Um convite para sonhar

Há muito tempo não assistia a uma disparidade técnica tão grande como a que vi ontem, entre Real Madrid e Al Jazira. Ao contrário de muitos que viram um jogo difícil para os espanhóis, penso de forma muito diferente. A equipe árabe é muito ruim, muito fraca tecnicamente e sem nenhuma força física.



O time espanhol jogou em ritmo de treino e, mesmo tendo saído atrás no placar, por um lance fortuito, teve pelo menos 10 oportunidades muito vivas de marcar. Os melhores em campo foram os dois goleiros do Al Jazira e, se as chances de gol tivessem sido aproveitadas, teria sido, como disse antes, 10 a 1 para o Real.

Tanto os árabes foram inofensivos que, a partir do seu segundo gol, o Real apenas trocou passes, na maioria das vezes em seu próprio campo defensivo. E tão batida, tão frágil era a equipe árabe que, mesmo precisando do empate, sequer foram marcar os espanhóis em seu campo, numa tentativa de igualaro jogo.

Será diferente

Por todos esses motivos, imagino que, na final de sábado, não vamos encontrar um Real Madrid sonolento, sem imprimir força e velocidade nas suas jogadas. Os dois gols saíram naturalmente, e como já disse deixaram de marcar mais uma dezena de outros.

Além dos dois goleiros árabes, quero destacar o atacante Romarinho pois sempre que pode utilizou-se de sua força e velocidade para tentar incomodar os espanhóis em contra-ataques. Uma única vez deu certo. E foi só.

O que devemos explorar

Agora, penso que, para o Grêmio, apesar da imensa superioridade do Real Madrid, podemos perceber uma situação negativa no time espanhol que pode muito bem ser explorada pelo Tricolor. Óbvio que o Grêmio tem de marcar muito, chegar junto, disputar cada lance como se fosse um prato de comida, obrigar, enfim, o time espanhol a correr, a se exaurir em campo, sob pena de não marcar seus gols. E a insistência da jogada aérea poderá ter uma excelente resposta da zaga gremista, já que Geromel e Kannemann são especialistas nisso.

Mas, voltando um pouco, penso que o Real Madrid concede espaços pelos lados do campo e, com muita velocidade, estes setores podem ser explorados e permitirem ao Tricolor causar algum perigo ao adversário. Para tanto, o jogo de ontem, em face desta característica que apontei, pode ajudar na escalação tricolor.

Questiono e dialogo com os amigos leitores: não seria o caso de Everton e Fernandinho serem escalados de início, abertos pelas pontas? Claro que isso levaria uma alteração no time, deixando o Grêmio sem um centroavante de referência. Nesse caso, Luan seria o falso nove e Ramiro retornaria para uma função no meio.

Não será nada fácil

Outra hipótese seria a equipe iniciar contra o Real da forma que terminou contra o Pachuca. Mas temo que seria muita ousadia e um enorme risco. De qualquer sorte, mesmo sendo um dos jogos mais difíceis que o Grêmio já tenha enfrentado na sua história, penso que, assistindo ao Real, podemos ter recebido um convite a sonhar.

Em outra época, no Mundial de 1995, enfrentamos o Ajax, uma verdadeira seleção holandesa. Raciocinando e avaliando com frieza após a partida, muitas vezes pensei, nos anos seguintes, que havíamos respeitado em demasia a equipe holandesa.

O jogo nos mostrou que poderíamos ter vencido, pois jogamos 60% da partida com um jogador a menos. E a nossa atuação foi tão boa que, na metade da segunda etapa, o técnico do Ajax retirou um atacante e colocou um volante. Mas aí já era tarde. Perdemos nas penalidades.

Por todas essas razões, reconhecendo no Real Madrid o maior campeão de todos os tempos, não custa que tenhamos um sonho agradável. Nossa equipe é muito boa, é brava e Renato deve ter estudado o Real Madrid, que com certeza não será o mesmo de ontem. Grêmio, sempre Grêmio!

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