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Grêmio quase dobra o número de casos de covid-19 em apenas três meses

Desde o final de março, 14 jogadores do elenco profissional testaram positivo para coronavírus


Fonte: Gaúcha ZH

Grêmio quase dobra o número de casos de covid-19 em apenas três meses
Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA
Não bastassem os desfalques por suspensões, lesões e desgastes musculares que fazem do trabalho dos treinadores um exercício de quebra-cabeça a cada semana, a pandemia trouxe uma nova dificuldade aos clubes de futebol: os afastamentos por covid-19. Uma dificuldade que parece ter atingido em cheio o Grêmio na atual temporada. No Brasileirão de 2020, foram oito casos registrado em seis meses. Agora, apenas nos últimos três meses, o número de casos saltou para 19 — sendo 14 jogadores e cinco integrantes da comissão técnica.



Neste momento, o clube tem 10 profissionais do elenco diagnosticados com coronavírus. Entre eles, aparecem sete jogadores, sendo alguns titulares — como o lateral Rafinha e os atacantes Diego Souza e Ferreira. Além disso, o problema se estende para fora das quatro linhas: o técnico Tiago Nunes e seus dois auxiliares, Evandro Fornari e Kelly Guimarães, cumprem isolamento (o último não testou positivo, mas apresentou sintomas gripais). Desta forma, a equipe teve de ser comandada pelo analista de desempenho Pedro Sotero diante do Brasiliense, na quarta-feira (2), pela Copa do Brasil.


"É lógico que preocupa e é lógico que "escapou". É evidente, não posso negar os fatos. Mas isso aconteceu em muitos clubes. Não queríamos, passamos mais de um ano sem ter (casos), mas aconteceu. Aconteceu no Boca Juniors, no River Plate, que até volante (como goleiro) botou. Faz parte. Isso se chama pandemia, é incontrolável. Nós fazemos o controle duas vezes por semana, mas paciência. É das circunstâncias, é do momento e vamos ter que nos sobrepor a isso aí", avaliou o vice-presidente de futebol Marcos Herrmann logo após a derrota para o Ceará, pela estreia do Brasileirão, quando o time já atuou desfalcado.


Procurado pela reportagem, o departamento médico do clube preferiu não se manifestar sobre a atual situação na Arena. Porém, internamente, a leitura é de que os novos casos passaram a eclodir no vestiário após a final do Gauhcão, quando o Grêmio conquistou o tetracampeonato. Vale lembrar que este não é o primeiro surto encarado pelo clube.


"O que qualifica um surto de covid-19 é um número de casos acima do esperado. A gente espera que se tenha um caso ou dois por mês. Agora, quando se tem três, quatro ou mais seguidos, isso evidencia um surto. A melhor maneira de lidar com este tipo de situação é o que os times já vem fazendo: testar, testar e testar. Mas, quando alguém positiva, é preciso tomar medidas mais rígidas. Ou seja, afastar todo mundo e não deixar essas pessoas voltarem ao agrupamento. Isso acontece nos colégios, por exemplo. Quando um aluno aparece doente, ninguém mais vai à aula. Ficam todos em casa, de quarentena. O Grêmio deveria fazer o mesmo, com todos ficando em quarentena. Mas não tem como", avalia Claudio Stadnik, médico infectologista da Santa Casa de Porto Alegre.


Entre o fim de março e início de abril, seis jogadores foram afastados, além do ex-treinador Renato Portaluppi. Por conta desta situação, o time foi impedido pelo governo equatoriano de encarar o Independiente del Valle em Quito, pela fase preliminar da Libertadores. Ou seja, apenas nos últimos três meses, o Tricolor já diagnosticou 24 casos positivos no elenco principal — destes, 14 eram jogadores. Isso representa praticamente o dobro de casos detectados na temporada anterior.


Comparação com a última temporada

De acordo com estudo que mapeou os casos de covid-19 durante o Brasileirão de 2020, pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) concluíram que 48% dos jogadores da Série A foram infectados pela doença. No entanto, o Grêmio aparecia entre os clubes com os menores números de contágio nos seis meses em que a competição foi realizada. Com oito atletas, o Tricolor figurou atrás apenas de Corinthians (7), São Paulo e Santos (3). Lideraram o ranking, Vasco e Fluminense, ambos com 26 casos.


"Os clubes se tornaram centros super-disseminadores, não somente entre os que convivem em suas dependências, como também com os externos, pois os jogadores infectados circulam em seus ambientes familiares e sociais. Quantas pessoas esses atletas podem ter infectado? — destaca o virologista Marcelo Moreno, do Departamento de Fisiologia e Patologia da UFPB — Será que os procedimentos de contenção, como uso de máscaras ou distanciamento coletivo, foram feitos corretamente? Será que o teste PCR foi feito no intervalo correto? Por mais medidas que os times tenham tomado, claramente não foram eficientes", questionou ele.


Além de eventuais relaxamentos pessoais, o infectologista Claudio Stadnik também pontua que a nova variante brasileira (P1) tem contribuído para o aumento do contágio na sociedade em geral.


"Esta variante é muito mais transmissível do que a anterior. Temos visto isso na prática. Ano passado, vinham ao hospital uma ou duas pessoas da mesma família. Neste ano, vem toda a família infectada. Então, o Grêmio é como uma família. É mais fácil que essa variante cause mais surtos em pequenas comunidades, como entre militares, presidiários e também em times de futebol. Por isso, acho um absurdo que se tenha Copa América no Brasil neste momento. Pode acontecer isso que estamos vendo no Grêmio em uma das seleções. E um jogador estrangeiro pode trazer uma variante a um funcionário do hotel, a um motorista do ônibus e esse vírus ficar aqui, se espalhando", opina ele.


"Independente de como o surto no vestiário gremista tenha iniciado, um diagnóstico é certo: é preciso controlá-lo. Sem que o calendário de partidas permita a realização de uma quarentena de todo o elenco, o departamento médico vai identificando e tratando caso a caso para que, o mais rápido possível, todos possam estar à disposição outra vez" incluindo o comandante.


Casos de covid-19 no Grêmio na temporada 2021:

2/6: Darlan e Evandro Fornari (auxiliar técnico)
30/5: Tiago Nunes (técnico), Rodrigues e Pedro Lucas
28/5: Diego Souza, Ferreira, Luiz Fernando, Rafinha e Mauri Lima (preparador de goleiros)
10/5: Léo Chú
13/4: David Braz e Diogo Barbosa
9/4: Victor Ferraz
6/4: Paulo Victor e Vanderson
5/4: Renato Portaluppi (ex-treinador)
31/3: Reverson Pimentel (preparador físico)
28/3: Paulo Miranda



Casos de covid-19 durante o Brasileirão 2020:

20/9: Everton
29/9: Kannemann e Geromel
3/10: Jean Pyerre
22/10: Matheus Henrique e um funcionário
27/12: Luiz Fernando
28/1: Robinho
14/2: Julio César
Três colaboradores infectados não tiveram nomes divulgados em janeiro

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