um dia do Clube dos 13, entidade que reuniu os clubes com maiores torcidas do país e só organizou para valer a Copa União de 1987 e a Copa João Havelange de 2000, deixando a CBF tomar conta do Campeonato Brasileiro enquanto o C13 apenas fazia acordos comerciais e de televisão até 2011, quando foi dissolvido.

A ideia de uma liga deveria servir para colocar o Brasileirão em um patamar mais elevado enquanto produto e competição, não apenas organizar a venda dos direitos de transmissão. Aliás, o próprio tema "transmissão" não deveria ficar restrito ao modelo de divisão das cotas.

Pensando nisso, a coluna lista agora sete pontos que deveriam ser mais falados para que o público soubesse o que os clubes, seja qual for o lado na briga Libra x LFF, pensam sobre o futuro.

Um campeonato forte e que pense em valer mais nos próximos anos e décadas precisa ter um modelo definido para as regras de transparência e justiça nas contas, receitas e despesas dos clubes envolvidos.

Não deve ser mais admissível que times gastem mais do que arrecadam em nome de um sucesso esportivo pontual, mas que depois rende prejuízos a eles próprios e à imagem do campeonato.

Também não é justo que clubes bem estruturados, com receitas e despesas equilibradas, se vejam atropelados por quem não tem o menor escrúpulo de gastar na montagem de elencos caros sem compromisso com o futuro, apenas em nome do troféu do fim do ano. Um plano de "Fair Play Financeiro" deveria estar no centro das discussões públicas desde o início do tema "liga no Brasileirão".

Uma liga que busque a valorização do Brasileirão não pode deixar que a arbitragem seja apenas um "problema" da CBF. Ainda que a nova entidade que vier a organizar o Campeonato Brasileiro não fique responsável pelos árbitros, será preciso um movimento para melhorar o nível que vemos em campo atualmente.

Isso deve ser feito sobretudo buscando uniformizar critérios, valorizar e profissionalizar os homens e mulheres do apito, e acabar com o modelo atual, no qual a função não é oficialmente a ocupação principal de cada árbitro.

Se um movimento formado por clubes não fizer nada para buscar melhorias nas arbitragens, vamos oficializar de vez que falar mal dos juízes só serve como desvio de foco em dias de resultados ruins. Quem quer melhorar de fato precisa se manifestar desde já.

É pouquíssimo provável que o Brasileirão consiga ser um campeonato tão mais valorizado sem resolver (ou começar algo para resolver) um problema crônico que faz parte da história do nosso futebol: o calendário.

Estaduais ainda ocupando 15 ou 16 datas no começo do ano, times entrando em campo 70, 80 vezes na temporada, "pausas" para as datas Fifa que voltam no dia seguinte aos amistosos das seleções, maratonas de partidas importantes entre Copa do Brasil, Libertadores/Sul-Americana e Brasileirão no meio do ano. A lista de problemas é quase interminável.

O que pensam e o que vão fazer os clubes envolvidos nas discussões sobre a liga a respeito do calendário?

Vale lembrar que isso interfere também na própria formulação da tabela do Brasileirão. A coluna vem apontando nas últimas semanas o quanto o aperto do calendário tem prejudicado o produto Campeonato Brasileiro por causa dos jogos das competições da Conmebol realizados às terças e quintas, espremendo partidas do campeonato nacional no fim de semana, criando o critério de marcação dos jogos baseado simplesmente no "coloque onde couber".

Quem vai pagar o dobro do que a Globo paga atualmente pelos direitos de transmissão sem saber se poderá transmitir os jogos que quiser, nos dias e horários que quiser, se toda hora há algum empecilho causado pelo aperto das datas?

Um campeonato que busca ser mais valioso e atrativo precisa cuidar melhor de sua própria imagem. Haverá algum tipo de padronização ou exigências mais firmes em relação aos gramados dos estádios brasileiros? Foi esse o caminho que as principais ligas europeias tomaram quando surgiram.

A tão badalada Premier League, da Inglaterra, que hoje é sempre muito comentada como inspiradora de modelos de distribuição de cotas de TV, é um exemplo dessa transformação. Pesquise jogos do Campeonato Inglês nos anos 1980 e 1990 antes da criação da liga e confira alguns verdadeiros "pastos" que apareciam nas imagens.

Qualquer produto que queira se valorizar precisa se apresentar melhor. Gramados influenciam muito na qualidade do futebol apresentado.

A expansão do futebol brasileiro de forma lucrativa para os mercados internacionais é algo muito comentado, mas pouco explicado e debatido. Na verdade, todos os pontos já falados neste texto são vitais para que o Brasileirão possa ser uma liga competitiva e que desperte atenção do público em outros países.

Atualmente, os direitos internacionais de transmissão do Campeonato Brasileiro são vendidos para mais de 140 países, mas o torneio está longe de alcançar uma verba extremamente significativa com essa comercialização. Para encher os bolsos com emissoras e streamings estrangeiros, o Brasileirão precisa melhorar como um todo.

Os clubes que compõem o Brasileirão têm que se ver como marcas a serem exploradas no exterior. Um calendário mais organizado e com mais liberdade para as preparações certamente faria com que os times pudessem fazer mais jogos em outros países, divulgando suas marcas e crescendo em interesse.

Um campeonato que mesmo ainda longe de ser um sucesso de organização como produto, mas tem Luis Suárez no Grêmio, Marcelo no Fluminense, entre tantos outros exemplos, sabe que há um caminho importante para ser seguido e que não é difícil começar. Mas falta debater isso publicamente: o que cada grupo de clubes pensa?

Mas já que o assunto "transmissões de TV" é dominante nas discussões sobre a futura liga, não basta apenas fazer projeções que variam de R$ 2 bi a R$ 4,5 bilhões por ano, dizer como cada grupo dividiria esse valor entre os 20 clubes da Série A, qual percentual seria destinado aos times da Série B. É preciso dizer como serão feitas essas vendas.

A futura liga vai negociar o Brasileirão diretamente com as emissoras, como fizeram os clubes nos últimos anos acertando com Globo ou TNT? Haverá um processo de concorrência pública com datas, formatos de propostas claros e envelopes fechados, semelhante a uma licitação, como a Libertadores e a Sul-Americana fazem nos últimos anos?

Tudo isso vai influenciar a arrecadação. O Brasileirão precisa de um modelo de transmissões que respeite a TV aberta, pense nas plataformas pagas como uma fonte importante de renda, e reflita sobre os problemas de cada modelo atualmente: a concentração nas mãos de um só player, como a Globo faz no Campeonato Brasileiro, dá poder demais a uma empresa para decidir qual clube aparece mais ou menos em cada mídia.

Mas a pulverização dos direitos torna a tabela de transmissões confusa ao torcedor, que pode ter que assinar muitos serviços para ter o que atualmente o Premiere oferece (todos os jogos, menos as partidas do Athletico em casa). O que pensam sobre isso as ligas?

Esse é outro ponto importantíssimo. A futura liga vai gerir as próprias transmissões, se responsabilizar pelas gerações das imagens que percorrerão o mundo e serão distribuídas a todos os detentores, como faz a Conmebol com Libertadores e Sul-Americana, ou mesmo a FPF com o Paulistão? Ou quem comprar os direitos terá que cuidar também do trabalho de fazer as imagens?

Seja qual for o modelo escolhido, os clubes precisam exigir a uniformização das gerações de imagens. Sobretudo considerando o peso que hoje elas têm na arbitragem de vídeo, o VAR. Não dá para uma partida ter mais câmeras que a outra porque sua transmissão é de TV aberta. Não dá para um impedimento ser checado com imagens pouco claras.

Se estão tão preocupados com transmissões de TV, os clubes precisam dizer o que vão querer nesse sentido também, e não apenas falar sobre o dinheiro que elas trarão.



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