Nesta data, há 32 anos, numa noite fria de quinta-feira, o Tricolor vencia por 2 a 1 o Peñarol, no Olímpico, e conquistava pela primeira vez a Copa Libertadores da América. Foi uma trajetória repleta de passagens dramáticas e emocionantes, escritas por personagens únicos, que hoje fazem parte da memória e das lembranças de quem viveu de perto aquele momento.
Nada aconteceu por acaso. Sob o comando do presidente Fábio Koff, o Clube planejou exatamente cada passo daquele ano de 1983. Como grande objetivo, a conquista do Mundial de Clubes do Japão, no final do ano. Para isso, obviamente, vencer a Libertadores se tornou obsessão. Aos poucos, o plantel comandado pelo jovem Valdir Espinosa foi sendo composto minuciosamente peça a peça, mesclando juventude e experiência. Após o insucesso da campanha de 1982 (primeira participação do Tricolor na competição), a direção viu na Libertadores de 83 a oportunidade, não só de reabilitação, mas de colocar o Clube de vez entre os maiores do Continente.
PRIMEIRA FASE:
Como vice-campeão do Campeonato Brasileiro de 1982, o Grêmio começou a primeira fase da Libertadores no Grupo 2, ao lado do Flamengo e de Bolivar e Blooming, campeão e vice da Bolívia. Ao contrário de hoje em dia, naquela época apenas o campeão do grupo obtinha a classificação pra fase seguinte. Portanto, qualquer tropeço na etapa inicial poderia ser fatal. A estreia foi contra o Flamengo, no Olímpico. Além da necessidade de começar bem a competição, o jogo reacendia a rivalidade entre as duas equipes que decidiram o Brasileirão no ano anterior, com vantagem para os cariocas. Baltazar abriu o placar para os visitantes e De León igualou em 1 a 1 na segunda etapa. O empate dentro de casa não foi considerado um resultado satisfatório obrigando o time a buscar recuperação nos jogos da Bolívia. O primeiro deles aconteceu contra o Blooming, em Santa Cruz de La Sierra, e o Tricolor venceu por 2 a 0, sem maiores dificuldades. O que a direção temia era, na verdade, a altitude de La Paz. Toda uma logística especial foi montada para este jogo começando pela alimentação dos atletas com a presença de uma nutricionista na delegação (uma novidade na época) e finalizando com a chegada no mesmo dia do jogo. Três dias depois de bater o Blooming, a delegação desembarcou em La Paz para vencer o Bolivar, de virada, por 2 a 1, com o histórico gol marcado pelo volante China. Os resultados do Flamengo em sua passagem pela Bolívia (empate com Blooming e derrota pro Bolivar) valorizaram ainda mais os triunfos do Tricolor fora de casa. Sendo assim, mais duas vitórias contra os bolivianos, no Olímpico, garantiriam a classificação gremista antecipadamente. Foi o que aconteceu: com o apoio da torcida, o Grêmio fez 2 a 0 no Blooming e 3 a 1 no Bolivar comemorando a vaga na semifinal. Na última rodada, apenas para cumprir tabela, goleada de 3 a 1 sobre o Flamengo, no Maracanã.
SEMIFINAIS:
Motivado pelo bom desempenho na fase de classificação, com a melhor campanha dentre os 20 clubes participantes, o Tricolor chegou à semifinal ficando no Grupo 1 ao lado de Estudiantes/ARG e América/COL. A estreia foi em casa, contra os argentinos: vitória de 2 a 1. Três dias depois, o Tricolor conheceu sua primeira e única derrota na competição ao perder de 1 a 0 para o América, em Cáli. A recuperação veio no jogo seguinte, novamente contra os colombianos, vitória de 2 a 1, no Olímpico. Neste jogo, brilhou a estrela de Mazarópi, que defendeu uma penalidade máxima no final da partida mantendo o time vivo na competição. O jogo seguinte entrou para história do Grêmio como “A Batalha de La Plata”, onde o Tricolor empatou com o Estudiantes pelo placar de 3 a 3 após sofrer todos os tipos de pressões e agressões fora e dentro de campo. O confronto foi um marco na trajetória do Clube em busca do título. A classificação para grande final veio após um empate sem gols do próprio Estudiantes com o América, em Cali. Uma partida onde o Grêmio trabalhou forte fora de campo utilizando a influência do presidente Fábio Koff e a amizade com o clube colombiano.
FINAL:
O adversário na decisão foi o grande Peñarol, do Uruguai, atual campeão mundial e que havia entrado na competição já na fase de semifinal. No primeiro jogo, no mítico estádio Centenário, empate em 1 a 1, com Tita fazendo o gol do Grêmio. O resultado foi muito comemorado, pois uma vitória no Olímpico, no jogo de volta, garantia o título ao Tricolor. Um novo empate levaria a decisão para uma partida extra, em Buenos Aires, campo neutro. No dia 28 de julho de 1983, o Tricolor entrou em campo para o jogo mais importante de sua história. Com o Olímpico lotado, o time de Espinosa venceu pelo placar de 2 a 1. Caio abriu o marcador no primeiro tempo. No segundo, Morena empatou para os uruguaios e Cesar, após cruzamento de Renato, fez o gol do título. O feito, inédito no Rio Grande do Sul, garantiu o Tricolor na decisão do Mundial, no Japão, culminando com a conquista do maior título da história do Clube até hoje. Desde então, o Grêmio passou a ser conhecido e respeitado como um dos granes times do planeta.
FICHA DA DECISÃO:
GRÊMIO 2 x 1 PEÑAROL
28/07/1983
Copa Libertadores da América
Estádio Olímpico
GRÊMIO:
Mazarópi; Paulo Roberto, Baidek, De León e Casemiro; China, Osvaldo e Tita; Renato, Caio (César) e Tarciso.
Técnico: Valdir Espinosa
PEÑAROL:
Fernandez; Montelongo, Olivera, Gutierrez e Diogo; Bossio, Salazar e Saralegui; Silva (Peirano), Morena e Ramos.
Técnico: Hugo Bagnulo
GOLS:
Caio (GRE – 10 do 1ºT)
Morena (PEN – 25 do 2ºT)
César (GRE – 32 do 2ºT)
ARBITRAGEM:
Édison Pérez (PER)
Enrique Labo e Carlos Montalvan (PER)
BANCO DE RESERVAS
Beto, Leandro José, Paulo César, César e Tonho.
Veja abaixo o jogo na íntegra.
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