Foto: Montagem sobre fotos / Agência RBS
Logo após o Gre-Nal da Arena, zapeando por emissoras de rádio e TV, dei-me conta de que havia um corte na percepção do jogo Brasil afora. Nós, aqui na Província de São Pedro, gostamos do clássico. Não teve gol, e o futebol sem gol, não há como negar, é um pouco churrasco sem sal. Mas teve todo o resto: envolvimento, estádio lotado, polêmicas, chances de abrir o placar e boas jogadas. Para além do Mampituba, especialmente as crônicas esportivas carioca e paulista, a leitura foi diferente. Eles viram um Gre-Nal opaco, chato, sem brilho. Borocochô, enfim.
Tirando o fato de que cada um vê o futebol conforme suas convicções, há uma razão fundamental para este corte de análise. Por mais que eles usem como parâmetro as rivalidades de Rio e São Paulo para observar os times de Diego Aguirre e Felipão, não há tradução. O Gre-Nal nunca foi um jogo de brilhatura, de show, de leveza. Não é jogo de ousadias, mas de conservadorismos. Um morre de medo de perder do outro, o que não deixa de ser uma declaração de amor, de respeito ao rival. É assim desde sempre.
Felipão voltou ao Grêmio e, ao topar com o primeiro Gre-Nal, o que fez? Se protegeu. Chamou Walace, um cão de guarda. Não foi diferente com Aguirre. Quando todos esperavam que ele manteria o time que patrolou La U na Arena, surge Nicolás Freitas. Que nem gosta muito de pegar na bola. O prazer dele é o carrinho, o ombro a ombro.
O medo de perder é fruto da tensão da semana Gre-Nal. Por isso os treinadores criam artimanhas para relaxar o ambiente nos treinos.
Aguirre, pelo que tenho observado, organiza futevôlei e caçador. Você já brincou de caçador, é claro. Um atira a bola com as mãos e os outros tentam desviar. Parece esquisito, mas o objetivo é este mesmo: algo diferente, solar, para quebrar a pressão.
Uma história espetacular sobre estas técnicas de relaxamento eu tive a sorte de testemunhar. Foi com Evaristo de Macedo e Danrlei, dois protagonistas daquele Grêmio campeão da Copa do Brasil de 1997.
Evaristo jogou na Seleção, com Pelé e Garrincha. E no Real Madrid, com Puskas e Di Stefano. E também no Barcelona. Até hoje, todos os anos, religiosamente, a direção catalã lhe envia um presente especial, em agradecimento. Pois Evaristo — hoje aos 81 anos — já era um senhor de cabelos brancos quando desafiou Danrlei. Ele conduziria a bola desde a intermediária e Danrlei teria de impedi-lo. Moleza, pensou Danrlei. Era só dar os dois passos adiante, fechar o ângulo e pronto. Como um sessentão, já sem capacidade de correr, iria driblá-lo?
A notícia correu pelo Olímpico. Jogadores apareceram de todos os cantos no suplementar do velho casarão. Do departamento médico, do bar da Tia Bete, de todos os cantos. Evaristo caminhou. Negaceou um tanto. Danrlei saltou diante dele e abriu os braços, mas Evaristo, com um levíssimo toque, quase imperceptível, sem mexer o corpo, o encobriu. Foi uma algazarra bonita de ver.
Outra história ótima o Falcão contou no seu livro "Histórias da Bola", sobre o mestre Ênio Andrade, um gênio da bola parada. Melhor transcrever o trecho:
Ex-jogador, Ênio gostava de contar vantagens durante os treinos. Falava muito no título sul-americano de 1956, conquistado pela seleção gaúcha para o Brasil. Um dia, Taffarel resolveu testar o Velho e desafiou-o a chutar pênaltis:
— Se fizer três gols em 10 chutes, eu pago um churrasco — garantiu.
O técnico devolveu:
— Eu chuto, mas quero mudar a aposta. Se tu defenderes um, eu pago.
Antes de bater, ainda avisava Taffarel em que canto a bola iria. Fez os 10 gols.
Mas a prova definitiva de que no Gre-Nal o medo de perder sempre prevalece está na estatística. O empate superou o número de vitórias do Grêmio: 127 a 126. E caminha para buscar as 152 do Inter. Não raro, apesar das artimanhas dos técnicos para relaxar o ambiente, os dois tiram o pé do acelerador no empate e fecham negócio ali mesmo. Neste domingo não será diferente. Ou, enfim, será?
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Logo após o Gre-Nal da Arena, zapeando por emissoras de rádio e TV, dei-me conta de que havia um corte na percepção do jogo Brasil afora. Nós, aqui na Província de São Pedro, gostamos do clássico. Não teve gol, e o futebol sem gol, não há como negar, é um pouco churrasco sem sal. Mas teve todo o resto: envolvimento, estádio lotado, polêmicas, chances de abrir o placar e boas jogadas. Para além do Mampituba, especialmente as crônicas esportivas carioca e paulista, a leitura foi diferente. Eles viram um Gre-Nal opaco, chato, sem brilho. Borocochô, enfim.
Tirando o fato de que cada um vê o futebol conforme suas convicções, há uma razão fundamental para este corte de análise. Por mais que eles usem como parâmetro as rivalidades de Rio e São Paulo para observar os times de Diego Aguirre e Felipão, não há tradução. O Gre-Nal nunca foi um jogo de brilhatura, de show, de leveza. Não é jogo de ousadias, mas de conservadorismos. Um morre de medo de perder do outro, o que não deixa de ser uma declaração de amor, de respeito ao rival. É assim desde sempre.
Felipão voltou ao Grêmio e, ao topar com o primeiro Gre-Nal, o que fez? Se protegeu. Chamou Walace, um cão de guarda. Não foi diferente com Aguirre. Quando todos esperavam que ele manteria o time que patrolou La U na Arena, surge Nicolás Freitas. Que nem gosta muito de pegar na bola. O prazer dele é o carrinho, o ombro a ombro.
O medo de perder é fruto da tensão da semana Gre-Nal. Por isso os treinadores criam artimanhas para relaxar o ambiente nos treinos.
Aguirre, pelo que tenho observado, organiza futevôlei e caçador. Você já brincou de caçador, é claro. Um atira a bola com as mãos e os outros tentam desviar. Parece esquisito, mas o objetivo é este mesmo: algo diferente, solar, para quebrar a pressão.
Uma história espetacular sobre estas técnicas de relaxamento eu tive a sorte de testemunhar. Foi com Evaristo de Macedo e Danrlei, dois protagonistas daquele Grêmio campeão da Copa do Brasil de 1997.
Evaristo jogou na Seleção, com Pelé e Garrincha. E no Real Madrid, com Puskas e Di Stefano. E também no Barcelona. Até hoje, todos os anos, religiosamente, a direção catalã lhe envia um presente especial, em agradecimento. Pois Evaristo — hoje aos 81 anos — já era um senhor de cabelos brancos quando desafiou Danrlei. Ele conduziria a bola desde a intermediária e Danrlei teria de impedi-lo. Moleza, pensou Danrlei. Era só dar os dois passos adiante, fechar o ângulo e pronto. Como um sessentão, já sem capacidade de correr, iria driblá-lo?
A notícia correu pelo Olímpico. Jogadores apareceram de todos os cantos no suplementar do velho casarão. Do departamento médico, do bar da Tia Bete, de todos os cantos. Evaristo caminhou. Negaceou um tanto. Danrlei saltou diante dele e abriu os braços, mas Evaristo, com um levíssimo toque, quase imperceptível, sem mexer o corpo, o encobriu. Foi uma algazarra bonita de ver.
Outra história ótima o Falcão contou no seu livro "Histórias da Bola", sobre o mestre Ênio Andrade, um gênio da bola parada. Melhor transcrever o trecho:
Ex-jogador, Ênio gostava de contar vantagens durante os treinos. Falava muito no título sul-americano de 1956, conquistado pela seleção gaúcha para o Brasil. Um dia, Taffarel resolveu testar o Velho e desafiou-o a chutar pênaltis:
— Se fizer três gols em 10 chutes, eu pago um churrasco — garantiu.
O técnico devolveu:
— Eu chuto, mas quero mudar a aposta. Se tu defenderes um, eu pago.
Antes de bater, ainda avisava Taffarel em que canto a bola iria. Fez os 10 gols.
Mas a prova definitiva de que no Gre-Nal o medo de perder sempre prevalece está na estatística. O empate superou o número de vitórias do Grêmio: 127 a 126. E caminha para buscar as 152 do Inter. Não raro, apesar das artimanhas dos técnicos para relaxar o ambiente, os dois tiram o pé do acelerador no empate e fecham negócio ali mesmo. Neste domingo não será diferente. Ou, enfim, será?
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