Romildo relembra fotos com gosto (Foto: Eduardo Moura/Globoesporte.com)
Romildo Bolzan Júnior alcançou protagonismo nacional com propostas de alteração no futebol brasileiro, mão ativa na criação da Liga Sul-Minas-Rio e tentativas embrionárias de união de todos os clubes do Brasil. Poucos sabem, porém, que alguns ensinamentos que o presidente do Grêmio carrega vêm de tempos passados, quando ainda era apenas um “camisa 8”, que desfilava no time do clube Milionários, em Osório, cidade no litoral norte do Rio Grande do Sul. Além da experiência como jogador amador na adolescência, o mandatário gremista acumula histórias na bola como técnico vitorioso, comentarista "parcial" e criança que torcia por viagem ao Olímpico com um prêmio em mente: o picolé.
Ao GloboEsporte.com, na sala da presidência da Arena, em meio a reuniões e compromissos oficiais com integrantes de consulados e outros, Romildo se despiu em parte da liturgia do cargo de presidente do Grêmio e lembrou com carinho dos tempos em que viajava a Porto Alegre ainda criança para suas primeiras experiências no Velho Casarão. Também falou sobre seu modelo em campo, quando, na adolescência, era meio-campista goleador, da rotina inexistente como técnico com títulos em Osório e da época na qual, das cabines, precisava analisar o Tricolor em campo, o seu Tricolor, uma missão por vezes impossível para um apaixonado como ele. De todas, tirou seu aprendizado.
- Qual é a situação mais importante para mim? É o vestiário homogêneo, fechado, de relacionamento qualificado, de boa postura, de comprometimento, de respeito. De profissionalismo e confraternização ao mesmo tempo. Cumplicidade. É o principal pilar que leva um grupo às vitórias - analisou o presidente gremista.
PASSEIO NO OLÍMPICO
Apesar de aparecer na direção do Grêmio apenas em 2013, como vice-presidente, Romildo tem o futebol na veia. Não só isso, mas também o "gremismo". Sócio desde os três anos, conselheiro desde 90, o presidente carrega, assim como a política, a relação com o clube do pai, Romildo Bolzan. Mas a relação direta com o esporte vem da época de estudante, quando ainda era um camisa 8 vigoroso, inspirado em João Severiano, que atuou com as cores gremistas entre 1960 e 1972 e é um dos 10 maiores artilheiros da história do Grêmio, com 132 gols.
Era ele que levava o filho para um "passeio" em Porto Alegre, na década de 60, com direito a picolé e, se o atual dirigente desse sorte, um churrasquinho na volta para Osório, localizada a cerca de 100 km da capital gaúcha. O futebol está presente desde cedo na vida do dirigente, que foi associado com três anos. Quando o pai ingressou no Conselho Deliberativo, passou a viver mais próximo a realidade do clube com mais detalhes. Sua primeira presença direta na administração ocorreu em 2013, com a entrada no Conselho de Administração do ex-presidente Fábio Koff.
- Para mim, era um passeio, chegar a Porto Alegre e ao estádio, aquele ambiente cheio de gente e festejos. Era uma coisa fantástica. Mas eu tinha duas coisas relacionadas: chupar picolé no estádio. Estava esperando a hora que o pai compraria picolé para distribuir para todo mundo. E vibrava com a hora. Dependendo da hora, tinha um churrasquinho no caminho - sorriu o mandatário.
CAMISA 8 GOLEADOR
Ainda na infância, Romildo era integrante das equipes do Milionários, clube social de Osório. Era um dos jogadores do time que acabou campeão infantil das principais competições municipais e até regionais, segundo relato. Com a camisa 8 às costas, vivia o que hoje o meia Giuliano faz. Com a mesma dedicação, corria para marcar um lateral ou desarmar um meia e para chegar ao gol rival. Gaba-se de ser o vice-artilheiro daquela equipe, que o iniciou no jogo.
- Achava que eu deveria conceitualmente atacar e defender também. Acabei sendo vice-goleador do time. Tinha o nosso centroavante, que era goleador, de primeira linha, pena que não deu sequência. O número 8, que eu era, na época era o quarto jogador do ataque. Acabei vice-goleador de todos os campeonatos praticamente.
COMENTARISTA PARCIAL
Antes ainda de ser treinador, Romildo ainda teve mais uma experiência no mundo do futebol: na imprensa. Pela Rádio Osório, veículo local da cidade gaúcha, o atual presidente comentava e acompanhava jogos das competições regionais, mas também de Inter e Grêmio, se houvesse verba. Até uma partida da Seleção Romildo comentou, um amistoso contra a Alemanha, em 92, no Estádio Beira-Rio.
Os causos que chamam mais atenção envolvem, claro, o Grêmio. Em um deles, Romildo foi extremamente crítico ao analisar a perda de um título gaúcho para o maior rival. Antes com fama de parcial, justamente por todos conhecerem sua paixão, foi recebido por tapinhas nas costas. Havia, enfim, sido duro com os tricolores. A razão, porém, era outra:
- Fiz uma contestação muito forte ao planejamento do Grêmio e toda aquela formação e resultado de perda do campeonato. No mesmo dia, me falaram "agora fostes imparcial". Eu estava é louco da cara, muito brabo, porque estava indignado por perder o campeonato. Aconteceram ainda mais outras situações assim, comentamos Gre-Nal, final da Copa do Brasil que o Internacional foi campeão, Libertadores… - contou o presidente gremista.
PAPA-TÍTULOS NO LITORAL
No final dos anos 90, Romildo comandou o Grêmio Esportivo Polivalente, equipe de Osório, em nove competições. Segundo o mandatário, conquistou sete títulos e chegou em todas as finais, entre campeonatos regionais e municipais. Tem no currículo uma conquista do Serramar, em 1999, por exemplo, competição que envolve clubes amadores do litoral norte.
Na prática, pouco trabalhava. Era líder e organizador do vestiário. Não havia, claro, nenhum tipo de treino para o elenco. As intervenções de Romildo ocorriam apenas durante as partidas, com alguma orientação para retomar posicionamento. As equipes, basicamente, atuavam no 4-4-2 em losango. Os conceitos eram básicos: um volante mais posicionado, um atacante veloz com outro mais fincado entre os zagueiros, enquanto um lateral avança, o outro recua. E muita ocupação de espaço, ponto aprendido com Seu Eugênio, seu técnico quando atuava no Milionários.
Era comum, também o contato com jogadores em fim de carreira que atuavam no cenário amador. Alguns deles bastante famosos, como o centroavante Tefo, que jogou no Grêmio nos anos 90, e Marcelo Mabília, que também atuou no Tricolor e hoje é técnico da Tombense, entre outros.
- O futebol não sai do cara, e continuam jogando. Por um cachê razoável. E se enturmavam. No futebol amador sempre sai um churrasquinho, uma cervejinha, se cria uma amizade, uma convivência que acaba sendo importante. Isso dava o toque especial. Não se treinava. No dia do jogo, nos reuníamos e vamos lá, cada um sabe o que faz, guarda sua posição, organiza seu espaço. Ninguém precisa inventar nada aqui. E vamos para o jogo - lembrou Romildo.
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Ao GloboEsporte.com, na sala da presidência da Arena, em meio a reuniões e compromissos oficiais com integrantes de consulados e outros, Romildo se despiu em parte da liturgia do cargo de presidente do Grêmio e lembrou com carinho dos tempos em que viajava a Porto Alegre ainda criança para suas primeiras experiências no Velho Casarão. Também falou sobre seu modelo em campo, quando, na adolescência, era meio-campista goleador, da rotina inexistente como técnico com títulos em Osório e da época na qual, das cabines, precisava analisar o Tricolor em campo, o seu Tricolor, uma missão por vezes impossível para um apaixonado como ele. De todas, tirou seu aprendizado.
- Qual é a situação mais importante para mim? É o vestiário homogêneo, fechado, de relacionamento qualificado, de boa postura, de comprometimento, de respeito. De profissionalismo e confraternização ao mesmo tempo. Cumplicidade. É o principal pilar que leva um grupo às vitórias - analisou o presidente gremista.
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Apesar de aparecer na direção do Grêmio apenas em 2013, como vice-presidente, Romildo tem o futebol na veia. Não só isso, mas também o "gremismo". Sócio desde os três anos, conselheiro desde 90, o presidente carrega, assim como a política, a relação com o clube do pai, Romildo Bolzan. Mas a relação direta com o esporte vem da época de estudante, quando ainda era um camisa 8 vigoroso, inspirado em João Severiano, que atuou com as cores gremistas entre 1960 e 1972 e é um dos 10 maiores artilheiros da história do Grêmio, com 132 gols.
Era ele que levava o filho para um "passeio" em Porto Alegre, na década de 60, com direito a picolé e, se o atual dirigente desse sorte, um churrasquinho na volta para Osório, localizada a cerca de 100 km da capital gaúcha. O futebol está presente desde cedo na vida do dirigente, que foi associado com três anos. Quando o pai ingressou no Conselho Deliberativo, passou a viver mais próximo a realidade do clube com mais detalhes. Sua primeira presença direta na administração ocorreu em 2013, com a entrada no Conselho de Administração do ex-presidente Fábio Koff.
- Para mim, era um passeio, chegar a Porto Alegre e ao estádio, aquele ambiente cheio de gente e festejos. Era uma coisa fantástica. Mas eu tinha duas coisas relacionadas: chupar picolé no estádio. Estava esperando a hora que o pai compraria picolé para distribuir para todo mundo. E vibrava com a hora. Dependendo da hora, tinha um churrasquinho no caminho - sorriu o mandatário.
CAMISA 8 GOLEADOR
Ainda na infância, Romildo era integrante das equipes do Milionários, clube social de Osório. Era um dos jogadores do time que acabou campeão infantil das principais competições municipais e até regionais, segundo relato. Com a camisa 8 às costas, vivia o que hoje o meia Giuliano faz. Com a mesma dedicação, corria para marcar um lateral ou desarmar um meia e para chegar ao gol rival. Gaba-se de ser o vice-artilheiro daquela equipe, que o iniciou no jogo.
- Achava que eu deveria conceitualmente atacar e defender também. Acabei sendo vice-goleador do time. Tinha o nosso centroavante, que era goleador, de primeira linha, pena que não deu sequência. O número 8, que eu era, na época era o quarto jogador do ataque. Acabei vice-goleador de todos os campeonatos praticamente.
COMENTARISTA PARCIAL
Antes ainda de ser treinador, Romildo ainda teve mais uma experiência no mundo do futebol: na imprensa. Pela Rádio Osório, veículo local da cidade gaúcha, o atual presidente comentava e acompanhava jogos das competições regionais, mas também de Inter e Grêmio, se houvesse verba. Até uma partida da Seleção Romildo comentou, um amistoso contra a Alemanha, em 92, no Estádio Beira-Rio.
Os causos que chamam mais atenção envolvem, claro, o Grêmio. Em um deles, Romildo foi extremamente crítico ao analisar a perda de um título gaúcho para o maior rival. Antes com fama de parcial, justamente por todos conhecerem sua paixão, foi recebido por tapinhas nas costas. Havia, enfim, sido duro com os tricolores. A razão, porém, era outra:
- Fiz uma contestação muito forte ao planejamento do Grêmio e toda aquela formação e resultado de perda do campeonato. No mesmo dia, me falaram "agora fostes imparcial". Eu estava é louco da cara, muito brabo, porque estava indignado por perder o campeonato. Aconteceram ainda mais outras situações assim, comentamos Gre-Nal, final da Copa do Brasil que o Internacional foi campeão, Libertadores… - contou o presidente gremista.
PAPA-TÍTULOS NO LITORAL
No final dos anos 90, Romildo comandou o Grêmio Esportivo Polivalente, equipe de Osório, em nove competições. Segundo o mandatário, conquistou sete títulos e chegou em todas as finais, entre campeonatos regionais e municipais. Tem no currículo uma conquista do Serramar, em 1999, por exemplo, competição que envolve clubes amadores do litoral norte.
Na prática, pouco trabalhava. Era líder e organizador do vestiário. Não havia, claro, nenhum tipo de treino para o elenco. As intervenções de Romildo ocorriam apenas durante as partidas, com alguma orientação para retomar posicionamento. As equipes, basicamente, atuavam no 4-4-2 em losango. Os conceitos eram básicos: um volante mais posicionado, um atacante veloz com outro mais fincado entre os zagueiros, enquanto um lateral avança, o outro recua. E muita ocupação de espaço, ponto aprendido com Seu Eugênio, seu técnico quando atuava no Milionários.
Era comum, também o contato com jogadores em fim de carreira que atuavam no cenário amador. Alguns deles bastante famosos, como o centroavante Tefo, que jogou no Grêmio nos anos 90, e Marcelo Mabília, que também atuou no Tricolor e hoje é técnico da Tombense, entre outros.
- O futebol não sai do cara, e continuam jogando. Por um cachê razoável. E se enturmavam. No futebol amador sempre sai um churrasquinho, uma cervejinha, se cria uma amizade, uma convivência que acaba sendo importante. Isso dava o toque especial. Não se treinava. No dia do jogo, nos reuníamos e vamos lá, cada um sabe o que faz, guarda sua posição, organiza seu espaço. Ninguém precisa inventar nada aqui. E vamos para o jogo - lembrou Romildo.
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