Luiz Felipe Scolari e Grêmio: um fim mais do que anunciado
(Foto: Agência Getty Images)
Luiz Felipe Scolari deixou o Grêmio sem ter feito, nesta passagem, nada relevante ou digno de deixar saudades. Um desfecho que qualquer ser humano era, ou deveria ser, capaz de imaginar quando ele foi contratado no ano passado. Um fim mais do que anunciado. Felipão é mais uma prova do quão os clubes são amadores no processo de escolha dos técnicos. O momento do adeus costuma abrir a caixa preta dos treinadores: "São isso, são aquilo, não escalavam Fulano, erraram com Sicrano...". Quase sempre críticas justas, mas também quase sempre fica a percepção de que era possível aos dirigentes evitar tantos desastres. Falta competência.
A quantidade de erros indica a falta de conhecimento dos cartolas ao escolherem os comandantes das equipes. Muitos não entendem de futebol e baseiam suas ações na emoção. Mas há casos piores, de dirigentes que sabem exatamente o peixe que estão comprando, e ainda assim o fazem pela necessidade de uma satisfação à opinião pública ou um escudo diante dos torcedores.
O que se esperava de Felipão após uma passagem com mais baixos que altos
pelo Palmeiras e do fracasso retumbante da Copa do Mundo, da preparação aos 10 x 1 somados contra Alemanha e Holanda? O Grêmio sabia que contrataria um técnico bem distante do molde atual de profissional, atualizado, com requinte tático e métodos diferentes de gestão humana. O atual presidente, Romildo Bolzan Jr., era vice de Fábio Koff, que trouxe de volta o velho ídolo.
Mas Scolari tem nome, peso, prestígio e, principalmente, um passado afetivo no Grêmio. Aspecto que, incrivelmente, ainda norteia muitas escolhas. Contratá-lo era, aos olhos menos profundos, eximir-se de responsabilidade sobre o desempenho do time. Nenhum aspecto concreto, racional, indicaria que poderia dar certo, mas, se não der, culpa do Felipão. Simples, não?
O fiasco não está todo nas costas dele. O mau momento do Grêmio se alonga por anos. Os grupos de jogadores têm estado, repetidamente, aquém da gloriosa história tricolor. Esse é um ponto importantíssimo e frequentemente ignorado: adequar o perfil do técnico ao do elenco. Felipão, depois de comandar alguns dos maiores nomes do futebol mundial, de ter nas mãos um Grêmio competitivo, bravo e talentoso, combinaria com aquilo que o clube podia oferecer?
Tite falou ao GloboEsporte.com sobre processo de escolha dos treinadores (Foto: Marcos Ribolli)
Em maio do ano passado, numa entrevista ao GloboEsporte.com, Tite, desempregado na época, deu conselhos aos dirigentes que precisam escolher treinadores: "Escolha bem, faça três, 10 churrascos, um almoço para entender as ideias dele. E, se tiver sintonia, abrace porque haverá momentos difíceis".
Ele tem razão. O processo é amador demais. Escolhe-se ao vento, com base em critérios abstratos. E depois, só depois, vão descobrir que o técnico não aceita interferências, não prioriza as categorias de base, não se relaciona bem com jogadores experientes, não tem métodos modernos de treinamento... Não é possível se proteger de tudo, mas a rede de contatos, enorme no futebol, as observações e o conhecimento científico poderiam evitar frustrações.
Ricardo Gareca levou argentinos ao Verdão e caiu (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)
Paulo Autuori é outro bom exemplo. Embora seja um dos pouquíssimos a terem Brasileiro, Libertadores e Mundial de Clubes no currículo, ele não tem os títulos como maior objetivo no futebol. Ao fim de sua carreira, irá se orgulhar muito mais de ter transformado um jovem japonês em jogador de futebol do que ser campeão mundial. Recentemente, São Paulo e Atlético-MG contrataram um técnico baseado no trabalho e não lhe deram três meses para trabalhar. Culpa dele? Pode até ser, mas uma ínfima parcela se comparada à dos dirigentes.
O Palmeiras trouxe o argentino Ricardo Gareca, permitiu que ele enchesse o grupo de compatriotas, e o mandou embora. O Atlético-PR vem colecionando técnicos com menos de 10 jogos, entre eles Doriva, campeão paulista em 2014 e carioca em 2015. Por outro lado, Diego Aguirre, que vem fazendo sucesso no Internacional, era a quinta opção, como lembrou matéria recente do GloboEsporte.com.
Diante disso, entendo a opção do São Paulo em não contratar um substituto para Muricy Ramalho enquanto não houver alguém de seu gosto no mercado. Contratar sem convicção? Para quê? Ter de escolher novamente daqui a três ou quatro meses? Não vale a pena, não vale o desgaste e nem o salário pago ao técnico depois que ele já estiver em casa, demitido.
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- Reforços podem impulsionar retomada do Grêmio
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- Renato mudar time do Grêmio contra o Criciúma
(Foto: Agência Getty Images)
Luiz Felipe Scolari deixou o Grêmio sem ter feito, nesta passagem, nada relevante ou digno de deixar saudades. Um desfecho que qualquer ser humano era, ou deveria ser, capaz de imaginar quando ele foi contratado no ano passado. Um fim mais do que anunciado. Felipão é mais uma prova do quão os clubes são amadores no processo de escolha dos técnicos. O momento do adeus costuma abrir a caixa preta dos treinadores: "São isso, são aquilo, não escalavam Fulano, erraram com Sicrano...". Quase sempre críticas justas, mas também quase sempre fica a percepção de que era possível aos dirigentes evitar tantos desastres. Falta competência.
A quantidade de erros indica a falta de conhecimento dos cartolas ao escolherem os comandantes das equipes. Muitos não entendem de futebol e baseiam suas ações na emoção. Mas há casos piores, de dirigentes que sabem exatamente o peixe que estão comprando, e ainda assim o fazem pela necessidade de uma satisfação à opinião pública ou um escudo diante dos torcedores.
O que se esperava de Felipão após uma passagem com mais baixos que altos
pelo Palmeiras e do fracasso retumbante da Copa do Mundo, da preparação aos 10 x 1 somados contra Alemanha e Holanda? O Grêmio sabia que contrataria um técnico bem distante do molde atual de profissional, atualizado, com requinte tático e métodos diferentes de gestão humana. O atual presidente, Romildo Bolzan Jr., era vice de Fábio Koff, que trouxe de volta o velho ídolo.
Mas Scolari tem nome, peso, prestígio e, principalmente, um passado afetivo no Grêmio. Aspecto que, incrivelmente, ainda norteia muitas escolhas. Contratá-lo era, aos olhos menos profundos, eximir-se de responsabilidade sobre o desempenho do time. Nenhum aspecto concreto, racional, indicaria que poderia dar certo, mas, se não der, culpa do Felipão. Simples, não?
O fiasco não está todo nas costas dele. O mau momento do Grêmio se alonga por anos. Os grupos de jogadores têm estado, repetidamente, aquém da gloriosa história tricolor. Esse é um ponto importantíssimo e frequentemente ignorado: adequar o perfil do técnico ao do elenco. Felipão, depois de comandar alguns dos maiores nomes do futebol mundial, de ter nas mãos um Grêmio competitivo, bravo e talentoso, combinaria com aquilo que o clube podia oferecer?
Tite falou ao GloboEsporte.com sobre processo de escolha dos treinadores (Foto: Marcos Ribolli)
Em maio do ano passado, numa entrevista ao GloboEsporte.com, Tite, desempregado na época, deu conselhos aos dirigentes que precisam escolher treinadores: "Escolha bem, faça três, 10 churrascos, um almoço para entender as ideias dele. E, se tiver sintonia, abrace porque haverá momentos difíceis".
Ele tem razão. O processo é amador demais. Escolhe-se ao vento, com base em critérios abstratos. E depois, só depois, vão descobrir que o técnico não aceita interferências, não prioriza as categorias de base, não se relaciona bem com jogadores experientes, não tem métodos modernos de treinamento... Não é possível se proteger de tudo, mas a rede de contatos, enorme no futebol, as observações e o conhecimento científico poderiam evitar frustrações.
Ricardo Gareca levou argentinos ao Verdão e caiu (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)
Paulo Autuori é outro bom exemplo. Embora seja um dos pouquíssimos a terem Brasileiro, Libertadores e Mundial de Clubes no currículo, ele não tem os títulos como maior objetivo no futebol. Ao fim de sua carreira, irá se orgulhar muito mais de ter transformado um jovem japonês em jogador de futebol do que ser campeão mundial. Recentemente, São Paulo e Atlético-MG contrataram um técnico baseado no trabalho e não lhe deram três meses para trabalhar. Culpa dele? Pode até ser, mas uma ínfima parcela se comparada à dos dirigentes.
O Palmeiras trouxe o argentino Ricardo Gareca, permitiu que ele enchesse o grupo de compatriotas, e o mandou embora. O Atlético-PR vem colecionando técnicos com menos de 10 jogos, entre eles Doriva, campeão paulista em 2014 e carioca em 2015. Por outro lado, Diego Aguirre, que vem fazendo sucesso no Internacional, era a quinta opção, como lembrou matéria recente do GloboEsporte.com.
Diante disso, entendo a opção do São Paulo em não contratar um substituto para Muricy Ramalho enquanto não houver alguém de seu gosto no mercado. Contratar sem convicção? Para quê? Ter de escolher novamente daqui a três ou quatro meses? Não vale a pena, não vale o desgaste e nem o salário pago ao técnico depois que ele já estiver em casa, demitido.
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