(Foto: Rodrigo Gazzanel/RM Sports/Lancepress!)
Começou a circular na quarta-feira à tarde, pelo Whatsapp, a notícia de que o Grêmio havia escalado um jogador irregularmente na partida do Pacaembu, teria sido punido pela Conmebol e a vaga na semifinal brasileira da Libertadores, contra o Flamengo, cairia de bandeja no colo do Palmeiras. Não era uma fake news qualquer. Tinha o logotipo e um link que levavam à página do G1, portal de notícias do Grupo Globo. O que garantiria uma suposta veracidade da informação.
Os palmeirenses se alvoroçaram. Sem se dar ao trabalho de acessar a fonte, entrar no G1 para checar, onde obviamente não encontrariam a notícia, compartilharam em massa a informação que, em poucos minutos, espalhou-se pela rede. Como se fosse irrefutável verdade. Uma segunda versão, partida sabe-se lá de onde, como tudo nesse universo digital, substitui pouco depois o texto falso por um meme, com a imagem do palhaço-deputado Tiririca debochando dos incautos com a frase: "É mentira, abestado!"
É lamentável, mas é assim que hoje tem funcionado as coisas no mundo da comunicação – ou da descomunicação, se é que essa palavra existe. Mas foi só uma zoeira de futebol, uma piada inofensiva, dirão os mais conformados. Ainda que fosse assim, seria ruim. Mas evidentemente há um interesse escuso, uma boa dose de maldade quando se espalha uma fake news. E muito pior é quando o assunto abordado pelos piratas da web é a economia, a saúde ou a política. Empresas quebram, postos de saúde superlotam, reputações são destruídas. E, quase sempre, impunemente.
A fugaz euforia palmeirense nos leva a algumas constatações.
Em primeiro lugar, mostra que jamais foi tão atual o velho dito popular de que uma mentira repetida mil vezes acaba se tornando uma verdade. Só que hoje são alguns milhares ou milhões de cliques que transformam, com a força de uma bomba de átomos, boatos em realidade. E as consequências podem ser graves, imprevisíveis, muito além de uma brincadeirinha inocente. Para ficar apenas no futebol, essas notícias falsas, por vezes, acirram os ânimos, estimulam rivalidades além da conta e estimulam situações que não raramente terminam, como se sabe, em vandalismo e morte pelas ruas, nas estações de trem, nos terminais de ônibus ou em torno dos estádios.
O segundo ponto que chama atenção é o desprezo crescente pela verdade, cada vez mais substituída pelas versões e as armações digitais. O interesse pessoal de cada um, seja como torcedor seja nas relações pessoais ou no posicionamento político, é que passou a guiar boa parte da sociedade, não mais a visão imparcial dos fatos. Só se lê aquilo que interessa, onde interessa. E quanto mais isso for espalhado, melhor. Teriam os palmeirenses compartilhado a notícia fosse o Palmeiras – e não o Grêmio – o prejudicado pela informação? Certamente que não!
É um problema universal. Em Portugal, por exemplo, o Jornal de Notícias, um dos mais respeitados veículos de imprensa do país, desmascarou no ano passado uma rede especializada em espalhar notícias falsas sobre futebol na Internet. O "negócio", que gerava crescentes receitas publicitárias pelo impacto causado, se escondia atrás de blogs e sites muito parecidos com portais esportivos verdadeiros. Uma vez publicados ali, como se fossem reais, os textos eram replicados em páginas de Facebook, com o uso de robôs, atingindo em pouco tempo a cerca de 3 milhões de seguidores, quase um terço da população portuguesa.
Em um país como o Brasil, onde dos palácios do Planalto aos gabinetes da oposição, dos bares do Leblon às coberturas dos Jardins, a elite não tem pudor de semear versões em causa própria ou para arruinar os adversários, não há quem não esteja exposto às fake news. E, sejamos francos, que atire a primeira pedra quem nunca compartilhou algum tipo de informação nas redes sociais, sem antes ter checado a sua veracidade. Pois quebrar essa corrente depende de cada um de nós. E o antídoto é valorizar o bom jornalismo, aquele que, mesmo com todas as suas falhas e fraquezas, ainda é capaz de demonstrar compromisso com a verdade.
Palmeiras, Grêmio, Libertadores, Fake News
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Os palmeirenses se alvoroçaram. Sem se dar ao trabalho de acessar a fonte, entrar no G1 para checar, onde obviamente não encontrariam a notícia, compartilharam em massa a informação que, em poucos minutos, espalhou-se pela rede. Como se fosse irrefutável verdade. Uma segunda versão, partida sabe-se lá de onde, como tudo nesse universo digital, substitui pouco depois o texto falso por um meme, com a imagem do palhaço-deputado Tiririca debochando dos incautos com a frase: "É mentira, abestado!"
É lamentável, mas é assim que hoje tem funcionado as coisas no mundo da comunicação – ou da descomunicação, se é que essa palavra existe. Mas foi só uma zoeira de futebol, uma piada inofensiva, dirão os mais conformados. Ainda que fosse assim, seria ruim. Mas evidentemente há um interesse escuso, uma boa dose de maldade quando se espalha uma fake news. E muito pior é quando o assunto abordado pelos piratas da web é a economia, a saúde ou a política. Empresas quebram, postos de saúde superlotam, reputações são destruídas. E, quase sempre, impunemente.
A fugaz euforia palmeirense nos leva a algumas constatações.
Em primeiro lugar, mostra que jamais foi tão atual o velho dito popular de que uma mentira repetida mil vezes acaba se tornando uma verdade. Só que hoje são alguns milhares ou milhões de cliques que transformam, com a força de uma bomba de átomos, boatos em realidade. E as consequências podem ser graves, imprevisíveis, muito além de uma brincadeirinha inocente. Para ficar apenas no futebol, essas notícias falsas, por vezes, acirram os ânimos, estimulam rivalidades além da conta e estimulam situações que não raramente terminam, como se sabe, em vandalismo e morte pelas ruas, nas estações de trem, nos terminais de ônibus ou em torno dos estádios.
O segundo ponto que chama atenção é o desprezo crescente pela verdade, cada vez mais substituída pelas versões e as armações digitais. O interesse pessoal de cada um, seja como torcedor seja nas relações pessoais ou no posicionamento político, é que passou a guiar boa parte da sociedade, não mais a visão imparcial dos fatos. Só se lê aquilo que interessa, onde interessa. E quanto mais isso for espalhado, melhor. Teriam os palmeirenses compartilhado a notícia fosse o Palmeiras – e não o Grêmio – o prejudicado pela informação? Certamente que não!
É um problema universal. Em Portugal, por exemplo, o Jornal de Notícias, um dos mais respeitados veículos de imprensa do país, desmascarou no ano passado uma rede especializada em espalhar notícias falsas sobre futebol na Internet. O "negócio", que gerava crescentes receitas publicitárias pelo impacto causado, se escondia atrás de blogs e sites muito parecidos com portais esportivos verdadeiros. Uma vez publicados ali, como se fossem reais, os textos eram replicados em páginas de Facebook, com o uso de robôs, atingindo em pouco tempo a cerca de 3 milhões de seguidores, quase um terço da população portuguesa.
Em um país como o Brasil, onde dos palácios do Planalto aos gabinetes da oposição, dos bares do Leblon às coberturas dos Jardins, a elite não tem pudor de semear versões em causa própria ou para arruinar os adversários, não há quem não esteja exposto às fake news. E, sejamos francos, que atire a primeira pedra quem nunca compartilhou algum tipo de informação nas redes sociais, sem antes ter checado a sua veracidade. Pois quebrar essa corrente depende de cada um de nós. E o antídoto é valorizar o bom jornalismo, aquele que, mesmo com todas as suas falhas e fraquezas, ainda é capaz de demonstrar compromisso com a verdade.
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