Giuliano já fez 54 partidas pelo Grêmio em 2015
Foto: Lauro Alves / Agencia RBS
Giuliano renasceu na noite de 23 de fevereiro de 2015, uma segunda-feira de verão. Escalado por Felipão no lugar de Marcelo Hermes no intervalo da partida contra o Juventude, na Arena, o meia colocava o ponto final em um drama que se arrastara por todo o segundo semestre do ano anterior.
Além de atrapalharem seu rendimento em campo, as dores no púbis geravam uma sensação de culpa. Contratado do Dnipro, da Ucrânia, por 5 milhões de euros, Giuliano sentia-se em débito com a torcida.
— Havia uma rejeição, é verdade mesmo. Ainda mais por ter passado antes pelo Inter — recordou o jogador, em conversa com Zero Hora na sexta-feira, pouco antes do treinamento.
Ainda que o incomodasse, a perspectiva de uma cirurgia surgia como única possibilidade de recuperação. O procedimento ocorreu em dezembro, após o Brasileirão. Na pré-temporada, Giuliano só corria ao redor dos campos em Gramado, enquanto o resto do time suava nas mãos do técnico e dos preparadores. Ainda fazia exercícios leves quando o Gauchão se iniciou. A previsão era de que voltasse a atuar em março. Retornou em fevereiro, transformado em um novo homem.
— Voltei outra pessoa. Passei a valorizar muito mais a vida. Quando você opera e fica na cama, vive uma sensação horrível de não ter força para levantar sozinho e ir ao banheiro. Passei a valorizar mais o lado humano, não só o profissional — conta, com uma fluência verbal que escapa a maior parte dos jogadores.
O final do ano se aproxima com outros motivos para comemorar. Havia tempos Giuliano não disputava um número tão alto de partidas. Foram 54 até agora, a mesma marca de Douglas. Só no Brasileirão, foram 30 jogos.
Muito melhor do que no Dnipro, em que chegou a jogar 34 partidas numa temporada sem lesões e suspensões. A marca atual só é superada pela de 2008. Pelo Paraná, foram mais de 60 participações, somados o campeonato paranaense, Copa do Brasil e Série C. No ano seguinte, seria contratado pelo Inter, onde sagrou-se campeão da Libertadores.
Em junho, de volta ao Brasil após três anos e meio, Giuliano surpreendeu os amigos pela musculatura mais desenvolvida. Era o fruto de um trabalho específico na academia com um preparador físico espanhol, que virou seu melhor amigo. Como o calendário ucraniano só previa jogos em finais de semana, o trabalho pôde ser intensificado ao longo da semana.
— Meu biotipo ajuda. Ganhei massa muscular nos membros superiores. Mas não puxava ferro todo dia. Senão, ficaria forte, mas sem velocidade nenhuma — diz Giuliano, observando que quem o vê só pela televisão o julga mais forte do que é.
Religioso, o meia introduziu em campo um gesto que passou a ser repetido por uma legião de jogadores em todo o país. Quando marca um gol, Giuliano ajoelha-se, ergue as mãos para o alto e diz que a obra não é sua. Diz já ter ouvido piadas segundo as quais Deus é o verdadeiro goleador do Brasileirão, tantas vezes tem seu nome invocado.
— Eu digo: não sou eu, é Deus. É uma forma de reconhecer que ele me deu o dom e o talento. Mas ele não entra em campo, está ali para todos — afirma.
A chegada de Roger, no final de maio, lhe permitir retomar o estilo de jogo que aprendeu na Ucrânia. Sob o comando do técnico espanhol Juande Ramos, passou a jogar em dois toques, dominando e tocando a bola, algo que o atual comandante também prioriza.
Também sobram elogios para a motivação que Roger dá aos jogadores, algo que Giuliano diz ser também uma marca de Tite. Enquanto trabalha para levar o time à Libertadores, o meia esboça projetos maiores. O principal, chegar à Seleção.
— É um sonho que tenho, sim. Foi por isso que voltei ao Brasil — diz.
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Foto: Lauro Alves / Agencia RBS
Giuliano renasceu na noite de 23 de fevereiro de 2015, uma segunda-feira de verão. Escalado por Felipão no lugar de Marcelo Hermes no intervalo da partida contra o Juventude, na Arena, o meia colocava o ponto final em um drama que se arrastara por todo o segundo semestre do ano anterior.
Além de atrapalharem seu rendimento em campo, as dores no púbis geravam uma sensação de culpa. Contratado do Dnipro, da Ucrânia, por 5 milhões de euros, Giuliano sentia-se em débito com a torcida.
— Havia uma rejeição, é verdade mesmo. Ainda mais por ter passado antes pelo Inter — recordou o jogador, em conversa com Zero Hora na sexta-feira, pouco antes do treinamento.
Ainda que o incomodasse, a perspectiva de uma cirurgia surgia como única possibilidade de recuperação. O procedimento ocorreu em dezembro, após o Brasileirão. Na pré-temporada, Giuliano só corria ao redor dos campos em Gramado, enquanto o resto do time suava nas mãos do técnico e dos preparadores. Ainda fazia exercícios leves quando o Gauchão se iniciou. A previsão era de que voltasse a atuar em março. Retornou em fevereiro, transformado em um novo homem.
— Voltei outra pessoa. Passei a valorizar muito mais a vida. Quando você opera e fica na cama, vive uma sensação horrível de não ter força para levantar sozinho e ir ao banheiro. Passei a valorizar mais o lado humano, não só o profissional — conta, com uma fluência verbal que escapa a maior parte dos jogadores.
O final do ano se aproxima com outros motivos para comemorar. Havia tempos Giuliano não disputava um número tão alto de partidas. Foram 54 até agora, a mesma marca de Douglas. Só no Brasileirão, foram 30 jogos.
Muito melhor do que no Dnipro, em que chegou a jogar 34 partidas numa temporada sem lesões e suspensões. A marca atual só é superada pela de 2008. Pelo Paraná, foram mais de 60 participações, somados o campeonato paranaense, Copa do Brasil e Série C. No ano seguinte, seria contratado pelo Inter, onde sagrou-se campeão da Libertadores.
Em junho, de volta ao Brasil após três anos e meio, Giuliano surpreendeu os amigos pela musculatura mais desenvolvida. Era o fruto de um trabalho específico na academia com um preparador físico espanhol, que virou seu melhor amigo. Como o calendário ucraniano só previa jogos em finais de semana, o trabalho pôde ser intensificado ao longo da semana.
— Meu biotipo ajuda. Ganhei massa muscular nos membros superiores. Mas não puxava ferro todo dia. Senão, ficaria forte, mas sem velocidade nenhuma — diz Giuliano, observando que quem o vê só pela televisão o julga mais forte do que é.
Religioso, o meia introduziu em campo um gesto que passou a ser repetido por uma legião de jogadores em todo o país. Quando marca um gol, Giuliano ajoelha-se, ergue as mãos para o alto e diz que a obra não é sua. Diz já ter ouvido piadas segundo as quais Deus é o verdadeiro goleador do Brasileirão, tantas vezes tem seu nome invocado.
— Eu digo: não sou eu, é Deus. É uma forma de reconhecer que ele me deu o dom e o talento. Mas ele não entra em campo, está ali para todos — afirma.
A chegada de Roger, no final de maio, lhe permitir retomar o estilo de jogo que aprendeu na Ucrânia. Sob o comando do técnico espanhol Juande Ramos, passou a jogar em dois toques, dominando e tocando a bola, algo que o atual comandante também prioriza.
Também sobram elogios para a motivação que Roger dá aos jogadores, algo que Giuliano diz ser também uma marca de Tite. Enquanto trabalha para levar o time à Libertadores, o meia esboça projetos maiores. O principal, chegar à Seleção.
— É um sonho que tenho, sim. Foi por isso que voltei ao Brasil — diz.
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