Jogadores do Grêmio entram em campo com faixa contra o racismo antes da partida contra o Bahia
A exclusão do Grêmio da Copa do Brasil por causa de injúrias raciais de torcedores contra o goleiro santista Aranha, maior punição esportiva já aplicada a um clube no país por este fato, abre um precedente inédito do futebol brasileiro. O STJD (Superior Tribunal de Justiça Esportiva) vê a suspensão severa como educacional, uma lição para equipes e torcidas. No entanto, o próprio tribunal já aplicou penas bem menores em situações semelhantes em 2014.
Desde o início deste ano, aconteceram pelo menos dez denúncias de racismo nos gramados do Brasil. O único caso com punição mais dura foi também no Rio Grande do Sul, em março, quando o Esportivo, de Bento Gonçalves, perdeu inicialmente nove pontos no tribunal estadual, depois de recurso o STJD diminuiu para três pontos, mas mesmo assim o time acabou rebaixado para a Segunda Divisão do Gaúcho. Na ocasião, foram colocadas bananas em cima do carro do árbitro Márcio Chagas, na saída do estádio, após partida contra o Veranópolis.
Outras situações muitos parecidas com a que aconteceu com o goleiro Aranha, do Santos, não foram punidas com a mesma severidade. Uma delas envolve o próprio Grêmio, que foi apenas multado em R$ 80 mil depois de torcedores terem imitado sons de macaco para o zagueiro Paulão, do Internacional, no dia 30 de março, mas o acusado acabou não sendo identificado na arquibancada.
Paulão, do Inter, também sofreu ofensas racistas da torcida gremista
No mesmo mês, pelo Campeonato Paulista, o volante santista Arouca também acusou a torcida do Mogi-Mirim de discriminação com sons racistas enquanto ele dava entrevistas ao fim do jogo, e o time do interior só recebeu multa de R$ 50 mil. Em abril, pela Copa do Brasil, mesma competição que o Grêmio foi excluído nesta quarta-feira, o volante Marino, do São Bernardo, se revoltou após ter sido chamado de macaco por um torcedor do Paraná, que não foi identificado. Após denúncia, a 4ª Comissão Disciplinar do STJD aplicou multa de apenas R$ 30 mil ao clube paranaense, que depois foi reduzida pelo Pleno para R$ 15 mil. Este caso inclusive foi citado pelo departamento jurídico do Grêmio na defesa feita nesta quarta no tribunal.
Marino, do São Bernardo, foi ofendido no Paraná
Outras atitudes racistas, que geraram menor repercussão, também aconteceram e foram julgadas este ano nos campeonatos Mineiro, Potiguar, Sergipano e Paranaense. Em nenhum deles, a equipe acusada perdeu pontos ou foi excluída da competição.
Depois do julgamento no Rio de Janeiro nesta quarta, o presidente da 3ª Comissão Disciplinar do STJD, Fabrício Dazzi, explicou o motivo da decisão unânime contra o Grêmio, seguindo a linha de raciocínio que os auditores usaram na justificativa de seus votos no tribunal.
"Nossa preocupação foi com uma punição exemplar para que não ocorra como em 2004, 2005, quando havia uma incidência muito grande de invasões de campo, arremesso de objetos. Isso aí tornou uma preocupação para o tribunal, e hoje esses números são ínfimos. A gente espera que com esse julgamento a gente possa esclarecer isso para os torcedores, principalmente os do Grêmio, que já tiveram essa reincidência (de atos racistas) no começo do ano em outro campeonato", afirmou o Drazzi.
O goleiro Aranha reclama com o árbitro
A lição do STJD para que torcedores não pratiquem atos racistas nos estádios, porém, parece não convencer a todos. O advogado Michel Assef Filho, que atua no quadro jurídico do Flamengo e foi contratado pelo Grêmio para o julgamento do caso Aranha, discorda na pena severa imposta ao clube gaúcho e faz um alerta.
"Essa punição pode abrir um precedente perigoso. Agora torcedores fanáticos podem tomar algumas atitudes, já sabendo que para excluir um clube do campeonato basta tomar ter determinados comportamentos. Ele pode vestir uma camisa azul, preta e branca, por exemplo, depois se esconder no meio da multidão e não ser penalizado de forma pessoal, mas ele pode excluir um clube agora. A partir dessa decisão, a atitude de um torcedor, ou de uma minoria, pode causar a exclusão de um clube da competição. Eu acho isso muito sério", disse Assef.
A diretoria do Grêmio já anunciou que vai entrar com recurso no STJD contra a decisão, e o caso vai ser julgado no Pleno em no máximo 15 dias. Por enquanto, o jogo de volta entre o Tricolor gaúcho e o Santos está suspenso, e o time paulista está classificado diretamente para as quartas de final da Copa do Brasil.
VEJA TAMBÉM
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A exclusão do Grêmio da Copa do Brasil por causa de injúrias raciais de torcedores contra o goleiro santista Aranha, maior punição esportiva já aplicada a um clube no país por este fato, abre um precedente inédito do futebol brasileiro. O STJD (Superior Tribunal de Justiça Esportiva) vê a suspensão severa como educacional, uma lição para equipes e torcidas. No entanto, o próprio tribunal já aplicou penas bem menores em situações semelhantes em 2014.
Desde o início deste ano, aconteceram pelo menos dez denúncias de racismo nos gramados do Brasil. O único caso com punição mais dura foi também no Rio Grande do Sul, em março, quando o Esportivo, de Bento Gonçalves, perdeu inicialmente nove pontos no tribunal estadual, depois de recurso o STJD diminuiu para três pontos, mas mesmo assim o time acabou rebaixado para a Segunda Divisão do Gaúcho. Na ocasião, foram colocadas bananas em cima do carro do árbitro Márcio Chagas, na saída do estádio, após partida contra o Veranópolis.
Outras situações muitos parecidas com a que aconteceu com o goleiro Aranha, do Santos, não foram punidas com a mesma severidade. Uma delas envolve o próprio Grêmio, que foi apenas multado em R$ 80 mil depois de torcedores terem imitado sons de macaco para o zagueiro Paulão, do Internacional, no dia 30 de março, mas o acusado acabou não sendo identificado na arquibancada.
Paulão, do Inter, também sofreu ofensas racistas da torcida gremista
No mesmo mês, pelo Campeonato Paulista, o volante santista Arouca também acusou a torcida do Mogi-Mirim de discriminação com sons racistas enquanto ele dava entrevistas ao fim do jogo, e o time do interior só recebeu multa de R$ 50 mil. Em abril, pela Copa do Brasil, mesma competição que o Grêmio foi excluído nesta quarta-feira, o volante Marino, do São Bernardo, se revoltou após ter sido chamado de macaco por um torcedor do Paraná, que não foi identificado. Após denúncia, a 4ª Comissão Disciplinar do STJD aplicou multa de apenas R$ 30 mil ao clube paranaense, que depois foi reduzida pelo Pleno para R$ 15 mil. Este caso inclusive foi citado pelo departamento jurídico do Grêmio na defesa feita nesta quarta no tribunal.
Marino, do São Bernardo, foi ofendido no Paraná
Outras atitudes racistas, que geraram menor repercussão, também aconteceram e foram julgadas este ano nos campeonatos Mineiro, Potiguar, Sergipano e Paranaense. Em nenhum deles, a equipe acusada perdeu pontos ou foi excluída da competição.
Depois do julgamento no Rio de Janeiro nesta quarta, o presidente da 3ª Comissão Disciplinar do STJD, Fabrício Dazzi, explicou o motivo da decisão unânime contra o Grêmio, seguindo a linha de raciocínio que os auditores usaram na justificativa de seus votos no tribunal.
"Nossa preocupação foi com uma punição exemplar para que não ocorra como em 2004, 2005, quando havia uma incidência muito grande de invasões de campo, arremesso de objetos. Isso aí tornou uma preocupação para o tribunal, e hoje esses números são ínfimos. A gente espera que com esse julgamento a gente possa esclarecer isso para os torcedores, principalmente os do Grêmio, que já tiveram essa reincidência (de atos racistas) no começo do ano em outro campeonato", afirmou o Drazzi.
O goleiro Aranha reclama com o árbitro
A lição do STJD para que torcedores não pratiquem atos racistas nos estádios, porém, parece não convencer a todos. O advogado Michel Assef Filho, que atua no quadro jurídico do Flamengo e foi contratado pelo Grêmio para o julgamento do caso Aranha, discorda na pena severa imposta ao clube gaúcho e faz um alerta.
"Essa punição pode abrir um precedente perigoso. Agora torcedores fanáticos podem tomar algumas atitudes, já sabendo que para excluir um clube do campeonato basta tomar ter determinados comportamentos. Ele pode vestir uma camisa azul, preta e branca, por exemplo, depois se esconder no meio da multidão e não ser penalizado de forma pessoal, mas ele pode excluir um clube agora. A partir dessa decisão, a atitude de um torcedor, ou de uma minoria, pode causar a exclusão de um clube da competição. Eu acho isso muito sério", disse Assef.
A diretoria do Grêmio já anunciou que vai entrar com recurso no STJD contra a decisão, e o caso vai ser julgado no Pleno em no máximo 15 dias. Por enquanto, o jogo de volta entre o Tricolor gaúcho e o Santos está suspenso, e o time paulista está classificado diretamente para as quartas de final da Copa do Brasil.
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